segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Casulo


Vivo em um casulo escuro e apertado
Que rompo para voar
Me recolho quando devo sair
Saio quando tudo me diz para ficar
Dentro é a metamorfose do meu mundo
Fora os mundos que sem asas não consigo chegar
Dentro uma solidão acompanhada
Fora um murmurio solitário
Dentro tenho todo o tempo
Fora já não tenho tempo
Porque me escrevo pelo avesso
E só escrevo o que não consigo mostrar
E quando mostro, já não vale escrever
Amo o processo
Mesmo quando no processo não há amor
É difícil processar, o que faz que só reste: amor
E nessa loucura de caminhar com os loucos
Percebo a normalidade que há
Na profundidade insana
Na intensidade profana
Na subjetividade que afana
O Eu que dentro de mim não cabe
Que fora de mim não coube
E só nos meus sonhos caberá

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