sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Metades


Quantas vezes corri atrás de quem fugia
Escutei quem nada tinha a dizer
Me declarei para quem não queria ficar
Tentei chamar atenção de quem não me notava
Implorei por quem não se importava
Me doei a quem nada dava
Me anulei por quem era auto centrado
Me desvalorizei por quem nunca deu valor
Era uma metade buscando outra metade
Até que um dia despertei...
Corri atrás dos meus sonhos
Escutei a minha voz interior
Declarei amor pela vida
Valorizei o que sentia
Me doei a quem estava sempre ao lado
Dei atenção as coisas simples que importavam
Descobri pequenas surpresas diárias
Me respeitei e me achei
Quando inteiro busquei outro inteiro

Frase: Guarda-Chuva


Os diversos guarda-chuvas abertos colorem a rotina. Diferentes vidas sob eles, protegidas das frágeis gotas de chuva para as quais, todos são iguais.

Motel


Que mistérios cruzam suas portas?
Intimidades antes guardadas
Agora são reveladas
Um jovem casal de namorados que descobrem e iniciam
Marido e mulher que redescobrem e fantasiam
Amantes que preenchem lacunas internas
Excentricidades que buscam exterioridades ternas
Entre espelhos que multiplicam, chuveiros que lavam e uma cama grande à meia luz que segreda...
Ao sair, toda nudez lá dentro fica guardada e com ela todas as histórias imaginadas com liberdade.
Veste-se de realidade e vergonha, como a parreira serviu ao deixar o paraíso

Interseção


Consumia o seu desejo
Me embriagava de sua alma
Despia suas intenções
Me entregava as suas aspirações
Transpirava impressões
Que se derramavam em detalhes
Fundidos em uma arte
Que escrevemos em nossos corpos
Com a palavra amor

Redundâncias


Há quem ignore a ignorância
Há quem tenha gana de ganância
Há quem tolere a intolerância
Há quem seja feliz na infelicidade
Há quem creia em descrenças
Há até quem se iluda com a ilusão
Há egos egoístas

Mas sempre há...

Quem da paciência, encontre a paz
Quem da caridade, exercite o carisma
Quem diante de uma má ação, encontre forças para reação
Quem no desespero, espere
Enfim quem tem um limão, faça uma limonada

Mãos dadas


Dedos unidos e entrelaçados
Segredos divididos e laçados

No tato de pertencerem e sentir
Um fato que não querem omitir

Segurança que passeia
Esperança que anseia

Não mais se largarem
Por demais se desejarem

Compartilhando o duro cotidiano
Imaginando o futuro ano

Mas nada importa no momento
Apenas o amor comporta o pensamento

Assincronia


Quantos silêncios
Palavras não ditas

Mundos interiores contidos
Solidões em assincronia...

Liberdades aprisionadas
Prisões sem chave

Diferenças igualitárias
Igualdades tão diferentes

Proximidade distante
Distância tão próxima

Exposição invisível
Visível aparência

A escuta que não ouve
E ouve o que não escuta

Encontros desencontrados
Desencontros encontrados

Vidas quase mortas
E mortes que reavivam

Lembranças esquecidas
Esquecimento lembrado

Uma fé descrente
E a descrença que acredita

Sonhos não realizados
Realizações jamais sonhadas

Tentando a calmaria
Acalmando a tentativa

Buscando fora a sintonia
Que existe dentro de você