quinta-feira, 28 de junho de 2018

Títulos


“Intitular” sempre me pareceu “Titubear”
Afinal, quem usa na vida pessoal
um título ao lado do nome 
Parece sempre precisar provar
O que naturalmente é incapaz de afirmar
Para comover a opinião pública
Do personagem que acredita encenar
Rogando aplausos antecipados
Ao ego inflado
Por uma perfomance fiada
Piada!
Como a máscara de um palhaço
Que você ri do nariz vermelho
Antes mesmo de saber se é engraçado

LET(TER)



"Não sou bad, só boy
 As vezes sad, porque dói
 O mundo não é good
 God! Fiz o que pude
 Mesmo sem love
 Move me algo
 Soul assim
 Não body
 Vivo IN
 Fuck! Foque!
 Talk ou Toque
 Só não leave
 Please, fique!

Baixa Estima


Autoestima falha
Como folhas ao vento
Farfalha
Deixando ao relento
Do desencanto
Desabrigo da imagem
De quem se vê sem um canto
À margem de dores geladas
De sentir-se de lado
De desejar ser alado
E voar para longe de si

Cantada Barata


É panfletagem de rua
De quem distribui mil
Para ver se cola uma
É roteiro mal escrito
Cheio de clichês
São penetras
Sem peneiras
Politicagem
Sem polimento
Caras de pau
Sem cara
Só pau

Alzheimer



Dói quando as pessoas que amamos mudam de forma irreversível. Especialmente, quando estas mudanças são causadas pelo corpo. A doença nos rouba muitas vezes a espontaneidade e a naturalidade de alguém que nos acostumamos a ver com saúde. Embora o amor tenha a capacidade de preservar dentro de nós, aquele sorriso intocado e mesmo “esquecidos”, tudo dentro de nós é lembrança. E a lembrança tem a capacidade de reconstituir o que hoje está modificado e até mesmo fazer presente o que hoje se ausentou. Seja a casa em ruínas que um dia viu receber tantas festas à um parente com tanto vigor que hoje perde a sua plena capacidade. E se falta memória em um, cabe ao outro doar as suas! Assim quando crianças, nossos pais contavam histórias de coisas que não vivemos, nos fazendo imaginar e sonhar. Muitas vezes repetindo as mesmas histórias que gostávamos só para nos fazer felizes. Parentes também viram crianças com o tempo e cabe o mesmo amor e paciência de contarmos novas histórias ou mesmo relembrar o que esqueceram pelo caminho. E se esquecerem de novo? É a nossa vez de recontar a história e fazê-los felizes
Esquecimento não é morte e apesar de todos os males, vale lembrar da simples bênção de viver (do jeito que for).
Amor nunca se esquece, ainda que dê um branco em tudo ao redor. Se não lembrar o caminho? Segure a mão e leve de volta para casa, a casa do coração.

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Post 2050


Saudades do Facebook, ja não existe mais e a nova geração nem sabe mais o que foi isso.
Não acompanhou as inúmeras indiretas que as pessoas davam umas às outras disfarçadas de graça.
A política não mudou muito desde então, mas todos estavam errados. Veio direita, veio esquerda e nos ferramos dos dois lados. E pensar que quase teve uma guerra civil por ideologia.
As famosas “selfies” ficaram batidas. Os tempos são outros e o outro se tornou mais importante que a própria pessoa. Ainda que muitas vezes, seja só uma imagem. Desde que seja do outro, a própria está fora de moda.
Meus filhos não entendem porque adultos usavam cara de cachorrinho. As crianças hoje amadurecem rápido demais, o mundo não espera mais elas crescerem.
Fotos do passado se fundiram aos filmes e hoje tudo tem movimento. Nada mais é parado e você projeta no espaço. Não basta mais ver! É preciso estar dentro.
Ninguém mais mostra fotos de viagens ou comida, tudo é tão acessível que seria redundante exibir o que qualquer um tem acesso.
Aliás, foi naquela época que surgiu a compulsão por viagem. Ninguém imaginava que viraria uma doença. Pessoas se endividavam, ficavam exauridas só para postar um lugar lindo.
Para quem não sabe hoje: post era tipo um diário, sendo que todos sabiam da sua vida.
Outro grave problema que nasceu naquele tempo foi essa ânsia de veneração. Todos queriam ser seguidos e quando isso acabou, muitos entraram em crise existencial.
Não sabiam viver sem a admiração dos outros e hoje tentam encontrar o amor próprio em clínicas psiquiátricas.
Era engraçado que naquela época as pessoas fingissem ser outras ou se escondessem para praticar inúmeros abusos que hoje viraram crimes.
Hoje é impossível ser outra pessoa! Todos temos código de identificação desde o nascimento. Já nascemos conectados. A rede não é algo externo, agora é implantada dentro de nós.
O mundo mudou muito desde então. Se uma pessoa incomoda, você não mais a bloqueia em um aplicativo, você exclui seu número de identificação e ela, literalmente, deixa de existir na sua vida.
Perdem qualquer possibilidade de acesso um ao outro. E se arrepender? É uma burocracia para liberar o acesso...É preciso ajuda de advogado e abrir um processo na justiça.
Memórias podem ser acessadas e visualizadas. Não existe mais passado impreciso, o que solucionou a questão do Alzheimer. E o que você diz, pode ser usado contra você.
Então as pessoas pensam muito antes de falar.
Havia uma certa inocência na internet, que hoje já não há. O mundo amadureceu e entendeu que envolve muita responsabilidade,
até porque não há mais tela para esconder os usuários, tudo acontece em tempo real e presencial (mesmo que por holografia).
A medicina evoluiu muito. É estranho hoje pensar que as pessoas morriam tão novas e nem chegavam aos 100 anos, que hoje é o início da velhice.
Aliás, a morte é um pouco mais bem aceita, graças aos acessos à memória, é possível materializar lembranças de quem partiu, o que diminui muito a saudade.
Sim, havia vida em outros planetas. Não éramos os únicos no universo! Aliás há anos atrás nossa compreensão do universo era bem limitada e achávamos que a Terra era importante demais, mas era só um grão de poeira no espaço. As viagens espaciais se tornaram uma realidade.
A religião sofreu como tudo algumas mudanças, a ciência se integrou à elas, e tudo que não pôde ser comprovado caiu. Alguns dogmas eram falsos e algumas doutrinas tinham um vasto sistema de corrupção e que tentavam se alastrar pelo sistema financeiro e político em vários países. Logo que o escândalo veio à tona, muitos deixaram de acreditar.
Quem ainda acredita nessas são discriminados por ignorância e acabam marginalizados. Ainda há separações, mas tudo hoje é maquiado ou manipulado digitalmente.
Quisera poder ter lido tudo isso em uma postagem alguns anos antes e me preparado para um futuro que ninguém estava preparado.

sábado, 2 de junho de 2018

Estou com você, mas não estou



Relacionamento não assumido
É filme surrealista
Não dublado e sem legendas
que assiste até o (seu) fim
Acreditando que em algum momento
Entenderá a história
Sem cena de crédito
Não perceberá que acabou
Até que apareça bem grande:
FIM (no idioma que for)
É sumiço certo
Do "errado"(você) que esconde
Até que o melhor (que não é você) apareça
E então perceba
Que alguém que está ao lado
Quer que todos saibam
Se não quiser
Nunca esteve de fato

Literarte



Augustos anjos da redenção
KaFKA aqui em metamorfose
Enquanto a flor bela espanca 
Não é para qualquer Pessoa
Ter Machado Assis no pescoço
Sou surrealismo que não Khalo
Monetizando impressões
CAmus na estrada, sou estrangeiro
Falta um pouco de Sartre na vida
Insosso e BUKOWSlico
No amor platônico
Vivo SOcrates
VOLTAire logo! Aqui é seu lugar de Direito
Sem Eça de não Queiroz ficar
Senão...Bye Byron