terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Ansiedade



Ansiedade é como uma ex que fica lhe procurando
Você esquece dela, mas ela nunca de você
E tenta convencer que o melhor é voltar
Mesmo que só a proximidade lhe sufoque
Ansiedade é como a ameaça de demissão
Aquela tentativa de fazer tudo certo
Mesmo sentindo que ao redor
Tudo está errado
E que pode ser chamado a qualquer instante
Sem aviso prévio
Ansiedade é como uma área machucada
Você esquece da dor
Mas basta um esbarrão
Para lembrar que ela ainda está lá
Em algum lugar
Ansiedade é como se afogar no mar
Quanto mais se debater, mais perde o ar
E no fim, quando as forças se esvaem
Ela lhe devolve à terra
Ansiedade é um alcoolismo
Basta uma gota para que tudo recomece
E como vicio é preciso evitar aos primeiros sinais
Para não perder o controle
Mas se é possível bloquear a ex
Procurar um lugar melhor para trabalhar
Ficar no raso para não se afogar
E não dar o primeiro gole
Então a ansiedade também pode ser vencida
Só mais 24 horas

Recomeço



É a entrega desmedida
De se reencontrar
De se reencantar
Por detalhes antes perdidos

É um novo marco
Como um novo ano!
De quem só vivia partes
De um processo inteiro

É desapego
De quem criou raiz
É liberdade
De quem desaprendeu a voar
É ir e vir
De quem, por algum tempo, parou

Recomeço não é um novo começo
É só começo, que por si só, é novo
É o passo para frente
De quem andava de ré
É a fé de assumir a si mesmo
Que é chegada a hora
Chega de demora
Agora, vai ser feliz

Dor


As vezes, o silêncio dói
A ausência aperta
Por não estar perto
E se perto, parece distância
Por isso, a solidão dói
Quando a sombra abraça
O desejo de dormir
Só para calar o pensamento
Porque, a melancolia dói
Pela incompreensão
Da diferença em um mundo igual
De sentimentos que nele não cabem
As vezes, só dói
Sem motivos
Na ansia de explicar:
Porque dentro não está um bom lugar?

Sincericídio


É a verdade armada
Desprovida de empatia
Que se veste de sinceridade
Para ocultar o ego
É o abraço que camufla a faca
Que faz você chamar
Apunhalada de carinho
É a despreocupação
De quem coloca o peso do seu mundo
Nos ombros de alguém
Quem o tem
Acha que é virtude
Mesmo que seu rastro
Seja destruição
Quem o sofre
É órfão
Da falta de um abrigo
Ao relento da palavra

Um dia


Um dia, a vida acontece
E as lágrimas deixam um brilho
Como a poça após a chuva
Que reflete a nova manhã
Um dia, o sol nasce
A vontade renasce
E onde antes doía
Agora é motivação
Um dia, tudo muda
E a esperança exige seu lugar
Você existe onde era vazio
E o vazio insiste que deve seguir
Um dia, você agradece
Sobre as cinzas
Que o solo adubou
Os sonhos antes perdidos
Surgem nas flores que não esperou
Um dia, você aprende
Aquilo que nunca buscou
Enquanto a lição não entendia
Formou sua compreensão
Um dia, você se perdoa
Por tudo que não tentou
E os erros cometidos
São os acertos do que se tornou
Um dia, você aceita
Aquilo que sempre negou
E o não que escondia
Vira o sim da libertação
Um dia, tudo recomeça
Não importa como terminou
Se o destino lhe fez assim
No fim, você faz o seu destino

Desonestidade Emocional



Estranho aquele que oprimiu
Falar do passado com liberdade
Suspirar por valores que nunca deu
De um mundo colorido que nunca pintou

Fala em falta, mas nunca foi presente
Ou quando foi, era melhor ser falta
Fantasia de uma mente
De quem para outro foi realidade

Que prometeu a proteção
Mas dominou o ir e vir
Com receio do espelho
Revelar suas próprias faltas
Que hoje como vítima
(Do destino que escreveu)
Omitiu

Estranho hoje correr atrás
Quando tinha o presente nas mãos
E ficou parado até ser passado
Disfarçou de carinho
O que não passou de vontade

Lembrar do que não viveu
É sempre mais fácil
Do que viver com a intensidade
De quem não quer esquecer

E se esse é o caso
Que não suspire mais
E faça um favor
Como nunca antes fez
Passe reto!

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Rio da...


Inundação
Do apagão 
E do arrastão
Porque tanto ão??
Porque é terra do funk, mermão!
Do malandro com arma na mão
Do político sempre em um avião
Terra esquecida por Deus
De um Cristo de braços abertos, mas ateu
Do calor escaldante
De se lixar para o cadeirante
Tiroteio! Abaixa!
Diz o malandro: Perdeu!
É lindo de olhar
Melhor é se mandar
Não é lugar para amadores
Ainda que muitos ainda amem
É guerra civil
Mas relaxa, vão dizer que é um acaso vil
A bossa já não é nova
E o calçadão é de ambulante
Gostar é sinistro
(Não gostar também é)
Carioca não mergulha
Dá um tibum
Enquanto o taxista da voltas
Para não lhe levar em lugar nenhum
Rio de tantas belezas
Belezas que se perdeu
Não sobrou Tom e Vinicius
Clarice ou Drummond
Só Cabral e Garotinho
(Entre celas até que soltem)
Crivella e Pezão
Que não são traficantes
Mas tem apelidos de um
Enquanto você lia
Mais um PM foi assassinado
Um menino recebeu uma bala
E o bandido ri desalmado
E você arrumado...
Vai aonde?
Aqui a vida é sunga e ser malhado
Samba e sacanagem
Sacanagem com quem vive aqui
Há trabalhadores!
Desculpe hoje é Carnaval
Terá que ficar para amanhã
Depois do feriado
E se resolver se hospedar nas férias
Cuidado para na recepção não ser assaltado
Para turista é 10, o que no dia a dia é um
E você se queixando da sua cidade
Vem aqui para aprender!
Mas não traga nada, para não terem o que levar!
Só 10 reais para dar ao ladrão!

Encantamento


Todo encantamento é repetitivo
Calma! Deixa me repetir:
É preciso dizer de mil formas
a mesma coisa, porque uma só não basta
Aliás, nada basta quando se encanta
Nem mesmo a repetição
Uma inteligência viciada em só pensar no que quer
É como beber a água do mar para matar a sede
E que sede! Sede de beber a outra pessoa.
Mas ela não cabe em você...
Aliás nem o que sente cabe em você
Nestes momentos
Tudo quer sair
Você não consegue guardar
Aguardar? Menos ainda! Embora tudo seja mais! Demais!
Encantamento não sabe esperar! Nem ser comedido! Sua natureza é um exagero imediato.
Não pode ser pouco, porque pouco são as coisas comuns.
Encanto é como um canto
Fazendo recanto em alguém
A música que não para de pensar
Até que se contorça só para ter
Um instante de encanto
Entre ela e você!

Relações Tóxicas




São aquelas que você não vê
Como poluição que respira
É a fantasia de um ar limpo
Mas que envenena
Você abre os braços
Para um abraço que sufoca
Chama de carinho na pele
A navalha que dilacera
"Não há nada demais"
Quando tudo é
Demasiadamente abusivo
Abusa do bom senso e da boa fé
Mas é preciso ter fé em si mesmo(a)
Para que algo possa mudar
É preciso distância para tratar
Antes de ser tratado como qualquer
Antes de ser partido, parta!
É melhor sair inteiro
Do que ficar pela metade

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Porque "Arte sem Barreira"?


Porque não há barreira para a arte
Simples assim 
E se não for simples?
Ainda é arte
O corpo humano é complexo
E você o vive com simplicidade!
Porém há sim uma barreira...
Arte precisa tocar
Precisa tirar do lugar
E devolver uma pessoa melhor
Pelo menos na forma de olhar
E Olhe bem! Porque a arte acontece nos detalhes
Se você só vê o todo
Você perde as partes
E mesmo que você não goste do todo
Você sempre ganha em alguma parte
Sem mais aparte
Ame! Amor é a melhor arte
Porque é aquilo que sente
Que muda o mundo ao redor de você!


Relacionamento Fast-Food


É o retrato da modernidade
Aquilo que sacia um momento
Mas não nutre
Que é rápido de consumir
Mas deixa sequelas duradouras
Uma relação tóxica
Disfarçada de prazer
Que entope as artérias de seus sentimentos
Aumenta a (de)pressão 
Engorda de falsas expectativas
E que nunca parece com a foto promocional 
(Imagem meramente ilustrativa)
Não exige esforço
Mas cobra um preço alto
De quem espera matar a fome de amor
E morre de inanição emocional

Ferida


As vezes, a indiferença
É só um coração machucado

Injusto com quem chega
Mas defesa de quem
Não consegue mais se quebrar
Foram tantas partidas
Que se despede antes
Que alguém queira ficar
Visão distorcida
De um espelho trincado
Que reflete os cacos
Que não vê
Mas há encontros
Que colam
Todas as partes
Um no outro
E faz do outro 
Um novo Um

"Preoculpação"


Hoje, vi um erro de português
PreocuLpação
Primeiro, estranhei
Depois, vi uma certa beleza no erro
Aliás um duplo erro
Não só pela letra a mais
Mas pela causa 
Preocupação ocupa
Mas é muito pior 
Quando é carregada de cuLpa
Esquecer não é omissão
É abrir espaço para soluções
É deixar de ruminar um assunto
E de gestar um monstro:
A ansiedade
Esqueço o erro
Mas esqueça de se preocupar
E por favor, sem culpa
A gramática é fácil de arrumar
Mas o peso do que diz
Pode lhe tirar do rumo

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Diante da dor


Diante da dor
Só vemos os próprios pés
É difícil ver frente
Quando se olha para o chão
Asa machucada não voa
É túnel fechado
Poeira acumulada
Em quem tenta levantar
Não é falta de futuro
Mas excesso de presente
Não é negativismo
Mas estar diante de um não
De quem tudo que espera
É uma palavra que estenda uma mão

Carnavalha


Um bloco passa ao fundo
E ele arrasta uma multidão
Também me arrasto
Com toda minha multidão
Que trago
Trago o ar
E não respiro
Ouço a batucada fora
Mas não é mais alta
Que meu coração
Tanta gente lá
Onde aqui
É só solidão
Fantasias por todo lado
E eu desalmado
de personagens
Desamado
Lá é alas
Aqui alado
Tantos risos
Quando ainda
Procuro o meu
Entre bêbados
E eu embriagado
De emoções
O mundo samba
Meu mundo samba
Na purpurina que levanta
Minhas cinzas que caem ao chão
Até que os dois tempos se encontrem
Numa quarta
Que para eles termina
A vida que em mim começa

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Anestesia


Não é injetável
É inevitável 
Quando penetra o corpo
Pela dor
Que de tão contínua
Entorpece as emoções
A aceitação entra em torpor
?Porque negar
O que até então se afirma?
Deixa sangrar...
Já não dói
Ferida exposta
Se acostuma
É a alma nua
Despida da intenção
De lutar por uma causa
Perdida

Quando o amor chegar


Não use antigas feridas como escudo
Nem indiferença como arma
Não compare ou tente modelar
Receba como ele se dá
Você não escolhe a flor que vai colher
Antes de plantar
Ame!
Vivência é construção
Todo resto é hipótese e imaginação
Talvez não o reconheça de imediato
Mas de imediato?
Só a qualidade do tempo que puderem estar juntos
Lembre-se que ele é cúmplice das suas escolhas
Reciproco na sua doação
E companhia nos seus ideais
Se não está junto, que não esteja ao lado
Liberte-se e seja livre
Voar junto, não é bater asas amarrados
Mas seguirem na mesma direção
Que o abrace
E não solte
Porque se for amor
Nada o tirará dos seus braços
Nem se o mundo acabar

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

O pôr do sol ensina


Basta um momento para tudo se transformar
A beleza vive na simplicidade e no silêncio
Rotina não é igual, igual é a forma de olhar para ela
Mudança exige desapego
Encantamento acontece em um instante
A vida se doa sem distinção
Mas para receber é preciso estar aberto
Gratidão é a valorização do tempo
Não temos controle sobre nada
Sentir é aceitar
Dentro de cada um, há um fim e um começo. Todo dia é o momento de renascer.

Ciúmes


Ciúmes é escravidão
De quem sente e sufoca
Uma vida em uma gaiola
É desconfiança de si mesmo
No espelho do outro
É juiz condenatório
De uma causa sem defesa
Acusa para não recuar
Faz acuar
Proteção carrasca
De uma imaginação ferida
E que fere
É a posse que diminui o valor
Só para guardar do mundo
É o ladrão que teme ser roubado
É a farsa de uma dor
Embrulhada como amor

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Deixa ir


Deixa ir
O que machuca
Farpa que não sai
É dor permanente
Deixa ir
O que não acresce
Semente que não germina
É flor morta
Deixa ir
Os apegos
Correntes não são elos
Mas grilhões
Deixa ir
O que esconde o riso
Sem humor
Viver é uma séria anedota
Deixa ir
Sem pensar
Aquilo que preocupa
Ocupa e não fica
Deixa ir
A tristeza
Fonte limpa
É curso que flui
Deixa ir
Essa é a deixa
E se não for
Não espera
Vai...

Carinho


Carinho só é bom
Se for dos dois lados
Reciproco e desejado
Em verso e do avesso
Em um abraço
 apertado
Amassado
Em um suspiro fundo
De inspirar o mesmo ar
De quem escolhe ficar
Carinho não é pele
Mas arrepia
É sentido e nostalgia
Espera do outro se embriagar
Nos poros que se abrem
Nos sentidos que dilatam
Para nunca mais se separar
Carinho só é bom
Se for dos dois lados
O lado de fora que toca
E o lado de dentro que mora
(E que demore)