sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Frase- Mão


Frase - Paraíso


Frase - Voar


Correr atrás


É sempre estar atrás
Nunca na frente 
Porque quem gosta

Caminha ao lado
Devagar
Curte cada momento
Sem esforço 
Melhor, com esforço 
Esforço de querer estar perto
Sempre
(Mesmo quando não está)
Correr cansa
Descansa!
Quando se quer
Realmente
Até um pensamento une
O resto?
Deixa decorrer para trás
O que nasceu para se manter junto
Fica! 
Até parado

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Linhas da Mão


Vida e Morte


Viver é existir para um outro olhar.
É a impressão que causamos e todas as causas que nos impressionam.
É o sentimento que existe de olhos fechados e que não precisa de razão. Por vezes, a razão é morte.
Morte não é a célula que se desintegra, mas o esquecimento.
Morte não é a ausência no mundo, mas a falta de emoção.
O despertar de um sonho.
A vida é esse sonho. Só que dormimos em pé.
Vida e morte não são oposições. Mas parte uma da outra. E nessa luta por separar, morremos. A vida existe na união. Conexão entre tudo.
Morte não é consequência, como vida não é causa. Não vivemos por uma causa, somos a causa! Ainda que muitos morram dizendo que são consequência do que viveram.
Felizes dos que vivem morrendo de tanto rir por não se levarem a sério. Quem se leva muito a sério, já morreu. Aliás, morrer não é sério. É a maior brincadeira que a vida pode fazer.
Bagunçar as certezas e mudar o script. Tirar o protagonismo e banhar o sorriso com lágrimas até que as lágrimas sequem e só reste o sorriso.
A morte não é saudade da vida. Assim como a vida não é lembrança de morte.
Uma existe pela outra até que se fundam no Recomeço.

Talvez não mais falemos


Se você só fala quando eu falo
Talvez nunca mais falemos
Não porque eu não queira falar
Mas porque se só um fala
A fala perde para o medo
Se você só fala quando está triste
Talvez nunca mais falemos
Não quero ser lembrança nas lágrimas
Se não existo em seu sorriso
Se você só fala para me pedir algo
Talvez nunca mais falemos
Não é que não queira fazer
Faço com gosto
Desde que junto com o pedido
Venha: Fique!
Se você só fala para ser elogiado(a)
Talvez nunca mais falemos
Quem só ouve aplausos
Não escuta os sentimentos
Só o ego
Que fala por mim e por você
Se você só fala por indiretas
Talvez nunca mais falemos
Com tantas entrelinhas
Pode ser para mim? Pode..
Como pode não ser
Como posso saber
Em que linha caibo?
Se você só espera de mim
Talvez nunca mais falemos
Porque também espero de você
E quem espera
Nem sempre alcança
Ou melhor, alcança...
Só uma espera
Não quero que seja o fim
Talvez nunca mais falemos
Porque para terminar
Precisamos começar
E sem começo
Só resta, o fim

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Ao amor


Amo você! Mas você não sabe disso. Como poderia saber? Nem nos conhecemos ainda...A vida não nos apresentou, ainda assim, já mora em mim.
Sinto falta do abraço que não demos, dos beijos não partilhados, dos sonhos, juras, lágrimas e sorrisos que não dividimos.
Amo você, mesmo que não saiba que me ama, porque ainda não existo para você...
Até então, só nos encontramos na espera...
Talvez nem seja o seu ideal. Passe por várias experiências para descobrir que sou o que ninguém foi para você. Passamos por tantas buscas para descobrir, no fim, que o que queríamos era justamente o que não buscávamos.
Talvez já tenhamos passado um pelo outro sem nos notarmos. O destino é trapaceiro e nos cega até que nos julgue merecedores de enxergar.
Não a vejo, mas amo você, porque sempre existiu dentro de mim.
Amo você, mesmo que ainda não me ame. Como poderia amar o que não conhece? As coisas só importam quando são cativadas e cultivadas. Mas você importa para mim, sempre foi cultivada, ainda sem a conhecer. Não é preciso chover para reconhecer a importância da chuva.
Amo você e desejo ardentemente que esteja feliz onde estiver. Pois imaginar o seu sorriso, me faz feliz, especialmente quando não consigo rir.
Não dependemos um do outro, é verdade. Mas a vida depende de nós, da nossa história, que ainda não foi contada e só aguarda nós dois para escrevê-la.

O primeiro beijo


É o começo do que pode ser o fim...
Fim por ser a ânsia que seja o último!
Através de uma boca que só precisa da sua. 
Mas também pode ser fim, se não for um bom começo.
Quando aquilo que as bocas procuram, não está ali.
O primeiro beijo é atrapalhado por melhor que seja
São dois mundos estranhos em colisão
Que querem dar tudo de si
Sendo que só com o tempo o farão
Não é a entrega total que gostariam
Mas uma prova para que gostem de ficar
Também não é questão de corpo ou pele
É o paladar entre duas almas que se degustam
E tentam juntas achar, um no outro, o seu lugar

domingo, 10 de dezembro de 2017

Literatura Caviar


Desculpe se o que escrevo incomoda
Não é caviar, nem acadêmico
É linha marginal 
Repleta de erros banais e incultos
Imperfeita como quem escreve!
Não quero a Academia, mas algum pé sujo
Que eu beba todas as palavras, que o mundo não me deu
E sim, eu falo em primeira pessoa
Não tenho vergonha de ser tão pessoal
Uma impessoalidade de metáforas
É rica de paredes, mas sempre preferi as portas
Através delas, consigo passar...
Não é obra de arte, é a minha realidade
Que maquio de mim mesmo com todos os pontos no I
(alguns eu esqueço por nunca fazer revisão)
Não é crítica como pode parecer
Escreva como preferir
Com mesóclise ou concordância
Não ouso discordar!
Fico com o eclipse
Com a noite que em mim há
Que olha para a escuridão
E se basta numa estrela
Sem ponto final

Amor além da dor


Sorriso não é só belo quando é para beijar! Sorriso também é belo quando diz para amada em um leito que tudo vai melhorar. Estar ao lado, não é só estar perto (Ainda que alguns nem
Perto fiquem). Estar ao lado, é poder fechar os olhos e saber que quem ama, está ali: do lado de dentro! Amor que só ama no riso, nunca foi amor, talvez só riso! Sim, é uma palhaçada!
Porque quem quer pérolas sem mergulhar, não vale nem
o próprio ar! Gosta do adorno sem a busca! Gosta da esmeralda refinada, mas não quer lapidar!
Ah se soubessem o olhar que o amor dá.. de ver na cama quem ama e querer dar a própria vida, só para vê-la viver! Quem se dá em partes, nunca saberá o inteiro real do que é se dar! De sentir a alma imensa para fazer lar do corpo. E quanto mais se ama, mais se quer amar! Sem distância e com a certeza que de mãos dadas, não há impossível que juntos não possam enfrentar.

Simples Timidez



A timidez explicita em silêncios, aquilo que o olhar ousa revelar. 
Um rubor descarado que entrega a alma, que o corpo teima em esconder.
No seu tempo próprio em um desconforto impróprio, que faz o emocional sair do lugar.
Ciclos entre o acúmulo que dispara palavras e o imaginário vazio que emudece.
Separação em dois universos da vida que existe em um só.
Até que alguém veja sentido nas palavras de quem o mundo não conseguiu legendar.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Desejos Virtuais



Duas mentes em conexão 
Atração dos corpos online
Busca incessante da imaginação 
De toques que não se tocam
Mas dedilham a pele 
Em cada tecla que apertam
Apertam a ansia de se terem
Na tela que vira cama
Nas almas que se amam
Devoram devotos
Cada letra que escorre
E escorre...
Em um conto que juntos percorrem
Personagens de si mesmos
Degustam seus instintos
Ali entregues
Sem trégua da excitação 
Contorcidos pelo prazer
Entre bytes e perdições
Um wi-fi de dominação
Insaciáveis sinais
De cada nova mensagem não esperada
Até que em uma explosão surreal 
Um gozo real
Só sobrem os dois e mais nada

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Você ainda acredita no amor?



Talvez tivesse todos os motivos para dizer que "Não", se me baseasse unicamente em momentos ou expectativas! Mas como posso negar o motivo que me faz existir?
Porque o amor está além do que se espera até porque ele não espera nada, ele é! E não é só um momento, ele é mais do que o tempo.
E quando digo amor, não se restringe a duas pessoas...Mesmo sendo a primeira ideia que temos sobre isso.
Mas um amor que transcende e que se enraíza nos sentimentos e em tudo que o pensamento cria. Até porque para amar alguém é preciso antes amar simplesmente. Amar sem explicação, sem sentido ou significado.
Amar pela própria expansão que o amor representa. O amor nunca foi feito de metades. Ele é a doação de inteiros,
não de partes.Ele não é divisão, é multiplicação! Não subtrai, adiciona! E quanto mais doa, mais ama!
Deve ser estranho viver a descrença do amor. Acreditar que o único sentido da vida é se manter de pé até algum dia cair sem sentidos! Não quero ficar de pé, quero voar e só consigo fazer assim.
"Ah mas o amor dói"..Não é o amor que dói, é a ilusão e o ego, as crenças e os apegos! É dar a paixão, a nobreza de algo que a transcende!
O amor não difere, não julga e não estranha. Ele não normatiza e nem cria padrões porque está além da própria compreensão. Amor não é corpo, ainda que possa fazer arrepiar!
E se nada disso lhe fizer crer na existência do amor, respire! Mas respire fundo, porque o amor não é raso e como o ar, ele se dará de graça e sem que possa ver. E o ar que eu respiro é o mesmo para cada um. O amor existe para fazer que a mortalidade se reconheça como parte da divindade!

(I)Mundo




Fui ali e já volto, ver esse mundo maluco (ainda que o maluco seja eu)...
Que todos andam de pé, enquanto dou cambalhota...
E quando sentam, eu me levanto...
Um mundo envergonhado das suas emoções, que ri para esconder as lágrimas...
Orgulhoso de suas razões (mesmo sem razão alguma)
E que só aceita no outro um espelho
Em que empatia é só um ideal e afinidade é desafinada
Um mundo que corta a cabeça do outro para dizer que a sua continua no lugar
Que precisa viajar para todo lugar porque nunca está satisfeito com onde está ou que se fecha no quarto para não ver o mundo rodar, ainda que a mente não pare
Um mundo que corre sem apreciar a paisagem e desacelera só quando já não tem mais tempo
Que finge e simula a verdade
Porque acredita em mentiras
Um mundo de opiniões próprias e não contrariadas
De solidões que se abraçam enquanto os braços estão ocupados com outra coisa
Um mundo que não se importa com UM, porque são bilhões...Diferente do trilhão de estrelas que uma importa tanto quanto as demais..
Um mundo que exclui suas diferenças para parecer que é todo igual, ainda que os iguais gostem de dizer que são diferentes...
Fui ali, mas já voltei! Não sou eu que não caibo neste mundo. Esse mundo que não cabe em mim

Vergonha






Vergonha alheia

Quando se é alheio
Fica só vergonha
Não pelo que mostrei
E que aparente ser eu
Mas pelo que não mostrei 
E que não parece ser eu
Porque a minha melhor parte
Nunca coube em uma foto
Mas a vida nos desafia
Nos desfia, nos expôe
Não aceita comodismos
E escancara a intimidade
Para uma vez constrangido
Nada mais volte para o mesmo lugar

A maldição


Ter um coração pode ser uma maldição
Em um mundo que cérebro é Deus
Ainda assim, não existo por pensar
Existo por sentir
Dentro e fora de mim
O que na pele não consigo guardar
E a intensidade é uma marca em brasas
Que nos diferencia e nos acusa:
"Bruxaria! Ele é sensível! Queimem-no!"
Mas como podem queimar, aquilo que vive em chamas?
Com gelo, razão, a frieza da indiferença...
Que mata o sentimento para não precisar pensar nele
Para um mundo de sentimentos, as razões se desencontram
Simplesmente porque sentimento não tem razão
E para os racionais: isso é não ter um coração
Afinal o deles, pulsa na cabeça!
Enquanto o meu, pulsa a alma toda!

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Textos reeditados

O mistério dos vulcões (Fernando Paz)

Como um vulcão, silencioso e solitário
Misterioso e reservado
Aparente passividade
Oculta intensa atividade
Morada de deuses e demônios
Reduto de seres fictícios
Na fumaça que exala
A sensibilidade que revela
No intimo pulsa a vitalidade
Como do imo expulsa habilidades
Que fervilham a sua criação
Derrama a lava de sua ação
Poucos nele desbravam aventura
Onde alguns encontravam ventura
Na descoberta de sua intensidade
Logo aberta na privacidade
Há terror na sua erupção
Pelo clamor de tanta paixão
Cujo magma em lágrimas inunda
Fecunda o solo
Em nova rima
--------------------------------------------------------------

Amor imaginário (Fernando Paz)

Sentado na janela, estendo as mãos na direção da lua, imaginando que onde estiver, também erguerá as mãos a ela e nossos dedos, ainda anônimos, se encontrarão nos sonhos.
Nessa espera indeterminada que nos faz enfrentar os desafios, acreditando que tudo terminará em um abraço imortal.
Seu nome, seu rosto, suas atividades, seus medos e realizações, desconheço até o presente momento, no entanto, sinto seu carinho em cada brisa, seu calor em cada raio de sol e suas lágrimas em cada chuva. Na natureza encontro sua emoção.
Como crianças que colorem sua solidão com amigos imaginários, minha alma brinca com a imagem da nossa futura comunhão.
Percorro cada rosto, esperando que nossos olhos se encontrem na multidão e a minha multiplicidade se integre a sua individualidade, fazendo enfim de nossas duas notas, uma mesma canção.
Mesmo que essa carta não encontre destinatário, escrevo para que essas palavras não morram em mim e ainda que eu morra sem suas palavras, o amor sobreviva.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Evolução


Vivemos um momento de grande estranhamento social. Um momento que todas as diferenças estão na mesa e precisamos nos entender com elas. Há quem diga que passamos por um caos, mas toda grande transformação da humanidade foi precedida de turbulências.
De momentos obscuros como a Idade das Trevas Medievais e as Grandes Guerras Mundiais à períodos de transformação como a Renascença e o Iluminismo.
E a história nos ensina, que cada momento não apenas é cíclico, tendo um tempo de duração, mas também pendular, indo de um polo à outro até que encontre o equilíbrio. Desde uma moralidade repressora como as escuras passagens de uma Inquisição à uma libertinagem irrestrita como o movimento Hippie e sua resposta "paz e amor". A sociedade se transforma e se ajusta e isso passa por podas e conflitos até que ache o meio do caminho de não estar em um extremo. Os aparentes desencontros sempre arrumam a casa. Toda arrumação levanta poeira, reposiciona os móveis, joga fora o que não serve ou substitui e coloca tudo de cabeça para baixo antes de voltar com as coisas para o lugar. Pode chamar de bagunça o processo, mas é preciso para chegar a um resultado melhor! Tudo está se transformando o tempo todo e o fato de não vermos a obra acabada, não define o que ela é.

Prosa Mental



Tantas vezes conversei 
Sem que soubesse
Diálogos mentais inteiros
Com sua imagem emprestada
Talvez fosse carência
Ou só não querer...
...um espelho no pensamento
Achar inspiração no outro
Que não conheço
Para fugir da rotina já esperada
Uma corrupção da minha imaginação
Ou desejo de uma realidade?
Burlar o contato proibido
De uma intimidade que não existe
Minto, existe! Dentro de mim
Com toda intensidade
Talvez não seja nada disso
Mas o que importa?
Se não sei como é
É do jeito que sei
E o que sei?
É melhor com você!
(Do jeito que pode ser)

Carta à uma amiga


Quem é essa moça?
Que ri entre lágrimas
E para quem é sempre assim
Tudo ou nada
Que não sabe molhar os pés
Sem banhar o corpo
E não é de meia entrega
(as vezes, dando tudo que tem)
É a personificação da força
Não de luta (essa ela tem de sobra)
Mas de sensibilidade, intensidade e mulher
Mulher que não abandona a menina
Menina que envolve como mulher
Sua natureza é como o fogo
Aquece, forja e se não cuidar, queima...
Fogo que faz renascer
E das cinzas se reinventa...
Quem é essa moça?
Deixo para você descobrir
Afinal é preciso ir além da aparente concha
Se deseja a presente pérola
Só um aviso aos desavisados
Se não for para ficar
Não pare! Ela não foi feita para amadores..

Frase - Namastê!


sábado, 25 de novembro de 2017

Pertencer


Já pedi para ficar à quem queria partir
Tentei conversar com quem nunca quis dialogar
Fui escondido por quem eu assumi
E vi sumir, quem acabou de chegar

Fui acaso, sem destino
Fui caso em um desatino

Escrevi para quem nunca me leu
E fui lido por quem não entendeu
Já viajei por quem nunca fiz parte dos planos de viagem
Fui passagem, mas não passageiro

Já aceitei metades, imaginando inteiros
Até me apaixonei pelos dois
Fui platônico e virtual
Mas a desilusão foi real
E quando real
Não passou de fantasia

Fiquei só sozinho
Fiquei só acompanhado

Fui apontado por quem nunca me deu a mão
Julgado sem direito à defesa
Apertado por braços que não queriam estar
Enrolado por quem nunca se amarrou
Já abracei a almofada pela falta de um corpo
Já achei até que eu não tivesse corpo
Nessa ânsia frenética de pertencer
Pertenci a tudo, só não fui de mim mesmo

Inversão


Entendo quando alguém diz da beleza de estar só, parar um momento e olhar para dentro como se fosse meditação.
Mas sempre fiz o caminho inverso, sempre fui só e estive dentro, eventualmente olhando para fora.
E na vida, tudo precisa de equilíbrio. Precisamos do que nos falta, esvaziar os excessos, com o risco de nos afogarmos no que temos demais. Depois de tantos diálogos interiores, chega um dia, que precisamos sentar com alguém e falar sem parar (com o intervalo devido para ouvir), de ter uma companhia para partilhar e refletir sobre um mundo que desde cedo aprendemos a admirar e interpretar sozinhos. A meditação do introspectivo é a exteriorização.
E eis a beleza do mundo, as naturezas duais que de tão diferentes se assemelham como o Yin e Yang.
Se quem vive acelerado, por vezes, precisa fechar os olhos para o mundo parar. Quem vive em silêncio, precisa abrir os olhos para o mundo rodar. Precisamos do inverso de nós de vez em quando, para que os dois polos que nos habitam, encontrem a mesma direção.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Desinteresse



Desinteresse cansa...
Aquela conversa que só um procura
Aquela resposta que economiza sílabas
Aquela relação banalizada
A familiaridade que se perde
O silêncio estabelecido até o completo desaparecimento
A falta de uma conexão
Que transforma espontaneidade em esforço
Uma relação analógica em tempos digitais
Que um deleta, mas o outro fica na lixeira (sem a permanente exclusão)
A arte de dois estranhos que um dia foram conhecidos
E hoje não sobrou mais nada, senão convenção
Exclamação de ver, virou a interrogação de quem é
E o ponto final que define, virou a pausa de uma vírgula
Desinteresse torna qualquer interesse uma lacuna sem recuperação
Como um livro em uma estante
Parado e empoeirado,
Que a intenção de ler não passa da capa


Face:@artesembarreira

Felicidade


Tomar um sorvete em um dia quente
Mas em um dia frio também! É bom quebrar as convenções...
É ver um filme desnorteante que faça pensar, e porque não, um filme bobo e previsível para não pensar?
É um por do sol maravilhoso! Ver a chuva escorrendo no vidro da janela.
Andar de mãos dadas ou simplesmente apertar a mão quando cumprimenta.
É um abraço apertado com carinho ou um abraço formal de recepção (abraço sempre é bom)
É rir sem motivos ou rir de coisas que um dia, os motivos não foram tão bons.
Felicidade também é o choro emocionado, o tocar da sensibilidade...
É a família, a saudade (não confundir com nostalgia).
É a presença de um animal, é libertar o animal interior, que corre, que roda, que cai, que levanta...
É o beijo esperado, a notícia inesperada...
A descoberta de um novo lugar, do mundo de uma pessoa ou uma nova pessoa...
É ajudar quem precisa, melhor dizendo, o tempo que dedica a quem precisa...
É vencer os limites, os medos e se desafiar...
É especialmente se forçar a não ficar no mesmo lugar...
É esvaziar a mente com meditação, ocupa-la com algo que faça sentir útil.
É encontrar um amigo para conversar, é encontrar um amigo sem precisar falar nada...
Felicidade é namorar a vida sem motivos, com motivos,...
Não importa! Felicidade não se importa com o que é, porque ela é simplesmente!

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Bom senso


"Tudo é lícito, mas nem tudo me convém"
Começo esse texto com uma frase do grande apóstolo Paulo, ainda que não tenha nenhum cunho religioso. 
Falo de bom senso pela intolerância que vem se alastrando nas redes sociais.
Talvez antes, não fosse tão evidente. Bastava jogar o que não gostava para debaixo do tapete. No entanto, não há
mais tapete, as postagens estão explicitas na sua página e sem filtro. O que gosta e o que não gosta lado a lado.
E ainda que pudesse simplesmente ignorar, vivemos um momento, que todos precisam ter uma opinião absoluta, mesmo sendo pessoal. E mesmo quando é pessoal, alguém interpretará como absoluta.
E nisso não cabe argumentação, mas um confronto armado, insuflado de paixões. Como se questionar o que acredita,
questionasse a própria existência.
Se fulano gosta do partido ou time A e siclano do B, talvez a amizade acabe. O que são anos de amizade perto de uma ideologia?
Há quem dirá "Mas não quero uma pessoa assim perto de mim", o que é um direito. Ainda que amizade seja um dever. Uma responsabilidade sobre o sentimento algum dia cultivado. Tudo bem, exclui, bloqueia,... E ainda que diminua o que não gosta, não será capaz de evitar o que está em todo lugar.
A internet não apenas aproximou distâncias, mas colocou as diferenças para conviverem juntas. E nisso há um grande aprendizado e que não é compartilhado. Até porque poucos leem, muitos passam o olho e nisso a interpretação também é prejudicada. Todos querem falar, poucos ouvir (ou ler).
Não existe mais espaço privado, a vida se tornou pública.
E assim estamos precisando reaprender o diálogo, como quem é apresentado ao fogo. Não necessitamos mais criar a roda, mas precisamos fazer o mundo rodar.
E enquanto não entendermos que para rodar é preciso um caminho de respeito "livre", viveremos atropelando uns aos outros.

Ironias


A vida que não tive
Fantasio
A que tive 
Parece fantasia
O eu que não sou
Inventei
O que sou
Os outros inventaram
O amor que não vivi
Imaginei
O que vivi
Não era o que imaginei
Os amigos que não tive
Participam
Os que tenho
Não sei onde estão
As lágrimas que tive
Regaram o sorriso
Alguns sorrisos
Morreram em lágrimas
Entre tudo que pensei
Não pensei em tudo
As esperas nunca foram esperadas
Foram partidas quando deviam ser chegada
E quando chegaram, eu parti
Desencontros de uma ironia encontrada
Meme de uma vida eternizada
Que repete sem contexto
O contexto de uma repetição

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

A depressão


Dentro de depressão, há a palavra "Pressão". Vou além, a "depressão de um terreno" pode ser literalmente um abismo. Muitas vezes, a resposta que buscamos, está naquilo que
não perguntamos. Obcecados em uma solução enquadrada naquilo que já esperamos, ainda que as melhores soluções sejam inesperadas. Mas buscar o sentido das palavras, nos ajuda a entender o significado do que sentimos.
Pressão também faz parte da Opressão e neste estado, nos rebelamos contra o que estamos sendo até então. É como uma doença autoimune, que o corpo estranha o próprio corpo. Comumente, tentamos justificar no que vemos fora de nós, mas aquilo que vemos é reflexo da autoimagem que estamos tendo. E se dentro não está bom, fora também não está.
Depressão não é apenas estado de espirito, também é físico como o terreno. Nosso cérebro é associativo e uma ideia repetida inúmeras vezes, cria uma teia de raízes internas, que passa a agir quimicamente como uma dependência emocional. E nisso, sofremos. O sofrimento é um alerta que nos diz que saímos da estrada. Um termômetro interior que mede a saúde do espírito.
O espírito também adoece e não raro, a doença no corpo é uma autorreflexão interior.
A depressão é um casulo escuro e apertado, mas há luz exterior. Aliás há mais do que luz, há a possibilidade de novos vôos, desde que descubra que essa prisão também está modelando suas asas e com um pouco de esforço poderá descobrir um novo sentido de liberdade.
Uma liberdade que não se importa tanto com a condição do momento, mas especialmente, respeita à própria natureza. Respeita o talento possível, as limitações, as conquistas e mesmo as derrotas.
Porque tudo é crescimento e crescemos até parado, porque mais uma vez, a vida continua acontecendo, mesmo estando no mesmo lugar.
Dói e dará a impressão de estarmos sozinhos, porque ninguém poderá passar este processo por nós. Este convite é pessoal e intransferível. Aceitá-lo é o começo da cura.
Aceitar que o problema é sempre uma oportunidade que nos desafia a desfiar os nossos nós para novas costuras. É uma reciclagem dos velhos hábitos e das nossas expectativas sobre viver.
Podemos olhar para o abismo e não ver o fundo ou escolhermos escalar e percebermos que o céu está logo acima.
Sei que muitos dirão que falta a vontade e que toda motivação é cansaço. Natural que o corpo reaja assim à uma luta constante e para isso há paliativos: medicamentos, terapias, etc... Tudo isso removerá os sintomas, devolvendo a força perdida, mas a causa passa pelo autoconhecimento. E se conhecer é o único tratamento definitivo.
Em um mundo acelerado e de aparências, andar devagar e enxergar o que não pode ser visto pode parecer um movimento na contramão. Não viver esperando o final feliz, mas entender que a felicidade não está no fim, mas no caminho. E esse é o único caminho para a realidade.

Platônico


Há silêncios providenciais
Uma palavra e tudo seria perdição
Na ânsia descontrolada
De uma fantasia vivida
Do tremor da pele
Que uma ideia arrepia
Dos diálogos não ocorridos
Mas que tiraram o chão
Na doação do melhor
Pela imaginação que domina
Nos corpos laçados
Pelos sonhos não tocados
Nas bocas que nunca falaram
Uma dentro da outra
Dos olhos encontrados
Que nunca se viram
Ao suspiro da alma
Que o coração acelera
Tudo fora cala
Quando o íntimo grita
No querer impossível
Que transpira
Na música de um existir
Que só existe de um lado

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Faceando



Será que deveria só "curtir"? Mas curtir parece pouco expressivo, como uma constatação. Quantos "amei" são precisos para dizer a alguém que se importa? Será que um"ual" é mais explícito? Talvez um "triste" chamasse atenção por ser inesperado, mas ninguém é triste aqui. Uma "raiva", talvez? Porque não sei realmente o que sente com essas reações. É tudo auto sugestivo. Não é fácil condensar tudo em um clique, ainda assim, parece mais fácil que conversar...

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Novo dia


Esporadicamente a vida acontece no inesperado
Fazendo surpresa com o que esperou
Sempre perto do desanimo
Para devolver o fôlego até que falte o ar
Não é uma ilusão
Embora pareça
É a magia da renovação
Que ouvindo suas preces
Devolve a esperança
De que pelo menos hoje
É possível

Casulo


Vivo em um casulo escuro e apertado
Que rompo para voar
Me recolho quando devo sair
Saio quando tudo me diz para ficar
Dentro é a metamorfose do meu mundo
Fora os mundos que sem asas não consigo chegar
Dentro uma solidão acompanhada
Fora um murmurio solitário
Dentro tenho todo o tempo
Fora já não tenho tempo
Porque me escrevo pelo avesso
E só escrevo o que não consigo mostrar
E quando mostro, já não vale escrever
Amo o processo
Mesmo quando no processo não há amor
É difícil processar, o que faz que só reste: amor
E nessa loucura de caminhar com os loucos
Percebo a normalidade que há
Na profundidade insana
Na intensidade profana
Na subjetividade que afana
O Eu que dentro de mim não cabe
Que fora de mim não coube
E só nos meus sonhos caberá

Desconhecidos


Quantos conhecidos desconhecemos?
Um dia tão próximos em que tudo é cativante...
E em outro tão distantes que mesmo parecendo familiar, falta um sentido e conexão.
Se antes tudo se afinava, tudo agora é dissonante...
O que parecia claro, agora é incompreensão.
Tentamos agir com naturalidade, acreditando nos laços feitos, mas tudo é artificial e a espontaneidade se tornou movimento forçado em que ambos sorriem torcendo para acabar logo, como a estranha sensação de estar em um elevador com estranhos.
Sim, é isso: estranhos. Causa estranheza na fala, nos gestos, nos detalhes... tudo mudou e isso não seria ruim, se a mudança não significasse uma dissolução, que tenta manter um nó.
Realmente dá um nó na garganta, que tenta falar, mas não sabe o que falar, os idiomas mudaram.
Desconhecer é o caminho inverso da surpresa de descobrir... é quando a euforia dá lugar a ânsia de partir.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

O toque


É a gota que escorre na pele
Causando maremotos na alma

É a latência de uma espera
O descontrole pela proximidade

É a dilatação dos poros
Que abrem também a sensibilidade

É o pensamento que apesar de tanto
Não pensa em nada senão no outro

É a confiança de quem recebe
A destemperança do doador

É a poça d'água que afoga
Na sede incapaz de saciar

Para alguns pode não ser nada
Mas sem isso, é impossível nadar!

sábado, 4 de novembro de 2017

Há perdas


...Que levam embora o que nunca nos pertenceu
Outras que nos libertam de quem não queríamos ser
...Que parecem derrotas em deixar ir o que não foi feito para ficar
Outras transformação de quem se acha enquanto perdido
...Que levam parte de tudo que nos construiu
Outras abrem espaço para refazer a destruição do tempo
...Que separam as expectativas e a realidade
Outras são reencontros com o que esqueceu
No fim, não é o que tem nas mãos, mas o que faz com elas.

Elucubrações


Minha alma tanto pulsa
Que quando vejo: Impulso!
Já fiz, mesmo sem querer
Na verdade, queria, mas não era para fazer
Mas o que faço com o pulso?
Acelerado e inconstante?
Sei que o corpo não manda em mim
Mas eu também não mando nele
A intensidade dá tantos passos
Que quando vejo: Impasse!
A emoção não raciocina
E minha razão? É emocional
Não farei mais menção
Quer saber? Vou para outra dimensão

Hábito



Eu queria dizer que não é nada disso
Mas minha alma é errante
É errata do que eu queria ser
Sou passional
Paz ocasional
De um sobrenome
Tento morar
Mas me demoro
Oro no fim
Que tenta permanecer
Sem nunca estar
Dividido pela ida, pela vinda, pela vida
Eu queria não ser fantasia
Ter vocação além do impossível
Mas meu possível é passivo
Preciso sentir com todos os sentidos
Para dar algum sentido
Para o que não sei dizer
Por isso escrevo
Por isso crivo
Quase crise
Porque ainda que não viva para amar
Amo para viver

Tempo de Inocência


Havia um tempo de tanta inocência
Inocência que queria preservar
Que acreditava que o amor acontecia sem jogar
Que bastava um encontro e nada mais para eternizar um olhar
Acreditava que a vida era fácil e que só era preciso um sonho
Um piscar de olhos e pronto, tudo voltava para o lugar
Pensava que a dor era desvio de estrada e nunca a lição
Chorava para que as lagrimas rumassem para o sorriso e clamava para que elas fossem só redenção...
Perdão! Só percebi quando não eram mais rios na face e os arredores, oceano.
Preservava ainda algo da criança que se encantava mesmo sem entender o mundo, só para dizer que no fim, tudo se acertava. E na pior das hipóteses, criaria meu próprio mundo, pois achava que sozinho ele funcionava.
Não sei onde a perdi ou se me perdi com ela. Não sei se nesse universo ou nos tantos versos que desenhei...
Nosso encontro ainda existe mas não sei mais se é terra ou ar. A inocência me acena sagrada e eu a abraço profano.
Ela diz que tudo está certo e eu afirmo errando. Ela é o firmamento que eu olho enquanto escalo o abismo.
Porque o que quero dela, ela não pode e o que posso, ela não quer.
Mas ainda vive em mim aquela criança ou como adulto não cresci? Porque se em mim mora esperança de fato dela nunca me despedi.
Enquanto falava, percebi que as palavras não eram minhas, mas que não há tempo para inocência, ela sempre foi o tempo. Se eu a perder de fato, não foi por causa da vida, mas porque morri.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Descrença



É estranho quando nossa crença se torna a própria incredulidade. Suspirando esperança naquilo que não mais acredita. Não que seja a morte conceitual, mas ajuste de sobrevivência de quem não ousa esperar aquilo que no fundo espera. Preferindo negar à ter que perdoar a falência da afirmação. Como quem se deixa surpreender pelo que sempre soube e se não ocorrer, sem problemas, nunca esperou de fato.
É uma fé torta que tenta trapacear um jogo que acha perdido. Se adiantando em algumas casas para no caso de recuar, não ter problema algum estar no mesmo lugar.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Por amor



Embora por amor até possamos escalar o Himalaia para pegar uma flor no topo, revirar uma cidade atrás de algo que a pessoa quisesse muito, viajar para outro estado para encontrar quem se ama ou fazer coisas improváveis que nos levem a sair da rotina só para viver um sentimento maior....
Amar é muito mais que isso...E deveria ser mais simples também. Amar é a atenção cotidiana, o
cuidado como quem se dedica a uma flor, é saber valorizar o que cada um tem de melhor e auxiliar nas dificuldades para que juntos se tornem melhores. Amar não é prisão, nem corrente, é companheirismo de voar ao lado para a mesma direção. Não é imposição ou tentativa de modificar, embora por amor, muitas vezes mudemos. Amor também tem rotina, mas não pode deixar de surpreender. Porque ele é o inesperado e a mística de quem em um toque consegue nos fazer tremer.
Se alguém é incapaz de enfrentar as lágrimas, não vale estar ao lado nos sorrisos... porque o amor é o único sentimento capaz de fazer que um riacho vire mar.

@artesembarreira

Deixar ir


Tem dias que quero me deixar ir, nada aqui me prende.... não há ninguém me esperando voltar. Minha concha é pequena e já não consigo trocar. Escuto infinitamente o som do mar e de um silêncio, que teima comigo em não mudar.
Tem dias que quero me deixar ir para algum lugar que eu faça algum sentido. Não quero ser curiosidade passageira de quem de mim só leva uma ideia, mas me deixa na parede para que outra venha só olhar.
Tem dias que quero me deixar ir para nunca mais sentir... deixar esse corpo pesado que de tão concreto, nunca foi tocado... Corpo que me carrega com dificuldade. Nunca coube inteiro dentro dele.
Tem dias que quero me deixar ir... mas minha arte pode ficar, eu nunca fui ela, embora muitos só me viram assim.
Tem dias que quero me deixar ir até que indo eu perceba que não tenho nada mais para deixar...