quinta-feira, 28 de junho de 2018

Alzheimer



Dói quando as pessoas que amamos mudam de forma irreversível. Especialmente, quando estas mudanças são causadas pelo corpo. A doença nos rouba muitas vezes a espontaneidade e a naturalidade de alguém que nos acostumamos a ver com saúde. Embora o amor tenha a capacidade de preservar dentro de nós, aquele sorriso intocado e mesmo “esquecidos”, tudo dentro de nós é lembrança. E a lembrança tem a capacidade de reconstituir o que hoje está modificado e até mesmo fazer presente o que hoje se ausentou. Seja a casa em ruínas que um dia viu receber tantas festas à um parente com tanto vigor que hoje perde a sua plena capacidade. E se falta memória em um, cabe ao outro doar as suas! Assim quando crianças, nossos pais contavam histórias de coisas que não vivemos, nos fazendo imaginar e sonhar. Muitas vezes repetindo as mesmas histórias que gostávamos só para nos fazer felizes. Parentes também viram crianças com o tempo e cabe o mesmo amor e paciência de contarmos novas histórias ou mesmo relembrar o que esqueceram pelo caminho. E se esquecerem de novo? É a nossa vez de recontar a história e fazê-los felizes
Esquecimento não é morte e apesar de todos os males, vale lembrar da simples bênção de viver (do jeito que for).
Amor nunca se esquece, ainda que dê um branco em tudo ao redor. Se não lembrar o caminho? Segure a mão e leve de volta para casa, a casa do coração.

Um comentário:

  1. “Amor nunca se esquece, ainda que dê um branco em tudo ao redor. Se não lembrar o caminho? Segure a mão e leve de volta para casa, a casa do coração.”

    Quanta sensibilidade para tratar de um assunto tão delicado. Lindo demais!

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