quinta-feira, 6 de novembro de 2014

A razão das ondas



Na mitologia grega, Poseidon, o Deus dos Oceanos, justificava a turbulência ou a calmaria do mar, de acordo com suas emoções. A ciência,por sua vez, revelaria a ação dos ventos, que incidindo sobre a superfície da água, gera o movimento da mesma . E assim nessas múltiplas analises do perpétuo movimento, a psicologia assumiria tal elemento como simbolo das oscilações dos sentimentos.

Acostumados a contemplar as ondas,levando nossos pensamentos e trazendo a renovação de idéias, comumente, não observamos a nossa relação com o mar que habita nosso interior.

Talvez o surfe, seja uma metáfora perfeita para ensinar este equilíbrio emocional. O surfista ao se manter de pé, dentro da instabilidade de uma onda, tenta domar o inconstante e aceitar a permanente mutação. Aprendem a flexibilidade de nadar quando a maré abaixa e aproveitar as oportunidades únicas que surgem e logo se desfazem.

Ainda nas tormentas, a prática ensina nova lição. Quanto mais nos debatemos para sair, maior a imersão, menor o nosso controle, consequentemente afogamos e não vemos o momento com clareza. Já aqueles que ao serem tragados, preservam a serenidade de olhos fechados e se deixam levar, em alguns instantes de concentração, sem movimento, sentem o corpo emergir, repousar e encontrar novamente a segurança da terra firme. Enfim, livres da agitação.

Não racionalizemos tanto as situações, criando labirintos rígidos de pensamentos, pois uma tentativa de justificar saídas, muitas vezes promove a perda de nós mesmos. A natureza é sabia conselheira e como as ondas, sempre iniciam, terminam e recomeçam sucessivamente, mas nunca do mesmo jeito. Que a razão assim, seja fluída e transparente como as águas e sigam a orientação dos bons ventos da inspiração.



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