domingo, 28 de maio de 2017

Sentido de escrever


Não escrevo para transformar o mundo
Escrevo sobre o mundo que me transforma
Não escrevo para ser lido
Escreverei mesmo sem o ser
Minhas linhas são companhias
Quando companhias estão fora de linha
As palavras não cabem em mim
Mesmo que eu não caiba nas palavras
Escrevo o que não falo
Falo o que não escrevo
Minha poesia me dá a mão
Quando a mão carece de poesia
Me oferta um novo olhar
Para um olhar barato em oferta
Ela me salva de mim
Do eu que não pode ser salvo
Porque ela é a morte
Que faz renascer
Ela é a tristeza
Que precede o sorriso
Ela é juiz
Sem sentença
Ela é afeto
Para quem se deixa afetar
É passo para quem não tem medo
E medo para quem não quer dar um passo
É a entrega, uma trégua
Que rega o melhor
No melhor que podemos regar

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