terça-feira, 2 de junho de 2015

O mundo sem rima dos adultos


"Os cabelos, agora, rareiam
Onde tinha agora falta

Marcas involuntárias e estranhas
Se tornam permanentes "tatuagens"

No espelho vive um estranho
Cuja convivência é imposta

Os remédios antes tão raros
Eclodem de todo lugar

A disposição de dominar o mundo
Se contenta com o silêncio do quarto dos fundos

As novidades já não são tão novas
E as  histórias se repetem

As adversidades são vistas com a cautela
Que adolescentes não queriam acreditar

Nada mais parece definitivo
Tudo é transitório

A vida se torna tão séria
Que só se ri nos intervalos

O impossível não mais cabe no possível
E a percepção se torna melhor do que a visão

O tempo tão lento, voa
E os passos antes tão rápidos, desaceleram

Aquilo que se deixa para amanhã
Será redescoberto no próximo ano

Aquele desconforto apontado na educação dos pais
Agora são vividos nas cobranças dos filhos

O que antes se esquecia com facilidade
Agora é lembrado com saudade

As tristezas passadas se tornaram piadas
Algumas piadas não tem mais graça

Mas diante de uma criança
O adulto se redescobre e com(o) ela brinca

Esquece o trabalho, as cobranças e as culpas
E simplesmente sonha

Voltando a ser
Aquilo que perdeu ou não viu passar"