quarta-feira, 15 de março de 2017

Nostalgia


A nostalgia é uma brisa que invade a mente, removendo os lençóis da memória.
É a lembrança revisitada, que restaura as cores, hoje perdidas, no tecido desbotado e embolorado.
É o perfume que reconstrói um lugar, reposiciona os móveis, materializa objetos descartados e aproxima pessoas, há muito, distantes.
É quando o presente redescobre o passado, emprestando à ele suas próprias tintas, fazendo assim uma releitura dos fatos.
Nada é preciso, mas há uma magia na imprecisão. Há um direito de autoria outorgado apenas a quem viveu a história. (Ainda que nos apropriemos de muitas, uma vez que as ouvimos e queremos levar adiante)
Nostalgia não é saudade, ainda que caminhe de mãos dadas com ela. É a viagem, o processo, a reconstituição de uma parte que existe, embora silenciada em nós.
Mas é indomável, não aceita nossas vontades e nos leva a encarar as mudanças. Tudo mudou, ainda quando as coisas permanecem no mesmo lugar
A casa não era tão grande, nossos corpos eram pequenos diante dela. As proporções mudaram, mas o sentimento não. Aquele cheiro ou gosto não era o melhor do mundo, mas a vida ainda não tinha nos apresentado nenhum melhor. E o futuro era distante demais para imaginar tudo que cada instante se transformaria.
A nostalgia são as raízes, o ninho e o ventre. É o canto dentro de nós conhecido e que nos dá segurança.
O retorno necessário para ajustar os parâmetros e seguir adiante!

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