terça-feira, 11 de junho de 2019

Dia nublado


As vezes, o coração aperta e você não sabe o porquê. Tenta ser forte, achar uma explicação, mas talvez só precisasse de uma mão para evitar a queda lenta que se anuncia. A ansiedade ocupa os espaços vazios e quando percebe, já não cabe no corpo e você transborda pelos olhos. Chora igual a uma criança, mas diferente de uma, as coisas não passam mais tão rápido. Não é um joelho ralado, agora é o coração. E já não há mais quem assopre. Arde e é preciso lidar com a dor. Você se encolhe para tentar conter o que cresce dentro. Ninguém parece ver e você já não enxerga direito, o temporal dos olhos fez neblina na vista. E nessa luta para se abrigar, você está todo molhado e sente frio, só esperando que o dia passe e o sol se apresente para lhe aquecer. Desfazendo as sombras, desenhando um arco-íris, levando cor onde tudo se acinzentou. Dos rios que pelo rosto escorreu sobrarem apenas pequenas poças de quem sobreviveu ao trovejar do caos interior. E enfim, abrir os braços, respirar fundo e mais uma vez, recomeçar.

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