quinta-feira, 30 de abril de 2015

Barreiras de Passagem



Não há fortaleza nenhuma que seja tão impenetrável quanto o corpo humano.
Ainda que composto de células e tecidos frágeis, nenhuma dissecação é capaz de revelar o ser que o habita. A placidez com que transita, por vezes esconde marcas profundas, histórias, amores vividos, sonhos perdidos,...
Tudo que vislumbramos é uma parte ínfima, como a ponta de um iceberg, traduzido em gestos, jeitos, manias e comportamentos...
Se é difícil abrirmos nossa própria caixa de Pandora e enfrentar o vasto universo interior..
Como atravessar as defesas, muros e aparências que protegem o mundo alheio?
Trafegamos nas ruas, comumente indiferentes uns aos outros. Evitamos participar do que não guarda relação direta com a nossa vida, assim como, na antiguidade, julgaram que o Universo existia para contemplação da Terra.
Milhares de pessoas cruzando umas pelas outras e não observamos sequer um mero detalhe de alguém? Se nos cegamos voluntariamente para o mundo, como esperamos enxergar com clareza o nosso próprio quebra-cabeça de escolhas e decisões?
Se relacionar é mais do que criar laços. É atentar-se para o que cada pessoa representa e reflete em nossa intimidade. Tanto que podemos conviver diariamente com alguém, sem mesmo notar qualquer peculiaridade que o constitui.
Somos muitos em um e um em muitos. E nesse exercício diário de conhecer, vamos nos reconhecendo. A forma como nos manifestamos, demonstra exatamente como estamos.
Percebemos e somos percebidos, eis a chave mestra que liberta a alma. Uma vez aberta, apresenta o essencial.