quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Aquele beijo


Faltou tão pouco para as nossas bocas se encontrarem. O beijo que poderia ter mudado nossas vidas. Não seria apenas um encontro de peles, mas de certezas. Nem de línguas, mas de laços. Não seria gaiola, mas asas. Ainda que sem ele, tenha a visto voar, para longe.
Teria sido um beijo de tirar o fôlego e mesmo assim, ainda perco o ar. Mas o destino trapaceiro, não permitiu que nos enxergássemos. Passamos um pelo outro como dois sonâmbulos e só faltou aquele beijo para nosso despertar. Ainda dormimos. E eu, ainda sonho com o beijo que não dei. Me foi roubado o direito de me perder em você, e assim, sigo perdido na vida. Até tentei encontrar outro beijo, mas não era o seu. Na verdade, nem era o meu, porque o guardei para você, mais ninguém. Hoje, beijo o ar. Me correspondo através dos ventos, mensageiros que tem o privilégio de tocá-la. Minha carta é silêncio. Fecho minha boca, esperando a sua para abri-la. E então, só assim, parar a rotação do mundo e perder a gravidade no nosso beijo.

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