sábado, 25 de julho de 2015

O primeiro amor


Lá estavam eles, um casal de adolescentes dentro do vagão, alheios a tudo e a todos, só viam um ao outro. Ela com a cabeça recostada em seu ombro e ele com as mãos entrelaçadas as dela. 
Um amor entregue e inteiro. Ainda puro e desarmado, sem máculas e feridas. Uma relação que não leva o peso de um passado, sem separações anteriores, despedidas ou partidas. 
O primeiro que anseia ser o último. Um momento em que só existe a intensidade do presente, não se pensa nos poréns ou obstáculos que a vida por ventura irá criar: as noites em claro de faculdade, os dias enclausurados em um estágio e as mil pessoas com as quais ainda vão se deparar...tudo ainda parece tão distante...
A descoberta iniciada juntos que ainda carrega a inocência de se deixar surpreender e ser surpreendido. A disposição de lutar a qualquer custo para assegurar o direito de perderem sua identidade um no outro..De fugir quando contrariados..De soerguer quando confrontados e terminar tudo em um beijo...
A razão de não ter razão! De chorar todas as lágrimas e rir todos os risos, sem ponderar méritos ou medidas. A felicidade da primeira realização em vencer a infância e a fantasia e tocar pela primeira vez a realidade.
E apesar disso, ainda viverem um sonho sem fim desde que estejam juntos.
Assim estavam e assim ficaram, só levantando quando enfim chegaram a estação destino, mas sem em nenhum momento soltarem as mãos.