sexta-feira, 7 de abril de 2017

Forasteiro


Sou estrangeiro em um planeta estranho
De palavras que não falam nada, mas me esforço para entender.
De multidões solitárias e solidões solidárias. Também me sinto só, mas não sou daqui.
Falo à ouvidos que não escutam, ainda que tente mímicas, desenhos e sinais.
Trago minha mochila dentro do peito
Ando sem rumo, porque busco todas as direções
Nunca precisei de muito, porque no fim da estrada não levarei nada. Mas vejo grandes malas cheias por todo lado, ainda que vazias.
Não entendo os hábitos locais
Como conhecidos que não se procuram (Talvez porque ninguém procure o que já achou)
De pessoas de passagem, passando corridas sem ver o caminho que trafegam.
Viajantes do mundo, mas que nunca viajam dentro de si.
De corpos lapidados, mas almas brutas. Sempre achei que o corpo fosse transporte, mas aqui é ele que dirige.
Vejo olhos vidrados que não veem. Achava que só os cegos não enxergavam.
Não sou daqui, mesmo tentando ser
Minha natureza nega e logo me entrego
No idioma incompreensível que falo
Na sensibilidade exagerada e atos extravagantes
Tento esconder, vestir as roupas do povo
Disfarce, que ninguém crê: "aquele é turista"...
É sou turista de um lugar distante, que de tão pequeno, não cabe aqui.

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