quinta-feira, 6 de abril de 2017

Um conto sensorial



O dia estava chuvoso. Uma gota escorria pela folha. O ar frio embaçava as janelas e um tímido raio de sol, atravessava as espessas nuvens. A terra umedecida e ele ali com os cotovelos apoiados no peitoril da janela de madeira, assistindo o tempo passar. Repentinamente, foi abraçado pelas costas e sentiu o rosto dela apoiar sobre seu ombro.
O perfume dela era inebriante. Havia acabado de sair do banho, trazendo com ela um ligeiro frescor. Beijou o pescoço dele e o arrepiou, o coração e a pulsação de ambos aceleraram e ele se desvirou a abraçando carinhosamente.
Os rostos colaram e deslizaram um pelo outro, fazendo carícias com a face. Sem perceber, dançavam sem música, movimentos lentos, apenas ritmados pelo ranger das antigas tábuas corridas da casa. Olhos fechados e com as bocas próximas, sentiam a respiração um do outro, no entanto, sem tocá-las. Os braços dela envolviam a cintura dele e a mão dele deslizava pela nuca dela, adentrando os cabelos, que escorriam pelas suas mãos. Os toques eram lentos, mas intensos, e naquele instante, não existia nada além dos dois. Olharam nos olhos um do outro, vendo a si mesmos refletidos. Ele sussurrou baixinho que a amava e
rindo a rodou no ar. Suas bocas enfim se encontraram, imantadas e magnetizadas. Uma procura ansiosa e interminável. Pareciam querer devorar um ao outro, quando na verdade, esperavam absorver ali suas almas. Ele colocou a mão sobre a barriga dela, sentindo a vibração do filho que esperavam. Entrelaçaram as mãos, sem que nenhum espaço ficasse entre elas e daquele instante em diante, retomaram o olhar para paisagem, idealizando o futuro que teriam juntos.Por um instante, se sentiram no paraíso.

Um comentário:

  1. Acho que não sou capaz de expressar em palavras (não tenho o dom mesmo haha) o quanto eu amo esse conto! Eu sempre volto, releio e me emociono como se fosse a primeira vez.

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