sábado, 15 de abril de 2017

O banho


Brigaram naquela noite. Ele deitou chateado e ela resolveu tomar um banho para deixar que todos os problemas escorressem pelo ralo.
Enquanto ela encostava a cabeça na parede, sentindo a água descendo pela pele, ele pensava como podiam ter chegado àquele ponto.
Resolveu deixar na cama o orgulho ferido e entregar-se a sua mais bela parte, o amor. Despiu-se e entrou no box, abraçando-a pelas costas. Ela esqueceu de tudo e se sentiu segura em seus braços. Sentiu as mãos firmes dele deslizarem pelo seu corpo, enquanto arrepiou entregue. Ela esboçou falar alguma coisa, mas ele levemente tocou sua boca com o dedo a silenciando e a beijou na nuca.
Tudo que ela conseguiu foi um suspiro abafado pela queda d'água. Toda a intensidade desperdiçada anteriormente neste momento se canalizou em um entrelaçar voluptuoso. Ele ergueu as mãos dela, prendendo-as contra o blindex e mordeu levemente o queixo, antes que suas bocas magneticamente se procurassem. O vapor condensado ambientava os dois na ânsia que transpirava desejo e reconquista.
Ensaboaram um ao outro, como quem esculpisse a mais fina das obras. Tateavam cada detalhe na cegueira de uma paixão que consumia seus sentidos.
Assim se amaram e lavaram suas almas até que só restasse o êxtase. Não lembravam mais nada que houvesse ocorrido antes, tudo havia se esvaído, só restando os dois, um no outro.

3 comentários:

  1. Os detalhes fazem com que o leitor mergulhe na cena. Quase dá pra ouvir o suspiro abafado dela...
    O autor ao que parece vive o que escreve e escreve o que vive tamanho é o reslismo do conto.

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  2. Sou apaixonada por esse também! A sua escrita me transporta… Sempre me pego viajando entre os dois mundos.

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