segunda-feira, 19 de junho de 2017

O artista


O artista pode ser tímido
Mas sua arte é despudorada
Ele veste o corpo
Mas desnuda a alma
Ele disfarça as emoções
Com a intensidade que emociona
Empresta sua sensibilidade
Aos milhares que habitam o seu ser
Ele pode não ser tocado
Mas o que faz, deve tocar
Tirar do lugar comum
Que o costume faz estar
Um estranhamento
Que desnorteia ao êxtase
De se perder no mundo
À descobrir o mundo perdido
Não cabe o morno na arte
Porque assim já é o cotidiano
Arte é a entrega
Que dá, mesmo sem receber
Que confia, mesmo sem gratidão
Que se importa, mesmo sem entendimento
Até que as cortinas se fechem
As luzes se apaguem
O grafite deslize
E um ponto se faça
A corda vibre
E o som se dissipe
E a arte viva, mesmo sem o artista

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