segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Redação

 


“Quem perde dinheiro, perde um pouco
Quem perde amigos, perde muito
Quem perde a fé, perde tudo”
Lembro como se fosse hoje, que esse foi o tema da redação, quando eu fiz vestibular. Estranhamente, foi um tema que me senti muito à vontade escrevendo, sem aquele sofrimento típico de provas e obtive um bom resultado, o que me motivou a escrever mais desde então. Adoraria saber hoje, mais de 15 anos depois, o que pensava a respeito, mas o fato, que recebemos aquilo que precisamos e essa frase foi uma das que me seguiu por todo o percurso até aqui. Não apenas por ter feito parte de um momento de transição importante, mas pelo sentido da mesma. Até porque 15 anos depois, é inevitável que já tenha passado pelos 3 estágios.
Já perdi dinheiro, já fui roubado, já perdi emprego, já passei apertos, mas sempre corri atrás. Perder dinheiro é pouco, porque só depende da nossa capacidade de nos reinventar, de buscar e mesmo que tenha alguma baixa é sempre temporária. Coisas materiais são recuperáveis. Como diriam as avós: “os anéis vão, mas os dedos ficam”. E se os dedos ficam, trabalhe.
Já perdi amigos, que se afastaram por motivos diversos. Se perde muito, porque quando uma pessoa parte seja por escolha de caminhos ou por morte, leva consigo uma parte de nós. Uma voz, que se acostumou a ouvir, de repente, se cala. (Ainda que continue falando dentro de nós). Levam uma parte de nossas lembranças, de nossas emoções e significados, que só tinham sentido com a convivência.
A distância presencial deixa uma lacuna que não pode mais ser preenchida. Ainda que novas pessoas surjam e tragam consigo novos aprendizados, nunca nos esquecemos daqueles que em algum momento, mesmo breve, mudaram a nossa direção.
“Quem perde a fé, perde tudo.” Porque fé não é religião. Fé é o nosso conjunto de crenças pessoais. Desde o amor próprio (fé em si) à confiança (fé no outro). Na fé estão nossos valores, nossa conduta e muitas vezes, nossa história. Por isso, muitas pessoas misturam a religião com a própria identidade, tomando uma parte pelo todo, ainda que sejamos a união de todas as partes. Porque fé é a transcendência de existir.
Perder a fé é perder a si mesmo. Logo, não sobra nada.
Não precisamos perder para dar importância. Mas diante da perda ficamos com a lição aprendida de valorizarmos a estrada que percorremos e optarmos sempre por um novo caminho.

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