quarta-feira, 18 de novembro de 2015

O amor e o Ser


Quisera em tempos de medo falar sobre o amor suscitando que
recordássemos este ponto para o qual todas as estradas da vida
convergem. Recordei os grandes poetas Victor Hugo, Vinicius de Moraes
e Neruda, mas embora tenham erguido bandeiras de louvores ao
sentimento, sempre o vincularam ao outro, no caso a exaltação da
mulher. Mas onde nasce o amor no ser?
Somos duplamente filhos do amor no instante que o nosso corpo é um ato
de amor do mundo e nossa alma um ato de amor do universo, um uno verso da criação! Mas então porque dividimos o amor, o setorizando em nossas
vidas?
A primeira recordação quando me fiz essa pergunta foi o mito grego das
almas gêmeas: Um ser UNO hermafrodita, tão forte, capaz de desafiar o
Olimpo. Zeus diante da ousadia daquele ser lançou um raio o bipartindo
em duas existências que se buscavam, pois apenas juntos, poderiam
recuperar a força dos primeiros dias.
Para mim essa é a grande separação do amor no pensamento dos homens.
Não somos metades que se buscam. Somos dois inteiros que se encontram!
A separação não se deu entre sexos, mas se deu internamente, separando
razão/ emoção.. visível/invisível... matéria/espírito...feminino/
masculino..Quando tudo que buscamos separar se complementa! Somos o
oceano contido em uma gota. E a nossa única forma de reequilíbrio é a
criação de pontes que sejam capazes de unir os extremos e para isso só
há um caminho: o auto conhecimento. Os relacionamentos - Re (tornar)
aos laços, é o religar com nós mesmos. Talvez a grande dificuldade de
enxergarmos o espelho da alma no outro esteja justamente na imagem
pré-idealizada que fazemos de nós mesmos. "Detesto tal pessoa", mas
não raro o detestar (de - negar/ o que testamos) é o primeiro passo de
afirmar o que ainda portamos dentro de nós. Amar ao outro é a forma
mais plena de auto-conhecimento. Uma vez que compreendê-lo resulta na
própria compreensão.
Para complementar essa pequena reflexão sobre o amor resolvi trazer a
tona, alguns pontos que talvez sejam desconhecidos por alguns como a
essência da Santa tríade repetida de forma tão mecânica nas igrejas e
tão pouco trazidas ao dia a dia. A santa tríade católica é oriunda da
Santa tríade egípcia: Horus, Osiris e Isis. A igreja católica no
inicio da sua formação, precisando de bases para instaurar seu
conhecimento se valeu da mitologia antiga para criar suas próprias
imagens. Se de um lado ofertou duas asas ao homem: "amor e sabedoria",
mostrando assim o caminho da evolução. No outro o "tri-partiu" em Pai
- Filho - Espírito Santo.. que traduzindo poderia ser lido como:
Espírito - Matéria - Mente/ Ou ainda Pensamento - Palavra - Atitude..
ou ainda Ser - Ter - Fazer. O amor é a conjunção da tríade! é a junção
de todas as cores que resulta no branco.. Se o preto demarca a transformação de um ciclo ou a ausência de cores. O branco é a origem e o inicio a presença de todas as cores. Tudo estava unido até ser separado.
Muitas crianças brincavam de desmontar brinquedos para entender o
funcionamento. Eu desde pequeno desmontava palavras para entender o
sentido das mesmas. E se a conseqüência do amor é sempre a felicidade.
Busquei chegar a origem pelo fim... Felicidade = Fé + Licita +
habilidade. Habilidade da fé... fé não é doutrina, é confiança intima
ou consciência da essência. Buscando de novo a sentença de meu amigo
Pequeno Príncipe Fé é "o essencial que é invisível aos olhos e que só
se vê bem com o coração!"
O amor é um campo único.. embora muitas vezes usemos enxadas
diferentes para cultivá-lo: religiões, família, relações afetivas,
etc...
Assim conclui que embora seja lei universal, o amor não julga, é
compreensão! Embora o amor seja atração entre afins, ele não
aprisiona, pois é libertação! Embora o amor seja como o vento a
impulsionar as velas, ele não determina, é livre arbítrio.
Não querendo me estender mais, até porque meu objetivo é unicamente
"Levantar a poeira" das reflexões para que cada um pinte suas próprias
estrelas ou vente seus próprios versos. Findo com a mensagem do
celebre Khalil GIbran:
"Embora o amor vos exalte, ele também vos crucifica. E tanto ele age
em vosso crescimento quanto em vossa poda. Assim como ele sobe até
vossa altura e acaricia vossos ramos mais tenros. Também desce até
vossas raízes e as sacode em seu abraço a terra.O amor nada dá, a não
ser de si mesmo, e nada recebe a não ser de si próprio. O amor não
possui nem quer ser possuído, pois ele basta-se a si mesmo. E não
penseis que possais dirigir o curso do amor, pois o amor, se vos achar
dignos, dirigirá vosso curso."