quarta-feira, 18 de novembro de 2015

O suicida atrapalhado


Não aguentava mais viver...
Resolveu acabar com o sofrimento...
Primeiro se deparou com questões filosóficas
Afinal, se a vida continuasse.. o sofrimento também...
Mas preferiu não pensar em nada, estava decidido em seu propósito...
Subiu, determinado, as escadas até o último andar do prédio...
Mas bastou olhar para baixo e teve uma vertigem, sentou no chão, com a cabeça entre as pernas e respirando fundo e pensou que talvez não fosse a melhor opção
Desceu até o apartamento
Pegou uma faca afiada e ficou olhando para ela, vendo sua vida passar pela lâmina
Mas quando lembrou do sangue que jorraria, lembrou que tinha pavor de sangue e que desmaiava até fazendo exames clínicos
Achou que seria mais fácil um enforcamento
Se amarrou no ventilador de teto e chutou a cadeira que o sustentava
Mas caiu no chão com o ventilador em sua cabeça, fazendo apenas um ligeiro e dolorido galo
Pensou em um afogamento...
Mas nunca aprendeu a nadar, justamente porque morria de medo dos "mistérios" da água...
Pensou em ligar o gás
Mas já pensou se sua mãe acendesse a luz? Explodiria o imóvel e certamente poderia, inclusive, machucá-la
Mas ironicamente ,não queria carregar a culpa de ser um potencial assassino.
Aliás, e depois? se fosse enterrado ou cremado?
E tivesse alguma consciência no processo?
Arrepiou só de imaginar...
Realmente morrer era muito difícil...
Era muito mais fácil viver!
Daquele dia em diante, sorriu para vida e teve muito medo da morte...