domingo, 17 de fevereiro de 2019

Dessensibilização


A vida inteira escutei que sensibilidade é fraqueza. Especialmente por ser homem. Cresci em uma luta constante para defender o direito de quem eu sou: homem e sensível (como se as duas coisas não pudessem conviver juntas). Mas em um mundo que a cada dia, as pessoas sentem e se importam menos, sensibilidade é uma benção. Essa epidemia de dessensibilização e uma felicidade histérica está fazendo o mundo doente, intolerante e radical. E o pior, muitos justificando tudo isso no rótulo de Empatia! Uma empatia que vive no que está de acordo com o que pensa, que tem dois pesos e duas medidas para cada interesse pessoal,... Essa alienação pessoal distanciou do autoconhecimento e o resultado disso? As pessoas passaram a assumir “personagens” de Revista Caras! Que exibem e ostentam um mundo distante da realidade, encastelados em suas fantasias só para não entrar em contato com o que sentem. (E ninguém se importa também pela falta de contexto) Nunca foi tão grande o número de suicídios, transtornos e doenças psicossomáticas. Porque? Criamos um padrão de felicidade impossível de ser acompanhado! Idealizamos um mundo que não existe. Mesmo nos discursos de luta pelas diferenças, o que se vê de fato é uma luta pela defesa do que se pensa. É muito mais pessoal do que coletivo. E muito menos efetivo do que se quer ser. Porque quem quer de fato mudanças, não fica em redes sociais brigando com Deus e o mundo, vai por a mão na massa! E quem se ocupa por uma causa não tem tempo ou energia para gastar. Gastamos demais! Vivemos um grande momento de desperdício! Não só de lixo que nem sabemos o que fazer com tanto, mas especialmente desperdício de intenção, vontade e até mesmo senso de humor (apesar de tantos memes, humor hoje é igual lasanha congelada: ja vem pronto) . As selfies são felizes, mas a alma é de um pitbull rosnando para todo mundo que passa. Dizendo que o problema é o outro e nem consegue identificar os problemas que traz dentro de si. Sim, a sensibilidade tem isso! Ela escancara nossos defeitos, não porque sejam bons, mas porque ela exige de nós uma transformação constante. E plagiando o Pequeno Príncipe: “A higiene do mundo, começa pela higiene pessoal”. Talvez esse seja o ponto. A união de vários egoísmos não faz uma coletividade! Coletividade vem de coleta: TODOS participam!
Estamos quase concluindo uma década, que não acompanhou os avanços tecnológicos e retrocedeu socialmente numa verdadeira caça às bruxas, sendo que as tochas hoje estão nos celulares! Já deu! Se dê! Se doe! Sai do Eu, do Meu e vem para o Nosso! Sem vergonha de ser sensível, de ter fraquezas e de se importar! Não somos super heróis (apesar de estar na moda) para salvar o outro! Precisamos nos salvar! Não temos lados! Estamos do mesmo lado: humanos! E se não teve paciência de ler nada disso porque não coube em uma foto, vou resumir: PAZ!

Um comentário:

  1. Concordo totalmente com você. A sensibilidade é, sem dúvidas, uma bênção! Sempre sofri por me importar demais com tudo, mas se não fosse assim não seria eu.
    Aparentemente, em tempos de redes sociais, é mais importante PARECER do que SER. Só nos resta torcer para que as pessoas saiam desse estado de “dormência”.

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