domingo, 17 de fevereiro de 2019

Mãe e o DNA da culpa (Desenho e crônica - Fernando Paz)




Desde a origem do mundo, a mulher é injustiçada. E tudo começa com a "bendita" maça do conhecimento, uma cobra e a Eva. 
A mulher teve a primeira escolha consciente da humanidade e levou a culpa pelos três? O homem deveria estar olhando a própria cobra e como era sonso, fingiu que não era com ele. Ainda assim, no fim, todos foram expulsos do paraíso.
A mulher além de levar a culpa, ainda foi punida duramente a carregar o peso do mundo no ventre, e embora, não seja comercial do Polishop, cabe um "e ainda" sentir uma dor dilacerante no parto. O homem só sentiu vergonha da nudez (embora muitos, tenham se tornado sem vergonha assim mesmo). Assim nasce a origem do DNA da culpa que toda mãe carrega.
A mãe trabalha, se cuida, cuida dos seus filhos, dos filhos das outras mães quando estão ocupadas (e estão sempre, afinal, já viu mulher parada?), cuida da casa, do marido, que muitas vezes, é quase outro filho (quando não é pai e mãe), educa e poderia passar o dia falando de todas as funções (essa superou até o Polishop) e apesar de fazerem mais do que qualquer mortal em sã consciência seria capaz, o que sentem? Culpa! Culpa porque acham sempre que estão faltando em alguma coisa com os filhos. Ainda assim, como anjos que são, reconhecem o paraíso, naquele rostinho todo sujo de quem acabou de se jogar na terra com a roupa recém lavada!
Ah mãe é assim, estão tão a frente do seu tempo, em um futuro tão distante para preparar os caminhos dos filhos, que antecipam uma frustração pelo que imaginam de antemão que faltaram. E onde estão os pais? 
Não vou ser injusto com todos (porque o meu foi uma mãe. Aliás mãe deveria ser um grande elogio), mas "alguns muitos" ainda estão olhando a própria cobra e esperando serem expulsos do paraíso outra vez.
Atrasou 10 minutos para buscar na escola? Culpa! "Meu filho nunca vai se recuperar desse trauma"
Não conseguiu antecipar uma queda após uma grande peraltice dos filhos? Culpa! "Como pude ser tão distraída?"
Precisou trabalhar sem parar para que o filho pudesse estudar, comer e se desenvolver? Culpa! "Como posso ser tão ausente?"
E assim é o DNA da mãe: para cada ponta de paraíso pelas realizações dos seus filhos, ha uma corda de culpa por trás! Se responsabilizando, como na origem do mundo, além dela pelos outros. Porque a natureza da mulher é empática e altruísta. Ser mãe (embora eu não possa ser), imagino que seja o mais próximo da divindade que existe. Você ser capaz de gerar uma "alma" e ser destinada a orienta-la. Há sem dúvida, responsabilidade em toda criação (como nesse momento, me responsabilizo pelas minhas palavras, que de certa forma, são como filhas), mas eis um grande mistério: toda criação tem um fator único e que se desenvolve independente do tanto que tente influenciar. Você pode modelar, direcionar, apontar,... Mas nunca será capaz de passar pelo caminho que a natureza única de um filho formará. O filho veio de você, mas não é seu. E esse destino, você não pode controlar. Culpa? Não! A natureza ensina a voar, mas faz parte do voo aprender a cair!
Se você é mãe, tire essa palavra "culpa" do vocabulário. Só de existir como mãe para alguém, você já muda o sentido dessa vida. Até entre presidiários a palavra mãe é sagrada! Ou seja, por maior erro que possam ter cometido,
sabem que todo "certo" estava na mãe que não ouviram ou não tiveram.
Então, você já está certa, mesmo quando pensa errar! E se nada disso bastar, para ressignificar essa sombra que persegue o seu caminho...Vou contar um segredo:
"Deus não expulsou a Eva pelo pecado, mas porque o mundo precisava de uma Mãe!"

Um comentário:

  1. Lindo, como sempre! Texto e desenho. Cheios de sensibilidade! Um conforto e uma linda homenagem para essas mulheres maravilhosas. Elas são sim o mais próximo da divindade que um humano pode chegar. ❤

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