sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Aparência


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Nunca gostei de padrões a ponto de parecer estranho. Mas em algum momento, ja me importei com julgamentos, inclusive tentei não ser diferente até perceber que todos somos diferentes, mesmo os que tentam se fazer iguais. Não era bonito, maxilar exageradamente projetado, macérrimo e com óculos fundo de garrafa, já fui a piada. Ouvi muitos risos que eu não participei. E se não podia mudar como os outros me viam, comecei a mudar como eu via o mundo, como eu via o meu mundo. Trabalhar a beleza não provisória. Porque flores também murcham com o tempo, mas o que elas representam não. Como as coisas nos tocam são mais importantes do que elas são em si. Um filme clássico me ensinou isso: “Homem Elefante”. Não há nenhuma deformação que supere a beleza da gentileza, educação e empatia. Porque escrevo tudo isso? Porque quando apontam o dedo para uma criança, matam a inocência, a pureza e o lúdico do mundo. Atribuindo valores deformados que não cabem na beleza do que representam. Escrevo por culpa. Não pelo ato que não participei e repúdio, mas por me calar, tendo já sentido na pele essa marca. Escrevo não para consolar, mas para incomodar. Exponho as minhas cicatrizes para evitar que outros também sangrem. Aparência não traduz o universo que ninguém traz. Ela é só uma porta de passagem para o acolhimento que realmente importa: Interior. Harmonia? Vejo em um sorriso, numa entrega, num olhar que brilha ou na descoberta do outro. A beleza não está nos olhos de quem vê, mas no coração aberto de quem sente!

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