sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Desaba-f(d)-o


A imagem pode conter: pessoas sentadas, nuvem, céu, oceano, atividades ao ar livre e água

Não faço arte por vaidade. Faço arte sobre viver. Sobrevivência. É meu cordão umbilical no qual eu estou sendo gestado. Muitas vezes, parindo da minha dor, um ato de amor. Mesmo que isso, me coloque contra a “normalidade” do mundo. Normal é norma e eu sempre precisei quebrar minhas regras. Criar um novo mundo em plena tempestade, contando histórias para distrair quem tem medo de trovões (mesmo que relampejasse por dentro). Dei a mão sem ter onde me segurar. Fui contravenção de todas as convenções.
Enfrentei dedos apontados me dizendo o que eu deveria ser ou fazer, mesmo sem saberem quem eu conseguiria ser ou fazer. Expectativas frustradas dos dois lados, seja de quem só vê um lado ou de mim, que do avesso, fui página virada. Quem cai aprende a olhar o chão, mas só de pé se vê o horizonte.
Ninguém é estranho por convicção. Estranheza é fria e solitária, porque ela nasce de uma visão não empática, que prefere afastar as diferenças que não entende a lidar com a transparência que não aceita.
A ideia de quem escreve uma história sempre difere de quem a lê. Enquanto um dá o seu suor e lida com os imprevistos para levantar cada tijolo, o outro só enxerga as imperfeições da obra acabada. É fácil julgar as pessoas pelas consequências do que elas se tornaram. Difícil é tentar entender as causas que as levaram até ali.

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