terça-feira, 8 de julho de 2014

Quando o tempo passar...



Seus olhos, outrora vibrantes, confrontam a placidez do cansaço refletido no espelho.

As mãos tremulam, enquanto a escova desliza sobre os escassos cabelos reluzentes como a branca neve.

Os passos vacilantes denunciam o desequilíbrio das mesmas pernas que a conduziram um dia por tantas jornadas.

Um sorriso amarelado e poente como o sol, revela a alma de quem aceitou suas tristezas, priorizando memórias antigas de felicidade.

As rugas conflagram a experiência, ressaltando as décadas que breve passaram. A vaidade retoca a beleza dos eternos hábitos femininos.

As palavras, embora sussurradas sem firmeza, declamam versos seguros da sabedoria de viver.

Pensamentos conscientes, que sabe não poder transferir, são lançados como alertas vigorosos frente às dificuldades da inconsciência dos jovens impulsos. Assim, observa a repetição atávica e veloz de erros dos mais próximos com gestos lentos, aparentemente distraídos, de quem a tudo se atenta.

Senhora do futuro, premoniza as consequências. Detentora do passado, conhece a evolução. E apesar de muitas vezes esquecida, se faz presente em todas as histórias.

Neste momento, ri de si mesma, relembrando a meninice da criança que queria envelhecer...e hoje, a idade avançada parece precoce e o coração sonharia em rejuvenescer

Se balançando como as oscilações da própria vida, segura sua neta em seu colo e com ela se realiza. Não precisa mais de um espelho para ver o tempo, pois encontra nela, a própria imagem...

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