segunda-feira, 7 de julho de 2014

Tratado sobre a timidez

  

Muitas questões são levantadas sobre a timidez, porém, os mais interessados e representantes da classe, "os tímidos", pouco contribuem para explicitá-la pela sua singela natureza de "não falar".
            A psicologia, numa análise confortadora, nos definiu, "a timidez é fruto do orgulho". Não ousaria questionar anos de estudos, mas a necessidade de exposição, também não seria?
           Prezados leitores, lhes rogo, não se precipitem, na definição de "antipáticos", parodiando a música do Paralamas do Sucesso - Por trás do "Silêncio"(Óculos) tem um cara legal".
             Reconheço que podemos não ser bons comunicadores, mas estou certo, que melhores ouvintes não há! O silêncio, por vezes, é doutrinador. Nos faz atenciosos, detalhistas e nos coloca frente a frente as nossas mais profundas emoções. No silêncio, somos convidados a uma imersão em nós mesmos, no entanto, efetivamente, só crescemos em sociedade e eis o desafio dos tímidos.
          Ninguém é testado no conhecimento que já adquiriu e por isso mesmo, nos defrontamos diariamente com situações para exercício e aperfeiçoamento de quem somos.Um extintor derrubado em uma livraria, pular em uma piscina e não conseguir afundar, pois os bolsos inflaram ou mesmo ir buscar uma pizza na portaria, comumente vazia, de cueca samba-canção, no verão a noite e se deparar com um evento com 20 pessoas de terno e vestidos de luxo, não são situações hipotéticas, mas eventos literais que nos desafiam a sair da comodidade da natureza que nos acostumamos a estar.
         E na dinâmica do equilíbrio: a clausura da timidez busca a liberdade da extroversão e a exposição da extroversão, em algum momento, busca o recolhimento dos tímidos. Os opostos não se diferem, antes se complementam.
           E se chegou até aqui, surpresos com as revelações de um viciado na inibição (em recuperação), terão um pouco mais de paciência com os "casulos" que transformam lagartas em borboletas ou nas conchas que guardam a pérola da descoberta.
         Aos amigos que compartilham de minhas palavras, lhes digo: Há esperança! Não estamos limitados a oralidade e mesmo ela, podemos melhorar encontrando atalhos que nos facilitem a caminhada.Uns desenham, outros compõe música, outros escrevem, há aqueles que protegidos pela tela de um computador, também enfrentam seus medos, mostrando o que à luz do dia, sentem dificuldade de fazer. Há a fé que libertando o espírito, libera as amarras dos corpos e sendo repetitivo: a arte, pois quem "cria" seus males "expia". E sempre há o amor, que na intimidade estimula sermos melhores e livres para viver toda sua intensidade. Só não se iludam, atribuindo a alguém, a responsabilidade que lhes cumpre assumir.
           Na diversidade dos carismas, nos encontramos e lado a lado, caminhamos! Somos "mundos" complexos em um universo comum que nos liga uns aos outros. Fale com o silêncio do seu próximo e o silêncio lhe dirá muitas coisas. Aprendendo uns com os outros, avançamos na compreensão de que precisamos uns dos outros, exatamente do jeito que são.

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