quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Setembro Amarelo



Porque suicídio é amarelo?
Porque amarelo é alerta! Não confundir com sol... suicida vive numa noite sem lua, onde tudo é escuridão.
Suicídio não é um ato de coragem, pois coragem vem de "coração" e o suicida está desconectado do seu!
Também não é covardia, mas uma apatia tão grande, que entrega a vida por não conseguir mais segurar nas mãos...
Ha de ouvirmos as solidões, as dores e os silêncios do outro... suicídio não avisa, é ato impensado, escravo da descrença em uma redenção. É túnel sem luz, onde só há fim.
É a confusão de quem vê vida na morte e morre no viver.
Mas sair de um abismo, não é se jogar nele. Ninguém se liberta se aprisionando em uma ideia fixa e quando não enxergamos saídas precisamos de uma mão.
Ninguém se suicida por opção, mas antes, acredita não ter opção! A indiferença é distancia cega! Se preocupe! Procure os seus! Saber que existem pode ser um excelente remédio contra a ânsia de não existir!
Não pode escolher por alguém, mas pode inspirar uma nova escolha! No suicídio todos se perdem, quem parte por não ver nada além da dor e quem fica por não ter visto a dor de alguém.

Conversas contemporâneas


Se responde rápido é ansioso
Se responde lento é desinteressado
Se fala muito é compulsivo
Se não fala nada é indiferente
Se é gentil é afetado
Se é bruto é forçado
Se tem uma opinião é chato
Se não tem uma é vazio
Se agradar demais é falso
Se não agradar é bloqueado
Se é diferente é estranho
Se é igual não tem personalidade
Se procurar, não há retorno
Se não procurar, também não há
Com tantos limites para conversar
Um mundo cada vez mais ilhado na própria companhia
Ficar quieto parece uma boa opção

Carinho


É o toque delicado
Que arranha de leve o corpo
Para sentir a pele do espírito
É a marca invisível
Desenhada com os dedos
Que simboliza caminhos
É o guardar o outro
No aguardar da união
Na confiança que se entrega
É a surpresa da provocação
Que sem nada perguntar
Faz o íntimo responder
É a admiração lenta
Que esculpe cada detalhe
Na lembrança
É ação de quem quer
Reação de quem espera
Sem saber quem dá ou recebe
É o início que não deseja fim
É o fim que anseia novo começo
E que enfim, assina: Cuidados!

Baixa Estima

É o espelho distorcido
Que não enxerga o que vê
Mas o que acredita ser
Uma crença desprovida
Marcada por feridas
E pela falta de um sentido
É imagem facetada
Como mosaico
Em arcaico ideal
É o eco de um vazio
Um pedido de companhia
Que dê uma mão
É fruto de comparações
Padrões inatingíveis
Invisíveis e sem dó
Para mudar
É preciso ressignificar
A beleza sentida
Sem se igualar
Fazer de si um lar
Se amar e mais nada
Equilíbrio não está fora
É balança de dentro
Centro das próprias medidas
O mundo que traz
É a única paz que pode dar
Um olhar novo

A ligação



3 Horas da manhã, o telefone toca...
Ele tateia a mesa de cabeceira, derrubando várias coisas até chegar ao telefone, quando escuta uma voz...
- Não consegui esperar mais um minuto para dizer que estou completamente apaixonada por você
- Por mim? -fala embriagado de sono
- Sim, por você, Bruno!
- Mas me chamo Paulo!
- Então me desculpe, foi engano. (Desliga)
- Homem de sorte esse Bruno! Uma mulher apaixonada e o sono intocado! - murmura ainda com o telefone na mão.

Estrangeiro



Há pessoas capazes de nos mudar só por sabermos que elas estão lá, em algum lugar, em algum planeta,...
Um mundo que é distante do nosso, mas que em algum momento, apesar de todas as probabilidades, se encontram. Como um eclipse, a sobreposição entre sol e lua.
Um encontro inexplicável, intocável e passageiro como um turista que traz o seu melhor e leva de nós, um pouquinho de nossa terra.
Nunca foi dali, mas em um lapso de tempo, ressignificou sua existência. Podemos até pensar que ficaria, mas como estrelas deixam seu rastro de luz, mas não estão mais lá. Ainda que vejamos o sorriso, como quem acha desenhos nas nuvens que passam.
Tais pessoas são do universo, nunca foram do seu mundo. Mostram um pouco de tudo e nos fazem crer que onde estamos não é tão pequeno assim. E que vazios nem sempre são falta, mas espaços cheios de tudo aquilo que não somos.
Nos fazem rever as mesmas coisas com um pouco de beleza e por um instante, temos ao lado, alguém que fala nosso estranho idioma, tão incompreensível à tantos. Um contato alienígena de primeiro grau que nos diz não estarmos sozinhos na galáxia.
Breve como uma brisa, mas uma memória forte como um perfume. Que deixa no ar a presença, cheia de significados, que só quem sentiu é capaz de entender.
Pessoas assim são raras e há pouca lógica nos encontros. Podem mudar sua vida em um dia ou um ano, mesmo que nem saibam que o fizeram. Como uma breve revelação do destino, que escreve a resposta, mas a apaga em seguida.
São agulhas em um palheiro e como agulhas, brilham. É o que as diferenciam da palha.
Nesses momentos, que o silêncio retoma e nos percebemos outra vez, conosco mesmo, é bonito olhar o céu. Perceber que como o arco-íris, não podemos ter todas as cores sempre, mas que a vida nem sempre é preta e branca. E lá, bem longe, em algum lugar, há uma flor, que apenas cada um, sabe que existiu. Porque cada momento só importa para quem o viveu.

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Não é sobre...


Não é sobre escalar montanhas
Mas chegar ao topo do seu sonho
Não é sobre dar a volta ao mundo
Mas conhecer todos os lugares dentro de si
Não é sobre a melhor festa
Mas ser capaz de celebrar a vida
Não é sobre pular de asa delta
Mas se jogar e perder qualquer falso controle que acredite ter
Não é sobre o/a melhor namorado(a)
Mas ter a capacidade de amar e se doar à alguém
Não é sobre a melhor refeição
Mas preencher e provar cada momento com novos sabores
Não é sobre o melhor filme
Mas entrar na fantasia que faz repensar a realidade
Não é sobre a melhor mensagem
Mas o quanto cada uma o/a faz ser melhor
Não é sobre a melhor selfie
Mas a forma que conseguimos traduzir o que estamos sentindo
Não é sobre redes sociais
Mas como nos conectamos e expressamos uns com os outros

Vida de arte (Fernando Paz)


É difícil ser obra de arte
Despertar curiosidade de quem passa
De quem olha, não fica, não leva e não entende nada
Da abstração que não é tocada
E nem pode juntos serem fotografados
Mundo cruel ser peça em um museu
Na parede, pendurada e pregada
Como Cristo crucificado
Quando viva, não valer nada
E depois de morta, fantasia idealizada
Causar estranheza, ser rotulada
Devaneios equivocados
Não importa se é tela manchada
Como as linhas impressas da mão
Do destino é retrato
E ali em um canto esquecida
É a sobrevida da humanidade


Face: @artesembarreira

A volta


Há pessoas que nos mostram
Que assim como o silêncio fala
A inspiração acontece
No exato instante que não pensamos nela
A ausência passa, mas a poesia fica
Porque nunca saiu de dentro
Até que um suspiro botasse tudo para fora


Face: @artesembarreira

A dança


É a partitura do corpo
A leitura dos movimentos
Que são desenhados no espaço
É o ritmo que vem de fora
E ecoa dentro
A alma que sem poder cantar
Se traduz em gestos
Embalada como barco em alto mar

É a vida que flui
Que pulsa e conduz
Para o lado que devemos ir
Não é uma escolha
Mas uma entrega
Que nos faz rodar sem cair
Voar sem sair do chão
Até que o tempo pare
E o instante eternize

É um ato de amor
A arte de fazer de cada passo
Uma obra de arte


Face: @artesembarreira