terça-feira, 29 de maio de 2018

Como o amor


Amar uma mulher não é “pegada”
Pegar qualquer um pega
E para amá-la não pode ser qualquer um
É preciso dar a mão
Caminhar na mesma direção
Sem pretensão outra que fazê-la feliz
E no caminho? Ser feliz também
Como poderia não ser? Se ela sorri, tudo sorri ao redor
Amor também não é prisão
Ou falta de vida própria
São dois corações no mesmo compasso, mas cada um no próprio peito
Há tantos iguais (dos dois lados)
Que o amor hoje vive na diferença
De quem faz mais do que espera
Se expande a cada doação
Sem o medo de se machucar
Pois é justamente o medo que machuca
Pelo passo que dá para trás
Ao invés de caminhar para frente
(Apesar dos riscos)
E com tantos querendo receber
O mundo se tornou reduto de miseráveis afetivos
Lamuriando a falta de um outro
Que não se esforça para ser

Colo


Tudo que precisamos é um colo para ficar
Que guarde a nossa criança que pela vida cresceu
Que nos pare com carinho da correria que nos bate
Que faça a diferença por um tempo, sem a indiferença que nunca tem tempo
Que aceite nosso jeito, mesmo quando desajeitado
Que acolha para de nós colher o melhor
E nem seja albergue de muitos, mas abrigo de um
Nem imprevisível que se torne invisível quando acordar
Queremos só um colo seguro de um coração
Para deitar no peito e pulsar a esperança que não importa o que aconteça
É ali que quer estar
Só um colo para decolar!

Ideologias


Hoje é tudo ou nada
Direita ou esquerda
Mesmo que de lados
Ninguém ande para frente
É radicalização por nada
E relativização de tudo
E se discordar?
Fogueira!
Como “bruxa” na Inquisição
Não se pode pensar
Concorde sem acordo
Escolha uma parte
Mesmo que prefira o todo
São tantos reis e séquitos
Que ideologia demais
É guilhotina!
Maturidade de crianças
Que esperneiam se negadas
Qual a nossa idade afinal?
Idade média!
Que venha o Iluminismo
Trazendo luz onde hoje é sombra

Coração Ocupado


É aquele que toca
Mas não atende
Faz esforço para se encaixar
Onde não cabe
Porque sempre há
Algo no lugar:
Um ideal vazio
Ou sombra de alguém...
Não é espontâneo
Tudo que faz
Vira comparação
Competição que inicia
Com sua derrota na largada
Ou modo de espera
De quem espera um sonho perfeito
Quando você é imperfeito passatempo
Um coração que não está presente
Não serve nem para transplante
Se não pertence a quem o tem
Não servirá a você também

sábado, 19 de maio de 2018

Feliz dia das mães


À você que foi há bastante tempo (maternidade não tem prazo de validade), à você que foi há pouco tempo (e ainda está descobrindo e se adaptando a este complexo mundo de educar e amar incondicionalmente), à você que ainda não foi porque o momento não chegou (não tenha pressa, tudo ocorre no tempo certo) ou não foi porque não queria (a maternidade também é para vocês, que são gestoras do mundo, líderes natas e fertilizam onde passam com beleza e sensibilidade). Feliz dia aos pais que não se envergonham de ser mãe também (maternidade não é ventre, é doação e entrega). Feliz dia às mães de coração Filho é uma escolha, ou deveria ser. É acolhimento e ensinamento. Não é o sangue que faz um filho, mas o amor).
Feliz dia às mães da humanidade, que renunciam à própria vida para levar esperança onde não há. Que alimentam, mesmo passando fome. Que iluminam, mesmo que vivam nas sombras! Feliz dia também às que partiram, não há ausência na lembrança (E a maternidade é uma das poucas coisas, que a morte não tira)!
Parabéns a todos vocês que entendem que MÃE não é uma palavra, mas uma sigla: M(a)estra que Ama e Ensina!
Ousaria dizer que mãe é quase um sindicato, mas sem direitos trabalhistas. Sem férias ou décimo terceiro! É um movimento organizado e sem fins lucrativos (embora lucrem mais do que qualquer um, recebem reverências e gratidão eternas)!
Perdoem àquelas que esqueci, meu esquecimento não as fará menos "mães", nem reduzirá a importância que lhes cabe. Aliás, mães sempre sabem, mesmo quando não dizemos nada.

Falta de jeito

Tento conversar
Quando só sei versar
Mas a poesia que arruma dentro
Bagunça fora quando falo
Não sei aproximar
Acabo por rimar
Falta de jeito
Sujeito enrolado
Ainda que dentro
Seja meu melhor lado
Atrapalhado
Na busca de elos
Vivo amarrado
Duelo entre estar só
E só estar errado
Afinal, diferença
Para algum coração
É o certo

Contato


É o primeiro passo de qualquer relação
Quem chega querendo ficar
Ainda que poucos fiquem até a proximidade chegar
É o início de muito papo por pouco tempo
Que por falta de tato desanda
Se não for cuidado
Vira número desconhecido
Ligação ocupada
De pessoas que na mesma lista não se acham
Em uma esquisita familiaridade
Que se perdeu
(ou que nunca foi encontrada)
Se não liga, ligar para quê?
Coloca no modo de espera
Até que não espere mais nada
E o estranho que um dia adicionou
Hoje, exclui como o estranho que voltou a ser

Ousadia


Despudorados sejam
Os que se atrevem
Sem a falsa hipocrisia
De quem cora o rosto
Por aceitação
Ou que nega o corpo
Por aprovação
Sentimentos castos
Fazem almas incautas
Que devoram a perdição
De garfo e faca
Contidos na liberdade
Que não saciam
Também gozam
Mas em silêncio
Comedidos em limites
Que plagiam
Suspiram só para não gritar
O desejo que guardam
E por qualquer ousadia
Escandalizam
Prazer não é vergonha
Vergonha é negar o prazer
Dizendo para si mesmo(a)
Ser quem não é

Incômodo


Não é cômodo
Mas também é ambiente
(Que não quer estar)
Não é cômoda
Mas pode ser gaveta
Quando prefere guardar
É comodismo
Se não largar
E mesmo sem ser moda
Muitos hoje se incomodam
(Por tudo)
É a impressão que sentimos causar
Ou que nos causam aos sentidos
Por incompreensão ou invasão
Pela diferença que assusta
Ou a igualdade que reflete
É uma divisa que negocia a paz
Entre ser capaz da aceitação
Ou procurar outro lugar 

Sobre escrever


Escrevo só para não surtar
Saturar as feridas
Que teimam em não me deixar
Atrevo para erguer
A sorte que no trevo falta
Não é talento
É processo lento
Que por não poder correr
Escorre
O mundo que intimo
Do imo despejo
Para encontrar
O que canso de procurar
Escrever é descanso
Costura do E(x) ternar, Cre(r) e Ver 
Incinero a cada letra
Até que de mim
As cinzas restem

Almofada


Almofada mofa
Mas é fofa
Para quem não abraça é fada
Amo fada
Mas é foda
É o mar que desemboca a lágrima
A boca para quem não tem com quem falar
É o começo de um sonho
E o fim de toda dor
É proteção contra zunidos
(os da cabeça também)
É apoio do corpo
E sustentação da alma
É consolação da carência
De quem fecha os olhos com ela
Só para ver o tempo passar
E saber que embora tudo passe
Ela ainda ficará

domingo, 6 de maio de 2018

A vírgula

Eu sou o fôlego
Mas nunca o fim
A pausa na sua frase
Sem saber como ela termina
Existo, mas ninguém vê
Queria ser o meu avesso
Para viver como aspas
Mas para isso
Precisaria de um par
“Destacaria seu caminho”
Sem ser mera interrupção
Mas vivo só
Perdido entre
Ser lembrado e esquecido
Não sou palavra
Ainda que só signifique
Quando estou junto de uma
Mas se for deixado de lado
Mudo o sentido da sua vida
Ainda que não veja nisso
Diferença
Sou só desvio de rota
De quem queria correr até o final
Tentei segurar
Mas fui atropelado pela pressa

Espinhos


Agradeço o espinho
De quem prefere
Ser lembrança na ferida
É a farpa pessoal
De quem na farsa
É sincera
Grato pela gula
De nunca calar
Presença que
Estrangula
Só para não largar
Fala antes
De secar o veneno
E só vale
Se ficar doendo
Agradeço a cicatriz
Que ensina:
Certas companhias longe
Valem mais
Que a autoestima por um triz

Quanto vale um seguidor?


Estranho mundo de realezas e séquitos
Que somos medidos por números
Se uns buscam o crescimento conjunto
Outros só o fazem por si mesmos
Chegam ao cúmulo de seguir
Para que os adicionem
Só para logo depois
Deixar de seguir
Penso na frieza de tal relação
Egocêntrica e narcísica
Que consome pessoas
Só pelo prazer de inflar
Encher de ar
Ainda que tantos números
Não preencham vazios
Será que seguidor
É medido em peso ou quantidade??
Aliás "K" parece com Kg
Espero que tal juiz seja Anúbis
E o peso de um coração seja mais
leve do que uma pena
E é esse o sentido de usar a pena
Escrever por termos um coração

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Embriaguez emocional



Quero beber os versos do seu destino
Saciar a sede do meu silêncio 
Embriagar minhas linhas
Até que tropecem nas suas
Embaralhar minhas letras em seu mundo
Ver minha mente girar pelo seu corpo
Trôpego de carinho
Até desmaiar de tanto desejo
Quero andar sem linha reta
Pela sinuosidade da sua pele
Perder todas as palavras
Apagar até um amanhã
Que eu desperte ao seu lado
E esqueça qualquer coisa
Que não lembre você
E a ressaca?
Seja (a)mar