terça-feira, 30 de dezembro de 2014

A jornada da Alma



A vida é perpétuo movimento e assim sendo: impermanente e mutável.Tudo se transforma a todo
instante, nos ensinando constantemente o desapego. Vivemos em transito entre idas, vindas e
divididas.

A viagem do espirito é sempre longa. Livres de um corpo, abandonamos a percepção
geral e esquecemos tudo para um recomeço em um ventre. Nele, todas as nossas impressões são
sensoriais e subjetivas. Nascemos exercitando os sentidos e o encantamento da redescoberta.
Reconhecemos o mundo e a nós mesmos.Assim começa a nossa viagem.

Cada nova paragem, representa um novo momento e assim temos a sensibilidade tocada. Despertamos para uma nova forma de olhar e encarar a realidade. Trazemos novas cores e novos pensamentos para nossa tela mental.

A mudança progressiva do corpo simboliza a metamorfose de nossas próprias idéias.

Neste processo e caminhada, encontramos outras pessoas, com as quais, partilhamos uma experiencia especifica e transformadora. No outro, vemos o espelho de nossa própria imagem.

Nesta trilha, vamos rumando, tropeçando, levantando e escalando. Nas variações da estrada, nos animamos, nos cansamos, nos desafiamos até atingir o cume de tudo aquilo que nos propusemos, apesar de todos os desvios ou atalhos.

É quando nos deparamos com a morte. Olhar a vida do topo da montanha, as vezes pode ser assustador. No entanto, é apenas a ultima foto, antes de um novo roteiro. Quando abrimos os braços e fechamos os olhos, tudo é libertador.

Até que novamente os abrimos e tudo recomeça.Voltamos ao lar de nossa consciência e abrimos as janelas da esperança, deixando o sol entrar e o convite de uma nova oportunidade, que nos aguarda...Não é possível conhecer um caminho, sem passar por ele.

Viajamos pelo mundo e o mundo viaja dentro de nós.

Preparemos as malas, tudo que precisamos são escolhas e decisões...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

A paixão e o Amor



A paixão aquece, mas queima
O amor transborda, mas nutre

A paixão é intempestiva como a chuva
O amor sereno como uma brisa

A paixão se apodera
O amor se doa

A paixão condiciona
O amor liberta

A paixão teme
o amor acredita

A paixão fantasia os defeitos de perfeição
O amor transparece ser perfeito apesar dos defeitos

A paixão anseia
O amor espera

A paixão procura
O amor encontra

Para a paixão sempre falta uma parte
Para o amor, toda parte está inteira

Para a paixão sempre há um porém
Para o amor, o único porém é não amar

Nem toda paixão vira amor
mas todo amor nasce de uma paixão

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Amargura - A ditadura do Amargo


A amargura é uma amarga ditadura dos sentimentos. Na ânsia de controlarmos as situações, somos controlados por elas, justificando o mal que damos pelo mal que recebemos. Matando a vítima que fomos e nos matando no processo , lentamente, nos tornando o algoz que queríamos evitar.
É a água contaminada que escorrendo pelos olhos, nos intoxicou. Adoecemos pelo juízo e nos escravizamos na revolta. Pedindo clemência interior, enquanto a dor nos torna inclementes.
Toda prisão é um cubículo estreito. Sem liberdade, tudo é um ciclo repetitivo, no qual se roda em volta de si mesmo sem saída.
A repetição gera uma dependência.
A dependência, por sua vez, uma condição.
A condição evidencia o problema.
A mente, em processo defensivo, nega-o.
A negação assegura a continuidade sem fim do processo.
A única chave existente é reconhecer e aceitar. A bandeira branca, enfim, estendida aos pensamentos.
A aceitação faz o caminho inverso:
Reconhece o problema e descondiciona a mente.
Uma mente livre é independente.
A independência gera autoconhecimento e mudança de roteiro.
Nesse desenrolar, passamos pelas 4 estações: O inverno de reconhecer o frio da dor, o outono de abandonar as fantasias e as expectativas, a primavera do florescer de novas escolhas e o verão de assumir os caminhos e se auto iluminar.
Não somos um momento e ainda que estes façam parte de nós, não determinam quem somos. Aprendamos a ter um olhar doce para dentro para mudar o sabor do que está fora.
A liberdade começa quando aceitamos ser livres.
Amargura? Não mais. Amar cura!

domingo, 16 de novembro de 2014

Anjos e Flores



As flores deixam pétalas formando caminhos,
Já os anjos, algumas penas, que apenas a sensibilidade atenta é capaz de enxergar...

As flores exalam perfumes, enquanto os anjos movimentam o ar.

As flores desabrocham.
Os anjos abrem as asas.

As flores tem um tempo certo de maturação,
Os anjos, certa vez, foram homens, até que o amor e a sabedoria, forjaram suas 2 asas de equilíbrio.

As flores, embora vivam para si mesmas, encantam todos aqueles que passam...
E os anjos, mesmo invisíveis, motivam consolações e esperanças de tempos melhores.

Talvez dentro de cada flor, exista a alma de um anjo ou o corpo de um anjo, seja uma flor.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Prece ao Desalento


Quando ouvir cantar o silêncio da brisa e o abraço da solidão circunscrever seus passos...
Quando o vazio do peito reverberar em ecos opressores que sufocam e os pensamentos se tornarem vorazes cobradores...
Quando a vontade enfraquecida, desejar se entregar..

Permita que a razão se eleve na certeza que tudo passará. Que a aceitação traga a compreensão do momento, fortalecendo a esperança, que desanuvia as lágrimas, conduzindo-as ao fértil terreno da redenção. Que o choro seja tal o copo que transborda, regando as sementes da própria transformação para que assim, floresçam novos caminhos, eternizados pelas lembranças.

Que busquemos o convívio, onde estivermos, usando a comunhão como uma escada do auto-conhecimento. Expurgando as sombras do inconsciente, tal um céu límpido a refletir os raios solares da inspiração, sem a obstrução das nuvens.

Que os pesos dos remorsos passados, sejam substituídos pela leveza das ações no presente. Deixando de lado as abstratas hipóteses do "e se..." pelo fato concreto de "ser e fazer".

Aprender a perdoar o intimo é reconstruir as bases fragilizadas. A fé também é valioso instrumento frente a paralisia, pois elevando o espírito, tira da apatia o corpo.

Encarar a dor intima de frente e lidar com a dor alheia, também nos devolve a lucidez do sentimento e nos faz ponderar a nossa realidade. Agradecemos e lembramos das  pequenas coisas, que a rotina comumente nos leva a esquecer. Tal a gentileza de estender flores, de apreciar estrelas, enfeitando o jardim do universo ou fazendo um buquê de luzes.

Que a intuição possa ser liberta, como duas asas, cruzando os espaços além do instante. Como um farol, cuja luz, revela e direciona novos horizontes, motivando a superação dos limites que impomos e as retenções do progresso que a imprevidência gerou.

Que possamos dedilhar as liras do ser, deixando a melodia da existência, ressoar livremente. Sem mascaras e sem armaduras, apenas a bandeira branca da paz.

E assim, que tudo encontre rumo e se arrume em uma trilha reta e segura, dissolvendo as pegadas vacilantes e as renovando com o amor, que conduz a criação ao Criador, um verso ao Universo.



quinta-feira, 6 de novembro de 2014

A razão das ondas



Na mitologia grega, Poseidon, o Deus dos Oceanos, justificava a turbulência ou a calmaria do mar, de acordo com suas emoções. A ciência,por sua vez, revelaria a ação dos ventos, que incidindo sobre a superfície da água, gera o movimento da mesma . E assim nessas múltiplas analises do perpétuo movimento, a psicologia assumiria tal elemento como simbolo das oscilações dos sentimentos.

Acostumados a contemplar as ondas,levando nossos pensamentos e trazendo a renovação de idéias, comumente, não observamos a nossa relação com o mar que habita nosso interior.

Talvez o surfe, seja uma metáfora perfeita para ensinar este equilíbrio emocional. O surfista ao se manter de pé, dentro da instabilidade de uma onda, tenta domar o inconstante e aceitar a permanente mutação. Aprendem a flexibilidade de nadar quando a maré abaixa e aproveitar as oportunidades únicas que surgem e logo se desfazem.

Ainda nas tormentas, a prática ensina nova lição. Quanto mais nos debatemos para sair, maior a imersão, menor o nosso controle, consequentemente afogamos e não vemos o momento com clareza. Já aqueles que ao serem tragados, preservam a serenidade de olhos fechados e se deixam levar, em alguns instantes de concentração, sem movimento, sentem o corpo emergir, repousar e encontrar novamente a segurança da terra firme. Enfim, livres da agitação.

Não racionalizemos tanto as situações, criando labirintos rígidos de pensamentos, pois uma tentativa de justificar saídas, muitas vezes promove a perda de nós mesmos. A natureza é sabia conselheira e como as ondas, sempre iniciam, terminam e recomeçam sucessivamente, mas nunca do mesmo jeito. Que a razão assim, seja fluída e transparente como as águas e sigam a orientação dos bons ventos da inspiração.



quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Janelas


Janelas, olhos que se apagam e acendem no corpo de um lar. 
Enquanto a folha do tempo, livre voa
Vidas que de tão diferentes, se assemelham e através delas se encontram.
Cotovelos que repousam sobre a calmaria do mar, enquanto outros doloridos assistem a agitação das ruas. Ambos os olhares vem e vão, como ondas de carros ou ruas de areia...
Há quem sonhe, com a alma refletida nas estrelas do céu...há quem chore com a chuva que lavando, tudo leva...
Raios de sol, transpassam as frestas mal pintadas que anunciam um novo dia. Venezianas se descerram como cortinas de um palco cotidiano a revelar o ator da rotina no espetáculo da existência.
Uma janela é como um coração, nunca bate igual. 

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Modernidade à Deriva



Envoltos em um maremoto de informações. As percepções afogadas em ondas, que levam sentimentos e pensamentos para praias distantes. O espírito sufocado em um corpo anestesiado.

Músicas altas abafam os ouvidos e silenciam a voz do mundo. Olhares vidrados em telas imóveis, cegam a sensibilidade no entorno. Uma conectividade que oblitera a capacidade de empatia com as outras pessoas.

Nesse isolamento do mundo intimo, nos angustiamos pelo passado, de hipóteses que transcorreram sem vermos. Desenvolvemos ansiedades de um futuro, repleto de expectativas e urgências. E nos ausentamos do presente, no qual deveríamos estar.

A sensação de tempo se modifica em rápidos fragmentos. Adormecidos em nossas rotinas, somos despertados por bruscas mudanças e constatamos que não observamos o processo que levou a elas. Nenhuma ação parece suficiente, nestas milhares de janelas e mensagens que se abrem, sem mostrar um caminho. E por trás de milhares de seguidores, ainda vive o velho vazio, ignorado e em busca incessante.

Nesta jornada (COM)viver da lugar a (SOBRE)viver. Mesmo as companhias partilham a solidão, Embora  juntos fisicamente, permanecem distanciados pela razão. Embriagados de paisagens, cenários e fantasias, que tentam recriar, o paraíso interior perdido.


O medo de se aventurar em alto mar, vencendo os ventos acelerados de cada dia, mantém a humanidade enraizada em suas ilhas privadas "online". Como náufragos modernos, que lançam seus apelos "engarrafados", esperando serem encontrados.

domingo, 21 de setembro de 2014

O dilema do Equilíbrio



" Lamuriava pela falta de emprego, mas uma vez empregado, queixava do excesso de trabalho
  Lastimava a solidão, embora quando casado, ansiava por estar só
  Reclamava da ausência de provas para fundamentar sua fé, porém quando recebia evidências, descartava sem qualquer avaliação.
  Apontava o destino como responsável pelo azar, ainda que diante da sorte não desse crédito a destinação.
  Relembrava constantemente as perdas, mas enquanto tinha, apenas valorizava o que poderia ganhar.

O caminho do meio não está em reconhecer o que nos falta em cada momento, mas aprender como crescer em cada um deles. O equilibrista primeiro projeta sua alma do outro lado da corda para que depois a mesma retorne para buscar seu corpo."

domingo, 17 de agosto de 2014

Irmã

Nascemos de um mesmo ventre
Ainda assim, permanecemos anônimos um ao outro
Até que uma voz que confiamos e amamos, nos diz: Eis a sua irmã
Nos admiramos com uma estranheza 
E daquele ponto em diante aprenderíamos a arte de dividir o espaço, o tempo e a própria vida
Na tentativa de compreensão dos limites e das diferenças, conflitaríamos até que encontrássemos o caminho do meio
Diante de repreensões paternais e nas primeiras dificuldades gerais, nos uniríamos em defesa e proteção recíproca
Frente a inevitáveis comparações, surgiria a definição do que gostaríamos de ser e encontraríamos mutuamente, os traços a serem desenvolvidos e modificados
Gradualmente aquela incomum sensação inicial, esvairia, dando lugar a um amor puro e desprendido, um natural reencontro
Abandonaríamos as rivalidades da formação para a cumplicidade de termos nos descoberto
Lado a lado, passaríamos juntos pelas mudanças e transformações que nos convidariam a partir muitas vezes, nos ensinando a independência, embora já dependentes do sentimento que nos ligava...
Indo e voltando em movimento perpétuo como as ondas, sempre nos encontraríamos!
Já adultos, com a marca de tantas experiencias expressa em nossas faces, ainda vemos aquelas crianças que brincavam, brigavam, riam, choravam...
Lembranças que se reúnem em torno dos nossos pais, que mais do que a vida, nos deram um laço de sangue.
Uma amizade profunda e sincera de simplesmente, sermos irmãos!

domingo, 27 de julho de 2014

Amizades


                                      

Em algum lugar, sozinhos ou acompanhados, uma voz, ainda estranha, despretensiosamente inicia uma conversa. Assuntos desconhecidos, porém instigantes, despertam uma estranha familiaridade. O tempo parece mais curto, horas se passaram e continuam ali, juntos.

Gradualmente, um momento se torna uma constante, que entra na sua vida, sem se dar conta. Tudo parece leve, porque tudo passa a ser dividido: sorrisos, lágrimas, criticas, elogios,...

A amizade, mais do que uma confidente, é uma mágica afinidade que revelando o outro, nos leva a uma auto-descoberta. Uma impressão digital registrada na alma.

Mesmo quando as armadilhas da estrada, fazem os caminhos divergir e os diálogos se silenciam, persiste aquela presença, que nos acompanha. Uma lembrança companheira que nos reaviva apontamentos, consolações e direções.Um eco que reverbera em cada passo.

Repentinamente, distraídos, o destino promove o nosso reencontro. Por mais diferentes, que nos encontremos, tudo parece igual. Rimos novamente das crianças que fomos e nos emocionamos com
os adultos que nos tornamos. Abrimos os braços para a esperança em um abraço e num tratado silencioso, assumimos a nossa responsabilidade de sermos amigos.

Quer minha amizade? Puxe uma cadeira e sente para conversarmos.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Páginas em Branco




Comumente, escuto dizerem: - " A vida não tem nenhum sentido". Após alguma reflexão, constatei que o sentido da vida, talvez esteja justamente na falta de sentido. Complicado? 

Ponderemos um livro cujas páginas estão em branco. Sem sermos capazes de lê-lo, escrevemos o que desejamos, passando de leitor a autor. A vida ao se apresentar com lacunas, nos permite liberdade de criação e interpretação, sentindo e pensando de acordo com o universo íntimo que trazemos. Nos tirando do papel de telespectador passivo para ator atuante do roteiro que escolhemos.

Tal sentença também é proferida como uma frustração frente o inevitável, uma negação diante das dores e da morte. Neste caso, o imprevisível, nos leva a contornar a nossa previsibilidade nas ações. Através do que não podemos evitar, conduzimos nossas escolhas, nos adaptando e modificando. Exercitando a flexibilidade, a capacidade do desapego e da necessidade de controlar.

Assim como a pedra bruta diante do buril, que remove os excessos e revela a escultura. Encontramos na imprevisibilidade, não uma fatalidade, mas um fator que nos leva a ressignificar a vida.

Há quem a partir de uma mancha em um papel, pare de escrever. Há quem tome partido desta mancha no contexto que escreve. Há ainda quem simplesmente cubra a mancha e  ignorando, prossiga o que havia começado anteriormente.

Um papel em branco não é uma folha vazia, mas um caminho de infinitas possibilidades e descobertas. Conforme escrevemos, nos encontramos. O único vazio que podemos ter é a forma como olhamos para algum lugar.

sábado, 19 de julho de 2014

Ainda que...


                                              "Ainda que se perca, não abandone a busca
                                              Ainda que não viva para amar, ame para viver"

terça-feira, 8 de julho de 2014

Vícios Emocionais



É comum ouvirmos falar dos vícios físicos...E naturalmente os compreendemos, por saber que a dependência química gerada pelos mesmos, passa a ser requerida pelo cérebro como uma necessidade do corpo. No entanto, dificilmente escutamos falar, que as emoções também podem se tornar vícios. A repetição gera uma condição. E assim como podemos ingerir substancias nocivas, nosso cérebro é capaz de produzi-las sob o efeito de determinada intenção. Passamos então a querer repetir determinados atos ou emoções para produzir substâncias que após algum tempo, se tornarão uma necessidade.
Temos a tendência de separar nossas emoções de nosso condicionamento físico, como se estas fossem um fenômeno a parte. Freud ja havia percebido que estresse ou um quadro depressivo prolongado era capaz de adoecer o corpo. Os vícios costumam suprir ou disfarçar a nossa própria fragilidade...e por isso é difícil reconhecê-los ou nos libertarmos dos mesmos. A nossa dificuldade de escutar o problema dos outros está exatamente na dificuldade de vermos espelhado a nossa própria fraqueza.
Reeducar o cérebro é um processo difícil. A abstinência de uma necessidade gera a ansiedade, uma pressa por tampar um vazio que antes era ocupado ou saciado por uma opção. Esta ansiedade comumente produz irritabilidade e agitação, é uma forma que encontramos de indenização corporal.
Auto-Confiança, aceitação, força de vontade, compreensão e conhecimento, costumam ser instrumentos eficientes na libertação destas correntes. Jesus, um grande psicólogo, já havia dito: "Conheça a verdade e ela vos libertará". Conhecer a si mesmo, ter a percepção correta sobre os próprios atos, ser capaz de reconhecer as dificuldades, fragilidades e estar disposto a uma nova experiência e atitude, pode ser um retorno as rédeas da própria vida. Ao invés de sermos controlados pelas nossas necessidades físicas, perdendo a espontaneidade das ações que viraram uma rotina, passamos a agir com segurança e equilíbrio sobre nossos passos....
O cérebro é o cocheiro da carruagem corpo, seguros e aliados a ele, a estrada parecerá ter menos obstáculos e sinuosidade.

O abraço



"Abraços são laços rentes
Que quentes, aquecem o destino
Aquietam o tino na comunhão

Abraços são filhos da saudade
Os trilhos da felicidade
O retumbar de duas notas
Que valsejam a mesma emoção

Abraços são esperanças
Crianças em ciranda
Cujos risos se fazem guizos
Ecoando em um momento
O pensamento da intensidade

Abraços são as palavras do amor,
Ardor que desterra o calor
Que a alma encerra na calma

Abraços não tem idade, raça ou sexo
È o simples nexo da graça em habilidade
Eterna, terna e etérea de um suspiro

Abraços são os brindes dos corpos
Que emanam o vinho do espirito
Tilintam o sabor da vida
Em goles de dividida da diversidade

Abraços são os traços do universo
Delineados por um verso de silêncio
Imerso nas reticencias do encontro
Que abrem os braços do amanhã"

As flores da alma



Sede vós como as flores a exalar o perfume de vossa existência
Desabrochar a consciencia, voltando o coração para a luz de cada oportunidade
E quando as pétalas, por ventura cairem, que sejam elas, o caminho que vossos pés pisem
Não vos amargureis de ver a rosácea despida, pois na natureza ciclos findam para que outros recomecem
Uma flor nunca será a mesma, mas ainda assim, sempre será bela, quando em posse de si mesma

A origem dos sonhos



Muitas vezes ouvimos a exclamação: "Tive um sonho tão louco esta noite!". Estranhamente, eles sempre pareceram ter um sentido diferente para mim. Sempre guardaram alguma nitidez e mesmo quando abstratos pareciam revelar algum sentido. Costumava brincar, que sonhava com legenda.

O pensamento é uma energia sem forma e para ser compreendido utiliza roupagens que temporariamente o corporificam: assim nascem as palavras, a arte, os sonhos...expressões que antes de significarem, são formadas por associações de experiências que cada um traz dentro de si.

Assim como o mar, trazemos no pensamento uma superfície aparente, que se revela em imagens consistentes e nítidas traduzidas em sentidos diretos (consciência) e uma intimidade profunda, que se conserva obscura (inconsciente), que guarda a parte incompreendida de nossa natureza.

Mas o nosso inconsciente também utiliza uma linguagem, que embora seja codificada, é revelada, muitas vezes, pelos sentimentos, que se manifestam em sensações, estranhamentos, atrações e repulsas, nos dando referências para aquilo que não compreendemos de imediato.

E é neste instante que emergem os sonhos. Seja como uma expansão direta da consciência, na qual nos deparamos com pessoas, lugares e situações reais,ou como, uma desfragmentação do inconsciente que transforma nossas experiências em símbolos, uma forma da nossa mente organizar o momento pelo qual passamos.

"Sonhei com uma cobra em minha cama, sendo que tudo estava cercado por uma água turva." Pode parecer uma imagem sem sentido, se for lida de forma literal. No entanto, experimentemos abster dos julgamentos e substituir palavras por outros sentidos similares:

Cobra - Ameaça, Perigo, Veneno, ...
Cama - Intimidade, interior, privacidade,...
Água - Vida, Emoção (lágrima), ...
Turvo - Opaco, oculto,...

Junte novamente as palavras: "Sonhei que algo ameaça (cobra) a minha intimidade (cama), mas não consigo definir (turvo) emocionalmente (água). Agora, há um sentido que caberá ser analisado com o momento pelo qual se vive.

Não atribuam a este exercício, qualquer definição profética ou mística, mas como um instrumento de auto-conhecimento. Não descartemos as peças do nosso quebra-cabeça interior. Uma peça sozinha pode não ter um sentido aparente, mas as encaixe com outras e uma imagem importante pode ser revelada.

A loucura é apenas a incompreensão de uma realidade que não alcançamos, aprisionados ao momento e as convenções. Se a origem dos sonhos está diretamente ligada ao pensamento e nosso pensamento define o mundo o qual vivemos, também somos e vivemos o que sonhamos!

Se minha rua falasse...



Narraria todos os meus passos observados por suas largas copas:

- " O menino que corria, o homem que se tornou...
As aventuras nos antigos mausoléus "assombrados" que o tempo destruiria
Escombros de lembranças sob os quais se ergueria imenso prédio
Piqueniques nos canteiros dos edifícios imaginando grandes jardins
Crianças que se reuniam planejando sonhos diariamente
E Decoravam suas calçadas para grandes ocasiões
Até se tornarem adultos que dispersariam além da esquina do mundo
A descoberta do primeiro beijo, envergonhado, entre promessas pueris
Uma liberdade de ir e vir sem medo, perdida com os anos, pelas grades de um lar "seguro".
Alguns partiram, outros chegaram, alguns dividiram, outros multiplicaram
Os silêncios deslumbrados pela janela
Algumas lágrimas escorridas, alguns sorrisos despreocupados
As noites em claro, os dias corridos e decorridos"

Minha rua assim pensaria...entre folhas caídas, carros que passaram, pedestres que transitaram
E ela ali parada, porém em movimento como um casulo em transformação

Por muitas ruas passamos, em algumas nos fixamos, mas não moramos numa rua, a rua é que mora em nós.

Máscaras



Máscaras ocultam a personalidade, revelando uma fantasia ou um alter-ego. Protegendo o lado humano e ofertando o impossível alem do bem ou do mal, do natural ou sobrenatural.

Bandidos velam a face para cometerem crimes, exteriorizarem seus piores instintos e assim, isentarem-se de qualquer responsabilidade.

Heróis, em contrapartida, se fantasiam encontrando a coragem que uma pessoa comum não teria diante das dificuldades. Além de resguardarem aqueles que amam da consequência do que representam.

Atores usam diversos figurinos, assumindo múltiplas personalidades, preservando por trás dos mesmos, sua própria individualidade.

Sacerdotes usam adornos, silenciando a matéria para a manifestação da divindade. Revestem-se com a invisibilidade sagrada, anulando a profanidade das questões terrenas aparentes.

E as máscaras sociais?

Muitos se disfarçam através de refutações, teorias e posturas.
Negam e rejeitam o que gostariam para defender o ideal frustrado ou aceitam e recebem incondicionalmente o que não gostariam para não se sentirem excluídos e isolados.

Alguns abraçam responsabilidades maiores do que podem para não reconhecer uma possível fraqueza. Outros não podem parar um instante para não entrar em contato com o vazio interior velado.

Muitos assumem papéis em cada situação e se esquecem de seus sonhos e objetivos, renegando aquilo que sentem e pensam.

Há quem diante de tanto tempo utilizando uma mascara, não se reconheça sem ela. Acreditando serem o personagem que criaram algum dia.

Mas sempre chega o momento que as luzes do palco apagam, as cortinas fecham e precisamos nos despir e encarar a nossa nudez.

Deixemos as máscaras repousadas e assumamos a vida de riscos da exposição de nossas verdades, promovendo mudanças sem disfarçá-las e aceitando enfim as infinitas possibilidades de sermos simplesmente aquilo que decidimos ser.

Nova Era



Uma nova ordem mundial se anuncia. Paralelamente às transformações naturais que o mundo sofre, as estruturas e ideologias planetárias se modificam. A renovação do indivíduo começa a ocorrer possibilitando as novas configurações necessárias ao período que se aproxima.

Novas Consciências se comprometem a despertar a humanidade. A natureza de sua missão poderá ser apreendida através do desenvolvimento tecnológico que modifica aspectos básicos da rotina e ações exemplares de solidariedade e incentivo social.

Algumas mentes obliteradas em reter os avanços, desperdiçam esta oportunidade nos testemunhos surpreendentes de psicopatia ou da corrupção que desestrutura a confiança nos setores nobres do serviço.

Como todo fim de um ciclo, a humanidade reassume algumas características da sua origem. Um simples modelo instrutivo é a infância (início) e a velhice(fim), fases distintas de um desenvolvimento, que se assemelham.

É assim, que o mundo lentamente desfaz o patriarcado secular e elege o matriarcado como instrumento de poder, rememorando a sua origem civilizatória. Da mesma forma, a moral inflexível, após transfigurar-se em libertinagem irrestrita, assume uma nova postura: uma liberdade moralizada. Eis o direcionamento de uma lei natural do universo: o Equilíbrio.

Em tempos onde "catástrofes" eclodem em diversos recônditos, a fé será valioso instrumento, pois será o único caminho permanente diante da transitoriedade da matéria. O homem se defronta com o seu estado essencial: a única coisa que lhe pertence é o próprio espírito ou o direito inalienável de "SER".

O anseio diante das bruscas transformações, inverterá os paradigmas mundanos, incentivando a interiorização dos homens, o inquérito íntimo e conseqüentemente , sua espiritualização. A intuição/inspiração, a partir deste ponto, torna-se um processo espontâneo e habitual.

Toda reforma de um espaço parte de um principio definido: a destruição.

Os grandes impérios, responsáveis pelo estandarte do planeta, entram em declínio, convidando os sistemas econômicos e filosóficos, a revisarem seus valores. O capitalismo, que por tanto tempo justificou os interesses imediatistas, dará lugar a um sistema novo onde o homem será valorizado pelo seu esforço individual, sem regalias de hierarquia ou posição assumida.

Interesses estrangeiros movimentam oposições internas em países arraigados em estruturas rígidas e inflexíveis. Embora as motivações, não objetivem o progresso, os conflitos agitam reflexões populares que juntamente com inserções ideológicas exteriores, promovem o crescimento cultural.

O convívio entre as diferenças/opostos revelará a necessidade complementar de suas características. Assim, a Medicina ao atribuir a "mente" como arma catalisadora dos processos degenerativos do organismo humano, insere o fator "invisível" no campo científico. Em contrapartida, as análises detalhadas computadorizadas derrubam, traduzem e comprovam os mitos sustentados pelas religiões, até então como dogmas inquestionáveis.

A elevada concentração demográfica aproxima as diversidades e a integração faculta a superação dos pré-julgamentos, trazendo a tona a realidade máxima: Acima de qualquer gênero, classe ou raça, vive a Individualidade com todo seu potencial.

Esta concepção ecoará através de diversos meios e instrumentos, sem privilégios ou sectarismos, apontando os caminhos da Nova Era, cuja observação já é possível na Atualidade.

"Olhos de ver e Ouvidos de ouvir". Unam as mãos, descerrem os corações e despertem para o processo que está ocorrendo. A nova palavra de ordem é: AMOR.

O mirante



"Sentado em um mirante rochoso,
Ondas quebravam na encosta, como os pensamentos que iam e vinham
O olhar fixado na linha do horizonte, tentando transpor o limite entre o céu e o mar
Em uma vã tentativa de enxergar o outro lado, buscando respostas para íntimas questões
O vento uivava, interrompendo o momentâneo silêncio
E um tímido raio de sol superava a resistência das nuvens, apontando o caminho
Apesar dos movimentos exteriores, o tempo parecia imóvel
Dúvidas e incertezas eram diluidas e renovadas como a areia em contato com a água
E em um mesmo instante, embora tudo permanecesse no mesmo lugar, nada era como antes, nem ele próprio
A paz que ali foi buscar, agora estava viva e emoldurada dentro de si
Assim, se levantou e partiu, a noite que se esboçava, se despedia de um novo homem"

Pequenas Corrupções



Comumente ouvimos um clamor, justo e popular sobre a "corrupção do país", no entanto, observo que poucos são capazes de atentar para 
as pequenas corrupções que comete.

Muitos falam em direitos, poucos se comprometem com os deveres.
Muitos cobram posturas, mas são incapazes de se responsabilizar pelos próprios atos.
Muitos pedem mudança do mundo, argumentando com orgulho que precisam ser aceitos do jeito que são.
Muitos reclamam dos impostos e assaltos sofridos diariamente, sem ponderar que são ávidos por vantagens fáceis.
Muitos clamam por igualdade e respeito, pregando diferenças e cotas em uma luta separatista.
Muitos exigem estruturas eficientes, sendo um funcionário com má vontade e pouca dedicação ao trabalho.
Muitos se julgam explorados, mas na primeira oportunidade assumem o papel de exploradores.
Muitas queixas são levantadas sobre as inundações durante as chuvas, mas a luz do sol, o lixo é jogado na calçada.
Muitos rogam justiça e compreensão, apontando e condenando tudo e todos.
Muitos lastimam a violência, mas se eximem da educação e gentileza.
Muitos bradam a desassistência, mas são incapazes de um gesto de altruísmo.

Efetivamente, a assepsia moral começa com a mudança de valores pessoais. O sábio dito popular assevera: "Cada país tem o governo que merece". Que nos esforcemos por um governo melhor.

Um dia de solidão



Um dia de solidão seria capaz de transformar o olhar de quem atento estivesse. Inicialmente acometidos pela cegueira e surdez da alma, seria doloroso perceber a escuridão e o silencio do mundo. Até que a luz e o som da percepção nascessem e os sentimentos se elevassem à pele para registrar os estímulos do entorno. 

Neste dia, surpreendentemente, reconheceriam cada detalhe do universo, que somos convidados a estar. O abraço quente dos primeiros raios da manhã, a caricia dos ventos, as lágrimas compassivas e misericordiosas do banhar da chuva sobre o coração, a alegria expressa no sorriso das crianças, os desenhos grafados em conjuntos de constelações, a ternura melodiosa nos cantos dos pássaros e o brilho do olhar no luar que rompe as sombras da noite.

Porque solidão é vinculada a tanto sofrimento? Uma emoção que julga distante, o que mais próximo de cada um está? Uma busca fora de si de tudo aquilo que está guardado dentro, ignorando a palavra intima que fala?

As relações refletem a essência e apenas por ela se dão. A dor apenas funciona como o parto do despertamento, apontando o amor que adormece no útero do pensamento.

Uma abertura para este momento, revelaria um novo mundo: todos passariam a ser importantes, não mais apenas os restritos redutos da convivência. Cada personagem que passasse no palco da vida, deixaria com sua presença uma impressão não mais esquecida no tempo e reinaria a felicidade desta comunhão “desconhecida”.

Ninguém estaria mais só, mas cercado pela família universal. Não ouviria mais o eco do vazio, pois escutaria a palavra divina tocar o instrumento do corpo, como o som da maestria de um musicista sobre seu violino. Subitamente a claridade voltaria e uma infinidade de cores seriam percebidas, não mais limitadas nas extremidades, mas em todas as matizes que fazem esta suave transição, tal como o arco-íres.

Aqueles que caminham sozinhos, aproveitem esta oportunidade para transformar, tendo confiança que nenhum caminho tem outra finalidade senão a educação, pois apenas pela compreensão, reconhecemos a liberdade e o amor. Nada que seja sagrado pode ser definido pela negação. Os únicos obstáculos e restrições da estrada são: a própria consciência nos círculos repetitivos que criamos em nossas existências.

Depreender, depurar e aprender, enquanto imerso neste instrumento chamado corpo. Um mergulho nos mistérios da vida, durante este sonho da alma, que chamamos existência. Quando o espírito partir, apenas portamos os frutos colhidos durante este período vivido.

Escute a intuição e o que cada um que cruzar o caminho tem a dizer, preferindo o silencio da boca e a utilização do ouvido.

Que a paciência possa ser o caminho da paz. A felicidade atingida pela habilidade da fé e que a caridade exercite o carisma!

Ainda assim, quando nenhuma palavra os confortarem, procurem lembrar da sombra que os acompanha o tempo todo e que na correria dos seus passos, sem olhar para o chão, dela se esquecem.

Homenagem às mães



Mãe,
Nasci por você e até o ultimo dia da minha vida, morreria por você. O seu beijo é o primeiro raio de sol a me despertar e o último feixe de um luar a me adormecer. Sua presença em minha vida define as estações de quem eu fui, de quem eu sou e de quem ainda serei.
Meu primeiro choro foi a partida de seu ventre. Meu primeiro sorriso foi ser recebido em seus braços. A primeira palavra que aprendi foi amor e com este amor me apresentou o mundo. Aprendi a falar para pronunciar: mãe! Meus primeiros passos foram em sua direção e por mais que a vida dê voltas, sempre torno ao seu encontro.
Com você aprendi que amor também é sinônimo de renúncia. Renunciou seu tempo para me dar atenção e carinho, abdicou com trabalho para nada me faltar. Sorriu quando queria chorar, me demonstrando força diante das dificuldades. Disse ter, quando carecia, apenas para que jamais abandonasse meus sonhos, muitas vezes utópicos. Tantas vezes esqueceu de você mesma para lembrar de mim.
A criança se transformou em homem, mas diante da dor e da dúvida, como um menino, torno ao seu colo em busca de conselhos. Sempre pareceu saber tudo, mas provavelmente porque você é a referência de tudo para mim.
Se algum dia, cometi a injúria de reclamar sobre sua árdua tarefa materna, acredite foi por medo de sua ausência ou pela minha incapacidade de fazer o impossível pela sua eternidade ao meu lado e sua felicidade constante.
Gostaria de lhe presentear, mas que presente é maior do que uma vida? O que escolher, quando eu fui escolhido por você? Tudo faço, porque você fez tudo por mim! Tudo tenho, porque você deu tudo para mim. Minha vida é reflexo da sua.
Enfim, sou a semente de um amor jurado no altar. Sou o eco de sua voz que hoje repete para você, mãe: “Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte nos separe (temporariamente).”

Arte da superação



As dificuldades são as verdadeiras oportunidades de exercitar tudo aquilo que temos aprendido. Podemos ser vítimas, nos anular em lamúrias, sem aprender o valor de cada momento ou assumir a luta e como autor, ser responsável pela própria história. Muitas vezes, queremos o fogo, mas nos lastimamos por só ter galhos e pedras. Tudo é possível com uma faísca de vontade.

Reminescências



Manifestamos nossas lembranças em cada gesto
Trazendo a tona personalidades perdidas no tempo
O que sou hoje é um retalho dos muitos que ontem vivi
E precisei esquecer para recomeçar
Um novo corpo com antigos pensamentos
Um novo ideal em um velho espirito

O personagem vive até que as cortinas cerrem tal espetáculo, as luzes se apaguem, os aplausos se silenciem e o figurino fique caído no chão,
Libertando o ator para novas e infinitas oportunidades de atuação no palco da eternidade

Sincronicidade



Em um mesmo bairro, porém em lugares diferentes...

10:00 - Carlos disca o número errado. Marina atende. Sendo engano, ambos desligam o telefone. Eles não se conhecem.

11:00 - Marina decide passar numa feira, atividade que nunca realiza. Carlos é chamado as pressas para uma reunião no trabalho.

12:00 - Marina, enquanto caminha, recebe uma ligação no celular de uma grande amiga, que não via há tempos. Carlos dirige rumo a empresa, quando o telefone toca, trazendo um problema em seu banco, que o desconserta. Ambos estão distraídos.

12:30 - Sem observar o semáforo fechado, Carlos avança. Marina é atropelada por ele.

13:00 - Carlos conduz Marina ao hospital. Ele abalado emocionalmente pelo acidente provocado. Ela atordoada fisicamente pelo trauma sofrido.

14:00 - Marina faz uma série de exames, que atestam não ter sofrido nada grave. Carlos aguarda ansioso por uma posição dos médicos.

14:30 - Marina e Carlos, mais calmos, se reencontram. Ela agradece e ele se desculpa. Se abraçam constrangidos, enquanto se despedem.

Um ano depois, se casariam...

Caminhada Noturna



Transitava pela noite. As ruas estavam silenciosas, umedecidas da garoa que houvera caído poucos momentos antes.
Poucos pedestres eram avistados, mas quando algum solitário passava, motivava reflexões do porquê de ali estarem.
Olhos evitavam encontros, esgueirando-se pelas sombras, quase assustados, em um ritmo acelerado.
Na escuridão nos encontramos com nós mesmos, defrontamos com nossos medos, acendendo a luz da inspiração interior.
Nos tornamos observadores do entorno em um instinto de proteção, como um casulo, que nos resguarda até que as asas de um novo dia possam ser abertas. Sonhamos no entardecer, realizamos a cada nova manhã.
E nessas reflexões tardias, o destino se aproxima. A lua, agora, fica do lado externo, como o olhar de uma guardiã na fechadura do céu.
Tranco a porta, fecho os olhos até um espreguiçar solar....

Reticências



Quando o silêncio fala
A voz se cala
Em um sentimento que enternece
Através das teias que tece
Com as Linhas invisíveis do destino 
Trilhas do Tino em reticência...

Vento dos Versos



"Os ventos são as palavras da natureza e os versos, a natureza das palavras" 

Diretrizes



Dirigir é discernir no agir
Condução sem iniciativa é ação perdida
Assim, corrige sem rigidez
Transforma com afeto, mas forma sem afetação
Coordenar é ordenar em cooperação
Colabora, mas elabora e ora
Embarca com a tripulação, sem embargos das tribulações
Arca com as responsabilidades, ciente das limitações das próprias habilidades
Quem delega, deixa um legado

Filosofia das Partes



Refletindo sobre os mistérios do dia e da noite: Sorrimos com a chegada de pessoas que como o sol se erguem por trás das montanhas e choramos com a ausência que como a lua, muitas vezes é misteriosa. O dia revela, mas a noite mantém encoberta. O amanhecer afasta as sombras, mas no anoitecer, a escuridão traz dúvidas e incertezas. O dia apresenta o espirito, a noite oculta os corpos.

Talvez por isso, o dia pareça sempre um começo, repleto de esperança. Mas a noite é sempre o fim, uma apreensão e ansiedade para o próximo dia que não saberemos o que esperar. Vivemos e morremos diariamente. Ganhando um novo dia e perdendo o que passou. Ganhando um futuro, perdendo um passado. E o presente ali no meio, inteiro, o todo, o interlúdio do eu, que é o exato instante entre o dia e a noite. Momento que a lua e o sol aparecem juntos no céu.

Viver é a arte de se equilibrar entre as dualidades, construindo pontes entre as extremidades, para dar continuidade ao caminho interrompido temporariamente por um rio chamado Decisão. Prosseguir é pró(além ou mais) + seguir, ou seja, seguir adiante, além dos horizontes...Até que a metade do que somos encontre o preenchimento das lacunas perdidas no tempo e passe a ser inteira em si mesma...Neste instante, o amor que se dividia em dois corpos, passa a ser inteiro em apenas um...E enfim a doação se torna universal... ou uno verso de amar...Sem mais separações, divisões ou perdas...