terça-feira, 26 de maio de 2020

Amei

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“Só dou amei no que eu gosto muito”.
Me desculpe, mas não economizo “amor”. Não sei gostar pouco. Minha natureza é exagerada! Não importa se é um meme, uma foto, um texto, um bicho ou reflexão.
Tudo me faz ver a vida de um jeito diferente, porque amar é diferente. Não é indiferente! Amor não é propriedade de um casal. Amor é a sua união com o mundo que está.
Se para quem postou importa, porque não me importar também? Se alguém partilha seu mundo é um privilégio conhece-lo. E não precisa ser conhecido, porque quando se abre para o que recebe, a vida sempre multiplica. Desconhecido só é, enquanto não se reconhece.
Nunca precisei de motivos. Em tempos virtuais, é preciso coragem para ser
E-motivo.

Can-sei


A imagem pode conter: grama e atividades ao ar livre
Depois de andar tanto, em algum momento, você para e respira.
Não entra mais em ruas sem saída ou histórias mal contadas.
Prefere deixar ir o que nunca veio para ficar.
E estranhamente, fica bem assim. Para de dizer para si mesmo que sofrer é um bem.
Aceita a imperfeição do momento e a liberdade de ser irregular.
Para de se justificar ou procurar desculpas.
E quem não estiver de acordo? É gentileza que abra a porta para sair.
A repetição cansa e para descansar só mudando o jeito, o lugar...
Desapegar de quem tem sido não é fácil, mas ainda mais difícil é insistir na disfunção de ser o que não atende.
Não há mais tempo para perder. Você não quer mais ser achado, porque só você precisa saber onde está.
Cansei de tentar não desistir ou da insistência de que erro é fracasso. Não se importar com o resultado é sucesso.
Cansei desse discurso de ser forte, você não julga uma flor pela sua fraqueza!
Felicidade eterna? Me contento com a eternidade dos momentos. Eles duram! Já a felicidade ou tristeza? Sempre passam.
Cansei dos palcos, de ser protagonista e decorar minhas falas! Vou sentar na platéia para rir, chorar e me permitir sentir ao lado (de dentro).
Quero evitar o cansaço de dizer para mim mesmo que não estou cansado.
Deitar no chão sem esforço e mesmo que não faça sentido, enquanto todos caminham, sentir o sol.

Trago seu amor de volta em 3 dias


A imagem pode conter: texto que diz "BUZIOS CARTAS TRAGO A PESSOA AMADA A SEUS PÉS TRABALHOS GARANTIDOS"

Trago sempre me lembrou tragar. Tragar é um vício. E como vício causa dependência, ainda que não faça bem.
Sempre achei graça nessa mandinga. Mandinga lembra mendigo. Pedinte. Mas nesse caso, a miséria é emocional. Esmola de sentimento.
É um tanto irônico alguém querer de volta, o que naturalmente partiu. Querer em 3 dias, o que em anos não deu certo.
O trabalho é garantido, mas sentimento não tem garantia. Não há atestado, é um teste dos dois, que quando um não quer, nem reza forte muda.
É realmente uma amarração. Ficar amarrado em uma ideia, que com medo de deixar ir, não vai para frente também. E ainda paga o frete.
Preço alto por algo que não funcionou. Que tentando preservar a qualquer custo uma lembrança, acaba se esquecendo o amor próprio.

Não sei amar

Nunca soube o que é amar.
Ainda que tenha dedicado maior parte da minha vida ao amor. Mas como se ama sozinho? Expandindo o peito de tal jeito que nem você caiba dentro de si. Você dá tudo, porque não tem nada. E ainda assim, o que sobra? Amor. Porque amor tem reserva infinita. Ele lhe reserva o infinito, por mais finito que pareça o seu ser. Ele vive, mesmo quando você morre.
Ele pulsa, mesmo quando não há mais pulso. É impulso e ele lhe expulsa do lugar comum que você julga estar. Amar não é comum. Porque é um sentimento que não se pode imitar. Ele é único para cada um do modo que se recebe e dá. Nunca soube amar, mas penso que amor não espera que ninguém saiba, pois quando quer, ele mesmo ensina.

Contar


Há quem conte seguidores.
Há quem conte o extrato bancário.
Há quem conte o número de vítimas de um momento.
Há quem conte os dias preso em casa pela impossibilidade de sair.
Mas porque você não conta para mim:
Quem é você de verdade?
Quantas vezes caiu? Ou tudo que realizou?
Quantas vezes olhou o céu? Ou simplesmente dormiu?
Quantas vezes recomeçou? Ou só disse que iria mudar?
Quantas vezes contou a mesma história? Descobriu um novo talento?
Quantos defeitos você tem? E as suas qualidades?
A vida não é um roteiro perfeito escrito por um coach.
A vida é o que você escreve diariamente e na maioria do tempo, sem ninguém ver.
Estar consigo, não é estar só, mas descobrir uma infinidade de universos que nunca conseguirá contar.

Augustiado

Arte mal-dita
Que não expressa
O que tenho pressa em dizer
Destino selado
De quem vive nas células
A própria cela
Cadeia perpétua de genes
Quando, por vezes, nem é gente
Extraindo de si o que salva
Na esperança de ser salvo também
Alvo longínquo
De um colóquio entre minhas partes
Tão partidas
Que partem antes de alcançar
Ao cansar de tentativas
Só. Expectativas
De quem espera viver
Mas dorme

Amor em fases

O amor na infância
É apenas um sonho
De duas crianças
Que queriam crescer
É preciso ter o coração grande
Porque amar não cabe em sentimentos pequenos
O amor na adolescência
É a mais bela aventura e rebeldia
De duas almas que tem pressa
De se afirmarem juntas no mundo que descobrem
Dispostas a lutar apenas para se reconhecerem um no outro
Porque amar é superar os próprios limites e descobrir a melhor versão
O amor na vida adulta
É decisão compromissada
De duas histórias já escritas
Que se encontram para mudar o roteiro
Cansados dos números (além dos a mais na idade): dias trabalhados e contas no fim do mês
Perdem a conta das horas juntos enquanto caminham na mesma direção
São partes tão inteiras que quase parecem metades
Porque o amor divide o muito que tem
E multiplica aquilo que sente
E não ha nada mais responsável que escolher amar
O amor na maturidade
Tem os cabelos brancos como a paz
Não pelos movimentos lentos
Mas porque aprendeu a apreciar os momentos
É a volta ao início
De quem apesar da aparente fragilidade
Tem os sentimentos mais fortes
E não se importa mais com o tempo
Mas com a perda de tempo de não se importar
Amar é repouso de quem faz casa no coração
O amor se confunde com a vida
Porque é preciso amor para viver
E embora nenhum amor se perca com a morte
Uma vida sem amor é pior do que morrer

Eles/Elas que lutem



Amor na fase adulta é uma guerra armada. Ambos feridos, sobreviventes de histórias e carregando seus fantasmas. Dois corações murados e na defensiva tentando encontrar um no outro uma brecha, uma paz,...
Mas algo que começa animado, vira um campo minado.
E embora ambos queiram que vá para frente, sempre há um pé atrás. Esperando o melhor do outro, enquanto esconde o seu melhor. Querendo viver algo inteiro, mas escolhendo apenas a metade. O problema de metades é que sempre falta um lado e logo, também se sente de lado. Reaviva machucados até que estar só pareça melhor que acompanhado. Se cercar de muros é seguro, ainda que não veja a paisagem ao redor. “Eles/elas que lutem” é enfim uma batalha perdida, de quem se rende, mas ainda assim, morre pelo amor.

Vácuo



Vácuo não é aquilo que o universo está cheio
Mas aquilo que lhe deixa vazio
Fora de órbita
É pergunta sem resposta
Frase sem conclusão
É espera indeterminada
Ou simplesmente ficar na mão
É viagem sem despedida
Ou silêncio que dentro grita
Vácuo é assim
Sem sim ou não
Só um talvez (sem vez)
Até que você canse
E mande tudo para o espaço:
“Vá-cuo Deus”