domingo, 31 de maio de 2015

Solidão em 4 estações



Solidão...

No amanhecer do sol de um dia
Ao padecer, só, em vigia
Na reunião comum que difere
Na união com um que lhe fere

Solidão...

Numa tarde fria
Ao lado de alguém que ria
Sendo amado por quem não ama
Amando quem não lhe ama

Solidão...

No vagar de um noite bem branda
Um lugar que não note quem anda
Uma trilha sem esperança
Uma ilha de intemperança

Solidão...

No virar sempre de um dia
Ao respirar sem fantasia
Na habilidade de sair da descrença
Na solidariedade de dividir a presença

sábado, 30 de maio de 2015

A alma de um escritor


Dizem que espíritos não existem, mas porque tantas vezes me sinto invisível, trafegando incólume em poesias, que a atualidade tanto nega?
Atravesso paredes de sentimentos e preciso procurar por percepções raras e sensíveis que consigam me traduzir ao mundo?
Nesta imaterialidade que vivo, a fé se sobressai a religião. Aqui todos os caminhos levam ao mesmo lugar: amor.
Aqui há consciência de que não somos um único personagem, mas guardamos uma pluralidade dentro de nós.
Mais do que progresso, somos uma evolução. O progresso retifica, a evolução aperfeiçoa.
Na minha visão de alma errante, nem morte há, apenas mudança de ciclo. Tudo é contínuo e está em permanente transformação.
O tempo não é linear...passado, presente e futuro se sobrepõe como uma espiral.
Sim, sou um espírito, mas não estou morto. Pois nesta minha transparência escrita, tudo é vida! E não vivo por um momento, mas luto pela eternidade!

sexta-feira, 29 de maio de 2015

O êxtase do escritor


Perdoem o que sinto, embora ainda assim, sinta. Um desejo quase tenso, intenso... Uma entrega plena e lenta.. De pensamentos e momentos, que escrevo sem parar... Quase sem respirar...Nessa vontade insaciável e inviável de sonhar...Me fazer presente, preencher o espaço ausente... No prazer, terno, etéreo e eterno da imaginação... Que fantasia a ação, extasia a comunhão da alma, que agora escrita, se acalma... Com a vida, agora simplesmente dividida...

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Viagem Conectada


"Digas o que teclas, que eu te direi quem és"

Os olhos, vidrados na tela, pareciam fazê-la alheia a realidade. Uma redoma protegida e estática como uma ilha virtual. Embora distanciada emocionalmente dos fatos que ocorriam ao redor, sem atentar-se a nenhum detalhe, não conseguia, nem se preocupava, em esconder suas reações. Ria, agitava a perna, contraía a face, demonstrava ansiedade, abrindo e fechando várias vezes os mesmos aplicativos. O corpo parecia inerte, mas a alma estava em pleno movimento, vagando por um universo infinito. 

Disfarçava a solidão do mundo, aproximando quem nunca foi tão próximo. Mais do que isso, criando laços e amizades intimas com as mesmas pessoas, que no dia a dia, mal conseguia encontrar. Conhecia em segundos, detalhes de inúmeras vidas, que quando ao lado vividas, não conhecia. Guardava e interagia com sua memória viva,todas aquelas pessoas, que por ironia, o destino havia levado para caminhos distantes, ainda que aparentassem estar diferentes do que era capaz de recordar.

Se apaixonava, as relações mais intensas, partilhando confissões, que seria incapaz de fazê-las, se seus olhos fossem desnudados.Se revelava mais entregue do que, possivelmente, se entregaria. 

Todas as distâncias pareciam superadas. Não apenas do mundo, que indo além do ir e vir de uma massante rotina, se estendia pelos recônditos mais inóspitos. Mas também da própria ignorância, que tendo todo o conhecimento nas mãos, parecia não mais existir.

Não percebeu uma pessoa em todo o trajeto, ainda que o seu roteiro virtual a tenha levado a auto-descobertas. Não viu uma árvore, ainda que tenha curtido toda uma floresta trilhada. Não deu um abraço, ainda que tenha recebido milhares através das palavras. Não admirou um animal, ainda que tenha compartilhado vídeos incríveis sobre os mesmos. Não leu um livro, embora tenha consultado uma biblioteca de milhões de e-books.Não viu o tempo passar, ainda que o dia tenha cedido
lugar a noite.

E em um simples esbarrão de um estranho, que mesmo não notado, esteve todo o tempo ao seu lado, sentiu como o despertar de um sonho. Tudo parecia lento outra vez...A percepção demorava a ajustar-se, tentando entender o que acontecia...
Guardou o celular e seguiu como se nada tivesse ocorrido...

O sonho


Então o mundo adormece...
No sonho, qualquer nome se parece

Não há mais crença, raça ou sexo
Nem diferença, trapaça ou nexo

Não há leis e nem chefia
Todos são reis de fantasia

Tudo é livre e permitido
Sem melindre ou proibido

A alegoria dos fatos
A memória dos atos 

Momentos quase possíveis
De pensamentos impossíveis

O corpo é mera impressão
Adorno da quimera em ação

Ao semear a dormência merecida
Permeia a vivência esquecida

As noites encerram enfim sempre iguais
Os olhos que despertam no fim, desiguais

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Bicicleta e Morte (Homenagem a um ciclista carioca)

Então você vai caminhar
Respirar ar puro e pedalar
Quando escuta com pesar: "Ai! Perdeu!"
E pensa: "Ai meu Deus! Nem deu"

Tudo dá e ainda assim dança
Uma faca que atravessa a pança
E de braços abertos, cai no chão e chora
Como o Cristo que do alto olha

E mesmo na ciclovia, diante da morte
Balbucia uma prece de grande porte:

" Diante desta Lagoa tão linda me despeço
  Que o prazer não mais doa e a trégua peço
  Que sejamos livres para praticar esporte
  Que vivamos sem melindres e sem precisar de sorte

  A violência desigual não nos mova e seja conduzida
  A virulência do mal não promova novas partidas
  Através da educação enfim pelo povo esquecida
  E a ação da justiça como fim, quando merecida

  Que Deus neste momento me leve
  Que a seus filhos o pensamento eleve
  Que a dor morra agora comigo
  Que o amor socorra nesta hora os amigos"

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Problemas da Modernidade - Parte I (A pressa)



Porque quando se está com pressa:
A) Tem sempre uma pessoa, que entre escolher o lado direito ou o lado esquerdo da calçada, resolve andar no meio...
B) Você quer atravessar a rua e um táxi impede, achando que você está querendo pegá-lo...
C) Você está no térreo e o elevador no último andar e quando ele finalmente parece chegar, ele passa direto para a garagem (subsolo)
D) O telefone toca na hora que está saindo de casa
E) Quando precisa de uma informação, a internet está fora do ar ou a pessoa com quem você precisa falar, não atende...
F) Acaba a tinta da impressora ou dá um "erro fatal" justo no arquivo que você precisa entregar
G) Você chega no ponto de ônibus ou na estação de metrô, no exato momento, que eles acabam de sair...
H) Você não encontra a roupa, que havia imaginado vestir.
I ) Todos os sinais de trânsito, estão dessincronizados, quando um abre, o subsequente fecha e quando finalmente tudo parece que vai fluir, um acidente de trânsito ou uma blitz, obstrui toda a via!

Se "a pressa é inimiga da perfeição" e o ser humano é imperfeito", logo somos amigos da Pressa...
Será que a pressa é amiga da "previdência"? Preciso conversar mais com ela...

(En)Cont(r)o


Toc toc toc... Bate um Coração na porta de outro coração...
- Alguém em casa? - Pergunta apaixonado
Apenas o silêncio respondeu.
Preocupado, o Coração acelerou, correu em volta da casa, a procura de algum sinal....Nada vendo, subiu ao telhado dos sonhos pela escada da imaginação e olhou pela janela da alma a procura de sua amada.
Não a viu com precisão, mas vislumbrou um vulto que concluiu ser ela, sentada e encolhida em um canto escuro.
Mas a paixão confere coragem aos inseguros e Ele, ávido da proximidade, forçou a pesada esquadria em um lapso de fresta, abrindo, tal um sorriso tímido.
Lá embaixo Ela se agitava, sentia-se presa, buscando chaves perdidas pelo tempo. Uma vez que, o senhor do acaso em sua saída, batera algumas portas, trancando-a.
Enquanto isso, Ele insistente, continuava forçando a entrada e temendo parecer uma invasão, escolhia as ferramentas mais delicadas, que nem sempre eram muito eficientes. Ela ainda não o havia percebido ali, embora soubesse que este estava para chegar, talvez porque a voz das batidas dele, fossem mais altas que o ranger das folhas de vidro, que gradualmente se abriam.
O sentimento supera as fraquezas, porque em um impulso, a preocupação dele adentrou a casa. É certo que sua entrada foi atrapalhada, causando um grande estrondo no chão.
Ela, surpreendida, chorou. Ele não trazia a liberdade, mas era um companheiro determinado a lutar ao seu lado. O lugar por onde entrou, também não foi convidativo a saída. Ainda assim, Ele a aquecia no abraço da presença, enquanto refletia como soltá-la.
É certo dizer nesta estória, que outros corações transitavam pelo exterior. Múltiplas eram as capacidades dos mesmos, embora tivessem muitos conhecimentos, não ousavam se aproximar. Versavam sobre a composição das chaves, falavam das propriedades da fechadura, entendiam o funcionamento de abertura e fechamento da casa. Muitas vezes, diante de tal sabedoria, Ela suspirava, mas logo percebia ser em vão. A intrepidez dele, observava a própria ignorância. Seu entendimento era abstrato e emocional demais, via arte em tudo e criava suas próprias aberturas e saídas.
E foi assim, que Ela passou a ter em seu peito, dois corações. Um advinha da sua natureza e outro daquele escalador de janelas. Hoje, quando seu coração se silencia, o outro bate dizendo: estou aqui. Juntos criaram uma chave: o amor. O que esta chave abre? Só aqueles que a tem, serão capazes de responder....

sábado, 16 de maio de 2015

Frase: A escrita



"A arte de escrever é transcendental e uma auto-análise. A escolha de uma palavra resume milhares de pensamentos, enquanto a fantasia transporta a imaginação para esferas além da realidade."

Frase: Juventude


"Na juventude, tudo se transforma tão rápido, que toda novidade, logo envelhece"

Linhas Tortas


Como é difícil falar de sentimentos que tentamos sufocar
De suspirar fundo e deixar o momento só focar
Em pensamentos que se organizem, 
Em palavras que amenizem em poesia
A poesia que no amor há
Neste clamor incontido e rebelado
Pela vida tida e cada pessoa ao lado
Na nostalgia com ardor 
Ou na apologia ao ar da dor
Transparecer entregue, sem perecer
Parecer que se ergue ao aparecer
Em querer conversar por um segundo
Se o tempo para versar não faltasse a todo mundo
Tentando escrever palavras em retidão
Ao rever as linhas tortas que te dão

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Ser ou não ser?

Não sei o que sou,
Mas ainda assim, tento ser
Talvez nem tudo que eu queira
Ou ainda o que possa ser

Não sei o que sou,
Mas simplesmente sou
A mente simples de ser
Ou um ser de uma mente simples

Não sei o que sou,
Mas vivo para ser
A paz de um amor
Ou o amor pela paz

Não sei o que sou,
Ou talvez até saiba
Sou parte de um todo
Ou o todo de uma parte

domingo, 10 de maio de 2015

Vida Escrita


Escrevi para externar sentimentos, motivar a interiorização de pensamentos e trocar reflexões.
Um texto sem leitura é silêncio. Uma leitura sem reflexão são palavras. Palavras sem sentimento se dispersam. Se quer sentir o mundo, sonhe. Se quer refletir sobre ele, leia. se quer conhecê-lo, viva!

Canção do Exílio Virtual (Homenagem ao Gonçalves Dias)


O meu post tem palmeiras
Onde as teclas cantam como um sabiá

Os pensamentos que lá gorjeiam
Também gorjeiam do lado de cá

Na internet há muitas estrelas
Tudo parece ter mais flores
Os diálogos tem mais vida
E as publicações com mais amores

Em cismar, sozinho, ao dia
Mais prazer encontro eu lá
Minha tela tem palmeiras
Onde as teclas cantam como um sabiá

Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte a "compartilhar"
Sem que "curta" os primores
Que não encontro por cá
Sem que ainda aviste as palmeiras
Onde as teclas cantam como um sabiá

Homenagem às mães II


Um dia para celebrar a grande mulher que divide seu corpo com um ser e que mesmo sem vê-lo, ama-o infinitamente!
Nutre e admira cada dia da sua existência e mesmo com um pouco de desconforto pelo peso da barriga, carrega-o com um enorme sorriso.
Alias suprime a própria dor para vê-lo nascer. Porque tem o maior de todos anestésicos e felicidade, o amor!
Desperta mil vezes durante a noite para zelar e dispor cuidado, ainda assim preservando-se sempre bela no próximo dia, como se não tivesse feito o menor esforço.
Renuncia com facilidade e desprendimento se for para ver seu filho receber o que deseja! Muitas vezes, desperta do sonho para que seu filho possa sonhar!
Tudo compreende, apesar de algumas vezes lidar com ingratidões. Tudo aceita, apesar de ser negada algumas vezes.
Deixa de dormir e sair para que seus filhos fiquem despertos em suas festas. Como uma guardiã que assegura a segurança.
Nada deixa faltar e nunca se faz ausente. Mesmo longe, acompanha no horizonte o voo de seus filhos.
Mas encontra toda recompensa em um abraço e na mesma palavra tão pequena, que a conduziu até aqui: amor.
Mas não posso ser injusto, homenageando as mães, pelo meu maior espelho, a minha! Tantas são as mães do mundo!
Aqueles que adotam uma criança.
Os homens (pães) que muitas vezes assumem tal papel com a força e coragem de um leão.
As tias e avós que assumem o cuidado de uma criança na ausência dos pais.
As mulheres que sonham e esperam pelo dia que também serão uma mãe.
Aqueles que na impossibilidade de terem filhos, ajudaram tantas outras famílias.
E mesmo àquelas que partiram, mas cuja lembrança não permite que sejam esquecidas jamais!
E se nenhuma dessas palavras fizerem jus a este dia, que possamos pensar que mãe, mais do que um "sindicato organizado" ou um "conceito" é também um estado de espirito de quem é capaz de se doar, dedicar e cuidar para que desabrochem as flores do mundo.
Se o dito popular diz: "Mãe só muda de endereço" e " ser mãe é padecer no paraíso". Logo o endereço de toda mãe é o paraíso.

Consulta Médica


Na noite anterior, lá estava ele, cercado por um castelo de exames, imaginando o que levar. 
Mais parecia um advogado preparando sua argumentação, cercado por recursos, que no caso, defendiam a si próprio.
Tentando recordar de todos os eventos ocorridos, no último século, desde que o homem pisou na lua para entender o que se passava no atual momento do seu corpo. 
Assim adormeceu, apoiando a cabeça no travesseiro de cadernetas de vacinação,laudos, tomografias, ressonâncias... e sonhando
o sono dos justos ou melhor dos "pacientes".
Acordou de sobressalto, atrasado e impaciente. Não deveria ter tomado aquele ansiolítico para um descanso tranquilo, que mais parecia um dardo para dopar elefantes. Neste momento, estava mais ansioso do que antes do tratamento.
E assim na pressa, toda a organização, desmoronou como um castelo de areia. Levou a primeira coisa que viu, ou melhor, que não viu.
Mas por precaução havia enviado tudo por e-mail.
Chegou na galeria, agora com novo sintoma, falta de ar, por ter corrido quase uma maratona para ali estar há tempo. Aliás dois sintomas:
cegueira momentânea também, porque não encontrava de jeito nenhum a portaria.
Enfim, após transitar por todas as escadas rolantes possíveis, enfim chegou!
Ao tocar a campainha, a médica abriu a porta com seu primeiro diagnóstico: "Você está pálido, com taquicardia e ofegante! "
Me sentia muito
melhor agora...
E continuou: - "Trouxe seus exames?"
Abri a pasta com um ar de vitória de quem sabia bem o que fazia. Mas gradualmente, percebi que meu pai, havia retirado os exames dos envelopes e substituído por um mar de recibos, que mais interessariam a um contador. Naquele momento, descobri que também havia adquirido a depressão.
Mas espere! Ele havia enviado por e-mail! E logo, se posicionou recobrando a razão.
Quando ela, como um oráculo, se adiantou: - "Recebi uma mensagem sua, mas não veio nenhum anexo"
Neste momento, uma sudorese e tremor, percorriam todo o corpo. E com as mãos trêmulas, ele desesperadamente tocava a tela do celular, na última esperança de que tivesse qualquer relato médico seu nas redes sociais...mas só havia eventos, bichos, piadas,... Definitivamente, não era engraçado!
- "Dra. posso relatar tudo que venho sentindo e enviar posteriormente? - Rubro perguntou.
E com um olhar analítico de quem inquiria até a alma, respondeu monossilabicamente: "Certamente, prossiga"
- "Então Dra., meu corpo resolveu imitar o dono: indeciso. Ele não sabe se escolhe: uma urticária crônica, uma gastrite aguda ou cefaleia persistente. Tudo se manifesta ao mesmo tempo, não necessariamente nesta ordem."- Murmurou cabisbaixo.
Ela, por sua vez, parecia incorporada por algum espirito, posicionou a mão na testa e começou a escrever páginas e páginas de um receituário. E certamente, recebia, a "entidade" de algum médico, porque não dava para entender uma palavra do que escrevia.
Já de volta a consciência, como uma tradutora, iniciou as explicações: "Peço que faça essa lista de 100 exames (Será que ele havia dito a ela, que desmaiava tirando sangue?), um mineralograma da unha do dedo mindinho do pé, exames de imagens que serão enviados para um clínica especializada de um monge no Nepal,etc...
Neste momento, ele começou a ter uma crise de identidade: se sentia algum roedor, cobaia em um laboratório, tentando desvendar a cura do Ebola.
E ela continuou: "Vou pedir que tome essas medicações". E uma nova lista, que parecia o velho e o novo testamento reunidos, surgiu!
E como uma propaganda do Polishop, com o primeiro sorriso que abriu, disse: "E não é só, também quero que manipule essas substâncias. E lhe darei essas "fantásticas" amostras grátis (que de fato eram amostras, já que uma caixa não tinha mais do que 2 ou 3 comprimidos).
Realmente, saia do consultório, se sentindo um pouco menos saudável do que quando chegou. Alias descobriu que tinha coisas em seu organismo que nunca imaginou como
colônias planetárias bacterianas, que coexistiam harmoniosamente com sua existência.
Já era tarde quando saiu e para sua felicidade, chovia.
Ele abriu sua mochila e demorou a encontrar seu guarda-chuva, oculto por caixas de Omega3, anti-alérgicos, Vitaminas A,B,C,D,E,F,G...aliás já estava todo molhado, quando
finalmente conseguiu.
Enfim, chegou em casa e relatando tudo que havia ocorrido para sua mãe, finalmente concluiu: "Mãe, sabe aquele presente que você queria me dar de aniversário? Podemos substituir
por remédios?"E naquele instante, se sentiu melhor e curado.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Desconfiança Feminina


Após um dia árduo, ele coloca a chave na porta e a destranca...
Surpreendentemente, tudo está escuro e sentada no sofá, uma sombra...
Imóvel, estática, rígida e com a respiração pesada...
Com um tom fantasmagórico, ela diz: Quem é a "fulana"?
E a luz do abajur se acende, demarcando com luz e sombras, um olhar desafiador...

O coração dele acelera, sem entender o que se passa e com as pernas trêmulas responde: Não sei!
No que então é retrucado: "Como não sabe? Não sei, não é resposta. A fulana que curtiu o seu perfil na rede social."

Neste momento, ele mal sabe quem ele é. E numa tentativa de entender o que está acontecendo, devolve a pergunta: "Que fulana?"

Eis que com o rosto imponente, se ergue como se fosse fazer grandes revelações, mas apenas repete a frase: "A fulana que curtiu seu perfil. E não venha me dizer que não sabe! Revirei seu histórico escolar, seus extratos de cartão de crédito, vi todas as redes sociais (incluindo as dos amigos de seus amigos) e ela não aparece em nenhuma. Então me diga você, quem ela é?"

Ele estava se sentindo no livro "O processo" de Kafka, sendo condenado antecipadamente por um crime, que nem ele mesmo sabia que havia cometido. E se não bastasse isso, em um impulso, ela segura seus pulsos com força, como um polígrafo humano a avaliar todas as impressões sensoriais que ele poderia vir a ter. 

"Deve ser uma desconhecida, que se interessou por algo que por ventura postei.Mas não sei quem é e também não tem significado algum" - Na resposta mais verdadeira e sincera que existia. 
E se ele achava que o pior havia passado, ela iniciou a frase com o nome próprio do mesmo, sem apelidos. "E o que você fará a respeito disso?" - Disse ela.

"Posso excluir, sem problema algum! Não é algo relevante!" - Voltando a respirar, como se pudesse retomar a tranquilidade.

-Ela: " Excluir?? Você está querendo esconder alguma coisa??"
-Ele: Então deixa a curtida lá e ignoramos isso!
-Ela: "Deixar?? Você está querendo manter algum vínculo??"
-Ele: "Amor, você não está sendo ponderada! O que quer que eu faça?"
-Ela: "Não sou eu que deveria lhe dizer. Mas quero que entre em contato com ela e avise que está proibida de enviar qualquer mensagem. Reforçando claramente que tem uma relação estável"
-Ele: "Você quer que eu faça a nossa biografia para uma estranha?"
-Ela: "Apenas faça"

E sem vacilar, sob supervisão atenta dela, ele faz um memorial descritivo de 20000 caracteres, apenas desejando o direito da última vontade de um condenado: "A paz eterna"
E ao dar aquele "clique" derradeiro. Ela acende a luz, o rosto agora com um belo sorriso de orelha a orelha. Como se nada tivesse acontecido, ela diz: "Amor, você viu o comentário lindo que
sua mãe fez?"

Enfim, tudo parecia normalizado. Ambos namoraram pelo resto da noite como nos primeiros dias. Deitaram e iriam sonhar...Quando as 3:30 da manhã, o abajur acende e ela pergunta: "Mas quem é a fulana?"

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Alma de um verso


Vagava distante da matéria
Divagava de forma quase etérea
Com a leveza de pensamentos ternos
Na sutileza de momentos eternos

Conversando com minha alma
Versando em linhas calmas
A beleza do Universo 
Na linha de um uno verso

No encontro de minhas partes
no encanto do mundo à parte
Na relação do amor e da vida
Na ilação da dor e da ida

E em cada novo passo
A nota de um breve compasso
Que ressoando no coração
Ecoa uma cor e som

Este sou eu enfim
Tentando encontrar um fim
Que me leve sem adereço
Que me eleve ao recomeço

Das incertezas quase certas
Das certezas ainda incertas