segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Buraco Negro

A imagem pode conter: céu

Ha buracos negros
Não vistos na alma
Que perdem o que entra
E deixam sair o que guarda
Sugam o entorno
Mas nada retém
Tudo parte
Tudo é partido
Nos viram do avesso
Em um universo paralelo que ninguém vê
Como o poço das Danaides
Que não tinha fundo
Mesmo sendo profundo
Justamente por não ter fim
Como se algo pudesse vedar
Uma queda que nunca termina
Ou na esperança de inverter o sentido
Para enfim cair para o céu

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Aparência


A imagem pode conter: 1 pessoa, cão

Nunca gostei de padrões a ponto de parecer estranho. Mas em algum momento, ja me importei com julgamentos, inclusive tentei não ser diferente até perceber que todos somos diferentes, mesmo os que tentam se fazer iguais. Não era bonito, maxilar exageradamente projetado, macérrimo e com óculos fundo de garrafa, já fui a piada. Ouvi muitos risos que eu não participei. E se não podia mudar como os outros me viam, comecei a mudar como eu via o mundo, como eu via o meu mundo. Trabalhar a beleza não provisória. Porque flores também murcham com o tempo, mas o que elas representam não. Como as coisas nos tocam são mais importantes do que elas são em si. Um filme clássico me ensinou isso: “Homem Elefante”. Não há nenhuma deformação que supere a beleza da gentileza, educação e empatia. Porque escrevo tudo isso? Porque quando apontam o dedo para uma criança, matam a inocência, a pureza e o lúdico do mundo. Atribuindo valores deformados que não cabem na beleza do que representam. Escrevo por culpa. Não pelo ato que não participei e repúdio, mas por me calar, tendo já sentido na pele essa marca. Escrevo não para consolar, mas para incomodar. Exponho as minhas cicatrizes para evitar que outros também sangrem. Aparência não traduz o universo que ninguém traz. Ela é só uma porta de passagem para o acolhimento que realmente importa: Interior. Harmonia? Vejo em um sorriso, numa entrega, num olhar que brilha ou na descoberta do outro. A beleza não está nos olhos de quem vê, mas no coração aberto de quem sente!

Miragem

A imagem pode conter: céu, natureza e atividades ao ar livre
Quando a alma está deserta
Nem tudo, que se vê, é
Sentimentos tem sede
E sua mente cede
Mente para sobreviver
Bebe de uma crença
Que não acredita
Enquanto a areia do tempo
Escorre pelas mãos
É oásis e alucinação
De quem mira longe
Para seguir em frente
Fazendo de um balde furado
O seu próprio castelo

Relações Líquidas

A imagem pode conter: texto que diz "SUA TELA ESCONDE o QUE SEUS OLHOS REVELAM. FwP"

Ele é a lente por trás da foto dela sozinha
Ela é o nome que não aparece no status que ele mudou
Ele é o segundo cálice de vinho de mais um story dela qualquer
Ela é a mão que apoiou a queda, quando ele desativou o perfil
Ele é a conversa que só interessa quando nada mais resta para ela
Ela é mais um "amei" entre os tantos que ele curtiu
Ele é a companhia que ela adora estar quando ninguém vê
Tempos de aparências expostas e sentimentos velados
Que o outro só importa, quando vale a postagem

Per-doem

Que os meus excessos sejam perdoados
É difícil guardá-los dentro de mim
E ainda que eles me exponham
Também me tiram do silêncio
Quando gritam não é EGO
Mas eco interno que ressoa
Suor de palavras ditas na beirada de um abismo
Eu também fico abismado
Com o que revelo
E com a consequência
De não ser relevado
Quando só buscava elo
Aceitação diante da estranheza despida
Mas sobram dedos apontados
Ainda que meu lápis já não tenha ponta
E o grafite esteja todo espalhado
Como o meu sangue no papel jorrado
Na tentativa de afago, quase me afogo
No meu próprio fogo
Não sei conversar
E por isso, verso
Aceitem minhas desculpas
Não me explico por culpa
Mas pela intensidade
Que me leva a responder
Mesmo sem ninguém ter perguntado
Que me faz sentir
Mesmo sem ter vivido
E que mesmo vivendo
As vezes, me mata
Só restando (p)arte de mim

Explicar

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, pessoas em pé, céu, oceano, crepúsculo, nuvem, atividades ao ar livre e natureza
O mundo moderno
Complica
Para que explicar?
Assumir?
Mais fácil sumir
(E deixar no ar)
O silêncio posto
Só sobra
Pressuposto
E mesmo que deponha
Contra quem cala
É só um calo
Uma pedra no sapato
De quem não fala
(Emoção não é de pedra)
E o pato? É em quem doeu
Nadando na espera
Para entender: nada!

Vai ficar tudo bem


Quantas vezes você precisou dizer para si mesmo(a): vai ficar tudo bem? Vezes em que tudo parecia perdido ou que não havia uma mão para contar? Vezes em que se sentia tão fraco(a) e tudo estava fora do lugar? Vezes que só havia silêncio quando precisava falar?
“Vai ficar tudo bem.” Mais do que um consolo é um empréstimo do final. Você traz a paz de uma resolução que ainda não sabe qual é para uma história que ainda não teve um final.
Pode ser também um simples mantra. Uma repetição contínua que transforma qualquer ideia em um bem.
Palavras, mais do que mera expressão, tem um grande poder, pois elas trazem sentido para sentimentos até então intraduzíveis.
Elas são companhias quando falta uma mão. Elas são luzes quando não enxerga o caminho. São ânimo quando falta força ou arrumação dos sentidos e significados que cada um traz dentro de si.
Palavras conversam com o seu interior quando mais ninguém consegue acessá-lo.
Seja gentil com sua alma, alimente-a de boas palavras. “Tudo vai ficar bem” porque você é o maior bem da sua vida.

Olhares

A imagem pode conter: desenho

Quando fixam
Ficam
Fazem morada
Demoram
Trazem para perto
Despertam
Quase sem piscar
Pescam
Mostram uma trilha
Brilham
Apertam o peito
Deleite
Delícia de quem só vê
Amor

Beleza

A imagem pode conter: flor, planta e natureza
Há muitos anos atrás, alguém me disse: “Você é feio”. Imaturo, acreditei. E imaginando, que nada poderia fazer para mudar o exterior, mergulhei dentro de mim, como um caramujo em sua concha. Busquei beleza em tudo que eu via e fazia, acreditando que assim, eu também seria. Imaginando como lagarta, que um tempo de casulo me daria belas asas. Foi um longo tempo de reclusão e metamorfose (ou seria metamorfases?). Foram muitas fases, muitas luas e cicatrizes. O dito popular dizia “a beleza está nos olhos de quem vê”, mas precisei de um tempo para entender que a beleza nem precisa ser vista, ela basta ser sentida. Porque os momentos mais belos, eu estava de olhos fechados: um beijo, um sonho, meditação, música ou sentindo o vento passar. Passou. Hoje, sou grato por cada dedo apontado, pois valorizei o que posso fazer com a mão. E o que acho hoje sobre beleza? Beleza nunca foi a flor desabrochada, mas o que ela significou quando a recebeu! Flores murcham, mas a lembrança não.

Numerologia

3 é trindade: Corpo, Mente e Espírito (Ter, fazer e Ser)
Dia 3 de janeiro de 20+20
Mais 3 anos faço 40
Coincidências a parte
Nunca fiz parte dos números
(Apesar de trabalhar com eles)
Número é definição
E nunca gostei dos limites
Quando se anda na beirada
Céu e abismo são pontos de vista
Idade é estado de espírito
Hoje, meus fios brancos denunciam minha juventude
Mera contagem
37 anos para descobrir
Que o resultado é sempre 0
Porque tudo recomeça sempre
Quem pode dizer quantas vidas viveu em 1 ano?
1 também é janeiro
Mês de Jano
Deus romano dos começos e mudanças
Sempre me reinvento
Mesmo que seja das cinzas
Apesar de não ser quarta pós Carnaval
Mas sinto tudo na carne
Carma de quem trocou de pele tantas vezes
Que não cabe nos dedos da mão
Dividi o que tinha
Subtrai o que não acrescia
Somei o que aprendi
Até multiplicar o que não esperava
De 1 a 10 o que eu espero da vida?
O fator X da equação
Pois quando não se sabe o número
Tudo surpreende

Marinheiro


A imagem pode conter: oceano, céu, atividades ao ar livre, água e natureza
Enquanto brigava com meu caos
Minhas linhas navegavam
E escrever era quase cais
Já não me importo
E sem portar
Meu peito é porto
Que de tanto corar
Ancorei
Acalmando a rebeldia
De erguer as velas de mais um dia
Olhar a-través(sia)
Para me lançar em auto a-mar

Desaba-f(d)-o


A imagem pode conter: pessoas sentadas, nuvem, céu, oceano, atividades ao ar livre e água

Não faço arte por vaidade. Faço arte sobre viver. Sobrevivência. É meu cordão umbilical no qual eu estou sendo gestado. Muitas vezes, parindo da minha dor, um ato de amor. Mesmo que isso, me coloque contra a “normalidade” do mundo. Normal é norma e eu sempre precisei quebrar minhas regras. Criar um novo mundo em plena tempestade, contando histórias para distrair quem tem medo de trovões (mesmo que relampejasse por dentro). Dei a mão sem ter onde me segurar. Fui contravenção de todas as convenções.
Enfrentei dedos apontados me dizendo o que eu deveria ser ou fazer, mesmo sem saberem quem eu conseguiria ser ou fazer. Expectativas frustradas dos dois lados, seja de quem só vê um lado ou de mim, que do avesso, fui página virada. Quem cai aprende a olhar o chão, mas só de pé se vê o horizonte.
Ninguém é estranho por convicção. Estranheza é fria e solitária, porque ela nasce de uma visão não empática, que prefere afastar as diferenças que não entende a lidar com a transparência que não aceita.
A ideia de quem escreve uma história sempre difere de quem a lê. Enquanto um dá o seu suor e lida com os imprevistos para levantar cada tijolo, o outro só enxerga as imperfeições da obra acabada. É fácil julgar as pessoas pelas consequências do que elas se tornaram. Difícil é tentar entender as causas que as levaram até ali.

Gelo


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Frieza por ferida
É momento congelado
Deixar de lado sentimentos
Que na defesa contra o novo
Ataca as lembranças
Esquecendo o presente
Gelo é rigidez
Que segurar por muito tempo, queima
Se atirado é pedra
Estilhaços
(Sem laços)
Só quando derrete é água
E só água hidrata
Não fica parada
Flui e transborda
Conservação?
Ou seria imobilidade?
Despertar depois de anos preservado
É querer perpetuar uma vida
Quando se está morto

Certo ou errado

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Sempre achei estranho o certo e o errado. Diziam: “Se erra de muitos jeitos, mas o certo só existe um.” Mas para todos os padrões, eu sempre fui errado, mesmo achando que fazia o certo. E de tantos dedos apontados, só faltou uma mão estendida. Logo, acreditei também que estivesse errado. Virei errante. Enquanto o mundo preferia seus ângulos, eu gostava das curvas.
Dando tantas voltas, que por vezes acabava enrolado. Enquanto ouvia reclamações sobre a chuva, amava me molhar. Porque contrariando o que é ensinado aos homens, também chovia pelos meus olhos.
Nunca tive certos e nem certezas, porque a cada mudança minha, tudo parecia errado e eu me reinventava.
Dizem que aprendemos com os erros, mas quando se é o erro, tudo é aprendizado até mesmo o que parece certo.
Foram muitos dizeres sem ação e eu sempre agindo calado. Por não gostar de frases prontas, demorei até estar pronto para falar as minhas frases e enfim entender que errado é estar onde não cabemos. Porque quando algo cabe, tudo parece certo.

De"post"o

Resultado de imagem para muro quebrado

O que posto não é minha vida, embora só existo enquanto posto. Se parar, deposto.
“Feed” é alimentar. Uma fome que não sacia, que não associa, nem é social. Uma tela solitária de um mundo recheado de opiniões guardadas na palma da mão.
Nunca foi reação ou comentário, mas conexão. E as melhores conexões foram as que me deixaram sem reação e em silêncio. Mas agora, que me calo, meu calo dói. Dor não vale ser vista, ninguém “like”, porque afasta da utopia da eterna felicidade. Eterno? Só o que somos. Mas se o que somos mal cabe em um corpo, como vai caber no corpo de um texto? Bem, deixa eu parar de “stories”. Afinal, o que não é salvo no coração, é simplesmente arquivado. Só sendo lembrado, quando já não importa mais.

P-arte


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Já tive transtorno de ansiedade, fobia social e depressão.
Vivi sob intensa pressão.
Fui operado, cortado e costurado.
Usei remédios e fui remendado.
Dei tudo como acabado.
Fiquei isolado e mudei de lado.
Enfrentei tudo calado.
Tive alergia crônica
Escrevi crônicas de alegria para me motivar
Ainda que nunca tenha precisado de motivos
Fui novela, fiz novena para desfazer meus nós
Entre descasos e casos
Fui caos de quem morre para recomeçar
Fui impulso impensado
Precisei do pulso acalmado
Enquanto curava acamado, uma dor
Já perdi parafuso e mudei de fuso. Confuso?
Só fusão de tantas partes que espalhadas em uma tela
Fez de mim, minha própria arte

Sobre o tempo


A imagem pode conter: céu e atividades ao ar livre
As vezes, eu penso: "Bom mesmo eram os anos 80 e 90". Isso vem com um gosto de nostalgia. Mas penso que olhar para trás seja só um "escape" do presente. Idealizando uma perfeição que nunca existiu. Tento retroceder mais um pouco até a Idade Média e imagino que na passagem para o Renascimento, talvez houvesse um estranhamento de trajes, que deveriam parecer "excêntricos" para quem estava acostumado à trapos. Música? Tinham instrumentos demais para o que ouviam até então. Certamente, muitos também guardariam nostalgia de tempos anteriores: "Bom mesmo era a Roma Antiga". E assim, sucessivamente...
Talvez o "futuro" traga consigo uma estranheza. E nos coloque no meio de três tempos: o conhecido, o passado idealizado e o que ainda não chegou. O passado não era melhor. O presente não é tão ruim e o futuro sempre será melhor do que onde estamos. Cada mudança de geração há uma evolução em alguma área e não há retrocesso nesse processo, ainda que, por vezes, pareçamos estagnados ou reciclemos alguns modos antigos. Estamos no tempo que precisamos estar. Esse é o nosso momento, que em alguns anos será passado.
E aqueles que estão lá na frente olharão com saudade para o agora, imaginando que tudo era diferente do que sentimos e que talvez se tivéssemos tido outras escolhas poderia ter existido um futuro diferente, quando a engrenagem evolutiva faz com que tudo esteja onde deveria estar, de acordo com o crescimento pessoal que cada geração é capaz.

Medica-ação (Fernando Paz)


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Não é ansiolítico
Mas nos mostra ser lícito tentar
Remove a tarja preta dos olhos
Acalma nossas loucuras
Em doses diárias
De uma química pesada: sentimental
Efeito colateral?
In-dependência emocional
Em caso de tontura
Saúde mental adverte:
Deite no colo de um divã
E se recomece

Felizes no fim ou fim da felicidade?


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Certo, que nas gerações anteriores, havia uma idealização sobre estar juntos. Não apenas pela dificuldade que era ter qualquer intimidade, mas porque a sociedade forçava que a união fosse indissolúvel, mesmo ambos infelizes.
No entanto, hoje, não há idealização nenhuma. A intimidade foi banalizada e qualquer coisa é motivo para a separação. "Porque precisamos ser felizes", mas uma felicidade que não aceita contrariedades e nem tenta esgotar as possibilidades de dar certo, na verdade, é uma infelicidade.
E nisso, criamos uma geração de uniões solitárias, que esperando sempre o pior, nem se esforça pelo melhor. Se antes, se imaginava um pote de ouro no fim do arco-íris, hoje, a realidade é viver o dia como se fosse o último. Se no primeiro, há a responsabilidade de lutar para chegar em algum lugar, no segundo, é simplesmente, ficar a deriva, sendo levado sem direção.
Tudo na vida é equilíbrio e nenhum extremo é solução. Nem a rigidez de um passado responsável, nem a leviandade de um presente de possibilidades. No momento, que conseguirmos criar uma ponte, entendendo os erros e acertos de cada tempo, poderemos enfim, pensarmos em um final feliz ou ser felizes, sem pensarmos em um final!

Frankestein

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Ja fui quebrado por dentro
Colado do avesso
Aprendi a cair para levantar
Fui remendado nas certezas
Tive pedaços trocados
Dei corda só para não parar
Peguei um olhar emprestado
Encaixotei as fantasias
Fui luz para poder enxergar
Reciclei minhas esperanças
Lixei minhas arestas
Apertei meu parafuso para não surtar
Sou partes de um inteiro
Quebra cabeça incompleto
Que apesar da falta tento mostrar
Não importa o tamanho do rasgo
Se há um coração pulsando
O amor vai sempre consertar

Conversas Contemporâneas

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Sinto falta das conversas longas sem validade ou prazo para terminar. Aquela troca cheia de riso, de lágrimas, que não são só palavras para constar. A ansiedade de esperar com a certeza da próxima vez e não ser mais um talvez que em um dia esquece. Assim não aquece! Faz frio onde não há reciprocidade. Não quero momento, quero movimento e não ter vergonha do pensamento, mesmo que pareça extraterreno.
Conversas com conexão de mentes, sementes que floreiem a semana, o ano, a vida...um falar que ecoe mesmo quando calarmos. Que durem e sejam duros, firmes para não vacilar. Sinto falta da procura que cura. Ando cansado dos monotemas, monossílabos e monólogos, brevidades e descontinuação, do raso que não escuta e só quer falar ou muleta para quem só fala até se curar. Não quero curtida e nem comentário, nem esforço para atenção, quero algo simples como caminhar ao lado com um sorvete na mão. Nostalgia de sentar na calçada ou na beira da praia e não ver o passar da noite. Saudade da única tela que havia entre duas pessoas ser os olhos.

Nova Chance


A imagem pode conter: atividades ao ar livre

É a entrega desmedida
De se reencontrar
De se reencantar
Por detalhes antes perdidos
É um novo marco
Como um novo ano!
De quem só vivia partes
De um processo inteiro
É desapego
De quem criou raiz
É liberdade
De quem desaprendeu a voar
É ir e vir
De quem, por algum tempo, parou
Recomeço não é um novo começo
É só começo, que por si só, é novo
É o passo para frente
De quem andava de ré
É a fé de assumir a si mesmo
Que é chegada a hora
Chega de demora
Agora, vai ser feliz

Morte?

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Ja morri tantas vezes até descobrir o que era viver. Precisei me reinventar, mudar de forma, de fórmula e de lugar. Educar emoções rebeladas, trocar de lado e até mesmo andar de ré. Tentar ser certo quando tudo em volta estava errado e recuar para não padecer. Ja tentei parecer algo, tentando me convencer e ja me convenceram ser algo que eu sabia não ser. Ja lembrei de desconhecidos, enquanto conhecidos me esqueciam. Amei fantasias, beijei ironias, estive junto para me sentir só. Ja desci no abismo achando que era céu e encontrei paraíso onde ninguém quer descobrir.
Já vi o mundo partir e eu sem saber onde chegar. Meditei para calar o barulho interno e fiz da dor rock n’roll. Aprendi que dentro de consolação, há laço e que para perdoar é preciso primeiro se dar. Já virei pó de tanta queda, já bati o pó após a queda, ja fui cautela e poesia só para distrair.
Ah quantas vidas cabem em uma? Se eu contar você vai rir... mas desde o primeiro dia na Terra, não houve uma manhã que não renasci.

Aberração

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Aberração é aquele que sem poder berrar, faz com que todos os seus exageros gritem. Não atrai, mas é atração. Tração que puxa para trás. Traição de uma natureza manca que tentando olhar para cima, se percebe de cabeça para baixo. Um excesso da exceção.

Olhares Treinados





Em tempos de corpos saudáveis
É preciso malhar o olhar
(Sem malhar ninguém)
(Re)flexionar as pálpebras
Para (vi)ver melhor
Eliminar as gorduras da indiferença
Para ir além da tez e enxergar através
Sem viés
Emprestar um espelho de gentileza
Para que o outro se veja bem em você
Delinear os músculos do coração
Para mais disposição da empatia
Uma piscada para o amor próprio
Tirando os pesos que embaçam a visão
Revisão das séries, dos gestos, dos jeitos e aceitação
Sem precisar de postura ou posição
Um flerte com as diferenças
Enquanto escorre o suor das impurezas
E seu mundo ganha nova dimensão
Olhos treinados
Alma (sara)da

Amor à primeira vista


Não é o que você vê
Isso é atração 
Porque se é amor
Ele acontece no que não vê
Ainda que seja sim o primeiro
O primeiro pensamento de um dia
E o último antes de deitar
É tudo que você anseia
Mas que para estar junto
É capaz de esperar
Não é passe de mágica
Porque ele simplesmente
não passa
Nem feitiço
Porque não pode ser quebrado
Será amor...
Puro e somente
Quando escolher
Que o outro seja o primeiro
E não puder ver mais nada