domingo, 8 de setembro de 2019

Tenho medo


...de escuro
em meus pensamentos
O breu de ser Eu
...da altura
dos meus sonhos
O voo que não vou
...da morte
da minha esperança
O luto de não lutar
...de falar em público
o que não publico
Ser esquivo sem crivo
...de lugares fechados
em meus sentimentos
A fobia de me afobar
...das tempestades
Que eu crio
Trovões sem trovas
...da solidão
Que só, não sei lidar
Desvio sem via
Temo ser trema
Tremo sem tema
Medo
Me dói
- Fernando Paz -

DR


Discutir relação não é chato
Chata é a relação que tudo é medido
Que tudo é calado
Até que vá cada um para um lado
Chato são as entrelinhas
Os espaços mal explicados
Que da situação faz um quadro abstrato
Dialogar não é brigar
Até porque: "logar" precisa de conexão
Insinuação é politicagem
De quem aponta o dedo, escondendo o que tem na mão
Relação é laço
Sem transparência é forca
Força os sentimentos que traz
Apesar de confiança ser paz
Não há nada mais íntimo
Do que uma boa conversa
Estranha atualidade
Que transforma DR em P.S.:
Entre sem perguntas
E saia sem respostas

Libertação


Uma mulher em um relacionamento abusivo é como uma leoa limitada em um corpo de gata. Ela está com todas suas potencialidades adormecidas até que desperte e o ronronar vire um rugido! Ela cisma e se vê cisne! Ninguém mais a reconhece, nem ela. Nada mais pode pará-la, pois já ficou muito tempo no mesmo lugar e sabe cada pedra que precisou carregar. Ela quebra as correntes e movimenta a engrenagem do mundo! Tudo nela se reconstrói! O espelho antes quebrado vira o mais belo dos vitrais. Os olhos apagados, agora são faróis. Ela não aceita mais sombras, porque sua alma se iluminou! Nem migalhas, porque tem fome de viver.
O rosto lavado pelas lágrimas, agora está maquiado de amor próprio. Nada mais se omite, porque tudo nela é destaque! O silêncio virou grito! Liberdade não pode ser domesticada! Dependência? Pendência é ser feliz!
Empoderamento feminino? Não, o feminino é o poder! Poder que começa com a letra A de amor! A natureza, a arte, a vida, a inteligência, a música, a sensibilidade, a felicidade, a fé... Palavras literalmente femininas e essenciais, como “a” mudança! Mudança que sempre começa com um passo. Não suma, se assuma! Duas letras é a distância entre mElhoR e mUlhEr.

Século XXI


Sinto falta quando não havia tanta urgência de viver. Tudo podia esperar. Conhecimento era difícil, não se tinha um buscador. Hoje, não se busca mais nada, tudo se encontra, mesmo que as relações estejam desencontradas! Prédios não tinham grades, muito menos corações! Não havia conexão, mas proximidade! Ninguém precisava mostrar ser feliz. Platéia era o espelho. Se tinha contato (de pele) e não contatos (de tela). Alguém ainda se lembra o que é arrepiar sem ser por frio? O mundo se tornou frio. A banda é larga, mas a tolerância é curta. Não há mais fios, mas todos vivem enrolados. Nós por todos os lados e mal sabemos quem somos Nós. Tudo se resume a um clique, mas não há mais cliques de inspiração, nem papéis de carta ou colecionáveis! Não há mais pernas raladas, só emoções machucadas. Cada um vendo o seu lado, sendo que não há mais lado! Se está em todo lugar e nenhum! Toda geração gera uma ação e nosso tempo hoje? Desconexão.

Identificação


É proximidade desconhecida
Que se reconhece, mesmo sem conhecer
É o eco em alguém de uma coisa sua
Que mesmo sem falar, o outro lhe revelou
É uma cumplicidade silenciosa
Na dor ou alegria de um caminho
Que só quem passou já sentiu
É companheirismo por empatia
Simpatia espontânea
Instantânea cisma
Entre cisnes
Que um dia foram patos

Sinais


Gostaríamos que toda grande mudança viesse precedida de sinais que confirmassem a direção, mas as grandes revelações da vida acontecem nos detalhes e por isso mesmo, passam despercebidas.
Não há fogos no céu como Réveillon, marcando um novo ano, mas há aquela ânsia repentina que nos impulsiona e explode dentro de nós. Não há anjos celestiais descendo com trombetas proféticas, mas estranhos que cruzam o seu caminho e deixam uma palavra que inspira. Não há convites na sua porta para que saia do lugar, mas um sol radiante que entra pela sua janela de manhã. Não há sinais de trânsito alertando a movimentação, mas eventualmente, o próprio desconforto e sofrimento fazem o papel de termômetros medindo a saúde de suas motivações. Quem não se incomoda, se acomoda. Todo dia recebemos pequenos estímulos atribuindo a eles mero reflexo de uma rotina. Nunca foi problema de rotina, mas de retina!
De olhar para areia e não perceber que são inúmeros grãos. Se não aguçarmos os sentidos, além de ver e ouvir, nada sentimos, nada faz sentido! Sinal não é espera, mas percepção de quem faz de cada momento, uma nova perspectiva.

(Des)graça


Carência crônica
É quase cômica
Você ri, porque já não chora
Exagera, porque qualquer pouco é demais
Ausência é uma piada sem graça
Você escorrega sem jeito
E ri da queda
Sentado sem chão
É tão sério
Que é caricato
Pesa na expressão
De se ver só
Em um picadeiro
Dando gargalhada
Para quebrar o silêncio
E escondendo a falta de amor próprio na mão

Onde você está?


Rindo acompanhada ou chorando sozinha?
Em casa desarrumada ou em uma festa badalada?
Descalça ou em um salto?
Sentada em silêncio lendo um livro ou cantando alto no chuveiro?
Onde você está que não está aqui?
Com seu olhar ainda distante que não viu o meu?
Qual seu perfume? Sua musica preferida?
Quando será minha lembrança preferida?
Ou meu nome significará algo para você?
Quando olharemos as estrelas? E vê-la fará meus olhos brilharem?
Quais seus sonhos? Quando deixará de ser um sonho?
E os tropeços de tantas perdas será o esbarrão do nosso encontro?
Quando vou conhecer sua complexidade a ponto de tudo parecer simples?
Desde o jeito atrapalhado das primeiras palavras até não lembrar como a vida era antes de falarmos.
Não mais esperar por você, mas esperar uma história junto com você?

História com alguém


Quando alguém entra na sua história e muda tudo??
Quando ressignifica seu mundo e suas lembranças. Faz você rir do que até então lhe fez chorar. Lhe faz corar! Quebra sua rotina, junta suas partes e lhe dá a mão. Preenche um canto vazio, de um lugar que antes era frio. Faz lareira no seu coração. Sacode a lentidão, porque você passa a ter pressa. Pressa pelo tempo perdido, pelas linhas não lidas e pela sua nova versão. É inversão! Vira sua vida do avesso, muda sua gravidade e sua orientação. Você se acha e relaxa. Desperta a curiosidade, porque já não basta o que vê. Sai da contramão, vai na mesma direção. Você diz “sim” para que entre junto com todos os sentimentos que já invadiram sem permissão. Passe livre para um futuro. Sem mais furos de roteiro e com um final feliz.

Respeito


Respeito precisa de peito para se colocar na pele do outro.
Não se trata de diferenças, mas de não ferir.
Nem de tendência, mas entender.
É o portar e se importar do boa noite ao sol raiar.
Não é troca, mas condição (ou seria incondicional?).
Não é uma questão, mas uma resposta!
Não é consentimento, é com sentimento!
E nem tem hora ideal, sendo ideal agora!
É empatia sem apatia.
Sorriso no elevador que eleva o dia! Gentileza de quem é tão gente, que cumprimenta até o indigente!
É aperto de mão e uma mão diante de apertos.
De quem está sempre perto do coração!

Depressão


Não é cisco, nem cisma
É pressão interna e indício
Se não cuidar...
Suicídio
Suscita flagelação
Enquanto o sorriso disfarça
A farsa de quem sobrevive
Enquanto todos pensam que vive
É ferida sem cor, sem classe
E que não serve para status
É falta de tato, contato
Isolamento de quem lamenta
A lágrima que fez ilha
Rezando que passe o tormento
E só fique
Na mente, a paz

Vai voltar


Há quem espere tanto uma volta, que acabe em revolta! Quer um futuro que plagie o passado! Não o passado vivido, mas aquele que foi fantasiado e não aconteceu! Não é a/o ex namorado(a) de volta, mas os sonhos sufocados e uma parte nossa que não chegamos a conhecer. Não é saudade do antigo trabalho, mas a ilusão de imaginar que onde não se está é o melhor lugar. A volta vive do esquecimento do que levou ao fim. Se quiser que volte alguma coisa, que não seja um evento ou uma pessoa, mas a espontaneidade de ser quem você era antes de tudo que aconteceu! Que reprimiu a natureza ou fez que abandonasse seus sonhos! Que aprisionou suas vontades, escondeu seus interesses e lhe fez acreditar ser menos do que poderia ser. Não volte, voe! Retrovisor é cuidado, mas a direção é sempre em frente.

Romaria


Por muito tempo caminhei no escuro até que meus olhos se acostumassem a ele e minha cegueira conseguisse distinguir sombras. Não tive uma mão para sair dele e talvez fosse necessário ser assim. Precisava descobrir uma luz própria. Hoje, vaga-lume.
Por muito tempo fui imaterial, quase não tinha corpo, nem voz,... uma existência fantasma, mas que não atravessava paredes. Fui invisível, ainda que visse tudo. Era tão abstrato, que precisei do abstrato para existir. Virei arte. Emoldurada na parede. Minha falta de sentido, fez sentido para alguns que passavam, ressignificando a pessoa que, agora, via no espelho trincado.
Por muito tempo estive só em minha inabilidade social. Alguns traumas passados talvez possam perdoar minhas limitações. Um momento quebrado, me fragmentou. Queria estar perto, quando todos sentiam que deveriam ir. Queria presença, mas só conseguia partir. Me partir. Estreitando meus laços com a solidão. E a solidão é uma companheira possessiva e ciumenta. Você chama alguém e ela afasta. Você diz A e ela faz que entendam B. Você responde e ela faz que tenham dúvidas. Você abraça e ela empurra. Você pássaro e ela gaiola. Uma beleza piando para um mundo logo ali, trancado! Acesso negado!
Por muito tempo pensei, senti... tinha todo o tempo do mundo... cada segundo era uma eternidade. Não ter tempo é privilégio de quem tem distrações. Eu só tinha tração, me arrastava em minhas deficiências. Acreditando ser uma ciência! Formulava teorias, hipóteses e hipotenusas e como olhar de Medusa, acabava paralisado, petrificado. Ser rígido para quem olhava.
Hoje sou lido, ora aceso, ora apagado. Ora riso, ora enxurrada. Ora brando, ora pancada. Ora de pé e em outra ajoelhado. Rezando aos céus...rogando aos seus... compreensão.

Quando uma pessoa entra na sua vida?


Quando a trilha sonora que a marcou
Cria uma nova melodia na sua vida
Quando as estranhezas dela
Parecem tão normais quanto as suas
Quando lhe faz rir
Do que até aquele instante lhe fez chorar
Quando você não é intervalo
Mas série maratonada
Quando silêncios não afastam
Mas se afagam
Quando qualquer bobagem
Parece bagagem interessante!
Quando o tempo acelera
E o coração também
Quando qualquer detalhe que esqueceria
É uma desculpa para lembrar
Quando por mais que você fale
Palavras sempre parecem faltar
Quando se tira as máscaras
E as roupas também
Quando o sonho
Vence o medo de viver
Quando alguém entra na sua vida?
Quando não sabe mais dizer
Como seria ela
Sem você

Curtir e Amei


“Amei” é gostar muito?
Porque eu amo até publicidade!
Amor deveria ser propaganda
Patrocina a esperança e incentiva a confiança
Diz que é melhor até quando é mediano
Porque amor nunca é médio e nem meme, ainda que você sorria
Quem curte o que não ama é neutro ou prudente?
Porque gosto da imprudência de sentir tudo! E neutralidade? Nunca conheci quem ama com cautela...
Minto! Conheci, mas não era amor...
Talvez só um “curtir” ou seria curtição? Talvez porque “curtir” não tenha esforço, é só um toque, mas para um “amei” é preciso segurar: dentro do coração. Você ama ou curte? Porque eu curto amar!

Pai


Pai é homem que assume seu papel sem um ai
Que se importa e é importante
É lembrança, mas presença
Não é mero provedor, é amigo e educador
É parceiro da mãe (mesmo separado), porque entende que filho precisa das duas partes.
Pai é amor, não é papel que qualquer vento leva, nem um mero sobrenome. É laço, parto, é pranto e parte.
Divide o ventre que não tem no apoio a mulher e gesta dentro do coração um amor. Seu cordão umbilical está no pensamento. Não é sangue, mas alma!
Ri com cada passo e não deseja perder nenhum. É força (não física), mas fortaleza emocional. Pai não é só quem cria, é quem se recria! Que aprende com o filho e se torna melhor. É exemplo (ou se esforça para ser). Porto seguro na tarefa árdua de crescer. É segurança, sem medo. Não se impõe, pois escuta. Não obriga porque dá a mão. As vezes, os ombros para a criança sentar e ver o mundo do alto e aprender desde cedo que sonhar faz parte do caminho. Se um Pai cuidou do filho na cruz, ser pai, nunca é uma cruz para seu filho! Pai é quem abre o paraíso do peito e manifesta a divindade de criar uma vida (e cuidar dela).

Quando o lado sombrio me domina


Minha alma desarma
Em pleno campo minado
No escuro, não vejo pegadas
Não sei se é abismo ou atalho
Se afogo ou sou afago
Lágrima é doce ou salgada?
Não sei se minhas sobras tem eco
Ou se é tudo sombra do meu ego
Sem luz, somos iguais
Uma face plácida
Um disfarce plástico
Não sei se escuto ou sou escasso
Certamente, escuso
Faço caso
Natureza tão dramática
Que chega a ser engraçada
Arte estranha
Para mentes não tacanhas
E sem moderação
Quer que eu tenha modos?
Meu melhor modo é viver

Não seja


Não seja momento
Para quem não tem tempo
Passatempo?
Prefira estar só consigo mesma(o)
Ser sobra para quem não se importa?
Prefira abrir a porta
Para quem se porta! Não fere!
E põe as mãos à obra
Construindo em si
Estadia
Que muda todo um dia
Não seja intervalo
Para não ficar na vala
Melhor ter valor do que preço
Apreço rende! Não se renda
Emoção também gasta
Desgasta
Sem reciprocidade
Não há proximidade
Só uma ilusão desalmada
Uma espera inacabada
Que sempre recomeça
O que você quer terminar

Conexão


Conexão não tem nexo
É a simples simpatia
Que liga uma mente na outra
Em rede 3G: Graça, Gruda e Gosta
Não tem parâmetros, mas sintonia
E nem motivos, mas sincronia
De dois momentos que se acham
Em um mesmo instante
De duas pontas soltas
Que se amarram e se marcam
Mas nunca acaba
E que mesmo sem cabo
Pluga na saudade
Com jeito ou atrapalhado
Nunca ficam sem sinal
É comunicação
Mesmo sem palavras
Em que basta um olhar
Para um coração
Se enxergar no outro
E bater no mesmo ritmo

Par-tida


Hoje, você está aqui...
E amanhã?
Pelo mundo não desbravado
Escrevendo histórias inimagináveis
Com pessoas e lugares
Que nas suas melhores fantasias
Não pensou conhecer
Enquanto vejo seu retrato mudado
Seu jeito transformado
Até que uma nova forma
Faça-nos desconhecer
E Eu? Um instante de saudade
De um livro lido
Na estante da alma guardado
Em um momento partido
Enquanto caminhava perdida
Até que não mais estivesse perto
Nostalgia?
A lembrança é ovelha desgarrada
E não domesticada
Que costuma ir onde você não pode chegar
E só me resta espiá-la
Pular as cercas da vida
Até que o meu sono venha
E o sonho me leve para outro lugar

Você vai ser tio


Primeiro veio a comédia: “Fiquei para titio”. Depois caiu a ficha: serei tio. Lembrei de todas as minhas tias e o quanto cada uma delas mudou minha vida. Desde aprender um instrumento musical, encontrar um caminho espiritual à literalmente salvar minha vida.
Minha família é um matriarcado de mulheres fortes, não poderia ser diferente que o universo enviasse mais uma para reforçar o time! E o que é um tio(a) senão a extensão do amor da mãe/pai? Um coração movido pelo mesmo sangue, pelas mesmas histórias e que um dia também dividiram o mesmo útero. Ser tio não é decorativo! Ser tio é amor ao quadrado, amor pela irmã e afilhada! Amor kinder Ovo! Dois chocolates em um e com a surpresa de um novo momento! Tempos de ressignificar o nosso mundo para que ela encontre nele todos os caminhos abertos para crescer! Ser tio para aprender a ser melhor como homem e me sensibilizar com cada pequeno passo e descoberta (sinto que nesse ponto estamos no mesmo degrau porque também engatinho nesse papel). Sobrinhos nascem, mas uma vida nova nasce com eles. Fiquei para titio com muito orgulho e pela vida toda!

terça-feira, 11 de junho de 2019

Carência


Carência é cara
Anseia um abraço
Enquanto o corpo torce
Deseja um laço
Enquanto se enforca
Tudo dentro expande
Enquanto o mundo contrai
Quer um oi
Quando tudo diz tchau
A mente em 220V
Sem tomada para carregar
É colo sem cola
Deslocado do lugar
É falta de teto, de tato
É silêncio sem contato
A alma em um futuro
Que nem em sonhos pode visitar
Carência é assim
A falta de você em mim

Reflexão - Amor


Um sentimento tão grande que se guarda no outro por não caber inteiro no peito. É a nossa melhor versão compartilhada, sentida e desejada, que de tão inteira, parece metade, só para parecer que dois, são apenas um.

Ím(par)


Os olhos deles brilharam no instante que se viram, porque o farol de um carro ligou e os ofuscou.
Ela lançou o cabelo para trás, como uma modelo, mas o vento forte o puxou para frente cobrindo todo o rosto.
Ele por sua vez, estufou o peito, seguro de si, tropeçou e do jeito mais desajeitado caiu aos pés dela. 
Se recompuseram.
Ensaiaram dar um beijo no rosto, mas viraram a cabeça para o mesmo lado e quase se beijaram de fato.
Ficaram imóveis como estátuas, mal respiravam com medo de mais alguma coisa acontecer.
E aconteceu: se apaixonaram. Foi tudo tão imperfeito, que foi perfeito um para o outro!

Hospíciogram


Dependentes compulsivos de curtidas
TOC de imagens arrumadas
Síndrome de celebridades 
Em que número é status
Comidas maravilhosas em um feed anoréxico
Rubro pôr do sol toscano de uma conta bancária no vermelho
Zen na tela de uma mente zangada
Majestades e seus seguidores
(Que não seguem de volta)
Estar junto não é proximidade
Autoajuda é sagrado
Uma rotina de (in)directs
De uma vida na vitrine
Que um lado só é mostrado
(Aquele que não está rasgado)
Complexo de perfeição
Em rosto sem feição
Que para ser diferente
Precisa ser patrocinado
Pessoas só lembradas
Para sorteios indesejados
Transtorno de realidade
De um “story” de fadas
Que sorriu em um repost
Enquanto o coração era internado
Com uma bela camisa...
...de força

Andança


Por onde esses olhos tristes deixaram a esperança cair?
Vamos voltar pela estrada dos seus medos juntos?
Refazendo cada passo até que o fim seja o recomeçar?
Largue o vazio que segura
E me dá sua mão
É seguro! Pode vir!
Não duvida! Divide!
Após o chorar da noite escura
A chuva dos seus olhos
Fizeram o dia solar
Só um lar
Onde antes doía está sua cura
Pare! Repare! Se repare!
Não há espinhos, só caminhos
Esperando sua volta
Sem revolta, sem arma
Só alma...Só ama
E vai!

Plágio


Plágio é contágio
De uma alma hipocondríaca
(E hipócrita) 
Que assume a doença
Sem sentir dor
É a vítima que assina
No lugar de quem assassinou
Veste os trejeitos, os traços
Sem entender a motivação
De quem derramou sua vida
Não por glória, mas sofreu por paixão
É mutilação da história
É enforcamento com a corda que um dia salvou
O eco de um mudo
Que não achou sua voz
É crime contra a empatia
Que não copiou

É ruim ser procurado...


...por quem lhe esquece, logo que se acha.
...por quem se cala, quando há alguém melhor para falar.
...por quem só lembra de você nas lágrimas, mas nunca quando sorri.
...por quem muda de vida, mas não lhe inclui na mudança.
... por quem precisa de algo até que não precise de você.
... por quem só é companhia, quando não tem companhia.
... por quem só torce quando você está derrotado.
... por quem idealiza um alguém que não é ou subestima quem pode ser.
... por brevidades que não tem a intenção de durar.
... por quem finge ficar, mas ja partiu.
Sem mão dupla é encruzilhada. Em que viver ao lado é permanente fechada. Fachada de quem procura o que nunca quis achar.

Anjos rebeldes


Gosto dos anjos rebeldes
Que desafiam a própria sublimidade
Se fazendo humanos em suas perfeições
Anjos caídos
Que nos levantam
Mesmo quando precisam de uma mão
São tão sagrados que nos profanam!
Andam ao invés de voar
Com all star e calça rasgada
Sem trombeta e desafinados
Cantando Legião
São uma legião de anônimos
Sujos da poeira da estrada
Que sentam ao nosso lado
E fazem qualquer fim ser largada
As vezes, parecem largados
Mas com eles, somos nós que ficamos alados
Abram as alas da vida
Para quem suprimindo suas asas
Se veste de amigo
Para que encontre a própria divindade

Ambição


Quero ambos:
A ambiguidade dos desorientados
E andar no meio da bifurcação
A insanidade de subir pelas paredes
E o delírio de não tocar o chão
Quero voar na queda mais profunda
E escalar desde o fundo até a luz chegar
Quero o valor que pulsa no seu peito
E a transfusão da sua inspiração
Quero a vida transpirando nos poros
E a morte da minha velha versão
Quero perder a linha
E dar corda sem porquê
Quero viajar todos os mundos
E ficar parado até uma flor nascer
Quero não dormir
Só para acordar com você
Quero tudo, ainda que seja nada
E sem ou sim
Nadar!

Conversar




Queria conversar com você que me lê
E assim, eu o/a leria também 
Conheceria sua história
Não a que todo mundo vê
Mas aquela que só você sabe
E lhe construiu até aqui
Uma conversa sem versar
Ainda que saber de você seja uma poesia
O seu universo mais profundo:
Suas marcas, suas dores
Os sabores que prefere
Ou o que lhe feriu?
Suas memórias
Mesmo as de infância
Que enquanto crescia, coloriu
Suas excentricidades e suas exceções
O perfume que lhe vestiu
Seus medos, suas músicas
Suas raízes ou os sonhos que desistiu
Suas regras, sua rotina
E a coisa mais bela que lhe emocionou
Seu livro de cabeceira
Sua alergia, sua alegria
Ou quem você já perdeu?
Queria a mão dupla que na escrita não há
De esquecer as letras, as aspas
E viver não em uma página
Mas nas linhas de sua mão

Mendigo


Me digo toda vez que será diferente
Mendigo por atenção
Aqui dentro faz frio
Sentimentos frágeis como papelão
Na sarjeta do destino
Solidão é minha rua
Estirado com a alma nua
Na soleira de algum portão
Caridade sem carinho
É a piedade à um condenado
Cujo direito de pedir
Vem antes de ser executado

SAC do amor


SAC do amor é um SACo.
Você reclama, mas não tem devolução! Parecia perfeito na propaganda, mas estragou quando segurou na mão!
Você tenta resolver, mas lhe colocam no modo de espera até que perceba que para desligar é preciso aceitar que tudo é do jeito que está! 
-Poderia estar ajudando o Sr?
-O amor que me venderam estava com defeito!
-Sr não efetuamos trocas.
-Não quero troca, somente falar com o responsável.
-O Sr é o único responsável.
-Como assim? Segui as instruções cuidadosamente e mesmo assim quebrou!
-O sr estaria criando muitas expectativas, não foi prometido nada.
-Mentira! Prometeram sim: Felicidade eterna!
-Como poderia ser eterno se nem o Sr é?
-Mas...que pelo menos durasse um tempo razoável.
-Talvez o Sr devesse ser razoável! O que quebrou foi a realidade que criou, os sonhos que idealizou, o outro que esperava ser o que nunca foi. Mas poderemos estar agendando uma assistência técnica.
-Mas acabou de dizer que não havia problemas!
-A assistência técnica não é para o nosso amor, mas para o seu coração!
-Ta bom! Pode agendar o mais rápido que conseguir!
-Sr. O amor não tem pressa, ele faz tudo no próprio tempo. Quer anotar o protocolo do dia que terminou?
-Não, obrigado! Prefiro anotar o protocolo do dia que começamos. Poderia me dar seu número pessoal? Você cuidou de mim melhor do que o amor que me venderam.
E eles foram felizes enquanto durou a ligação.

Doença


Doença é a prova
Que fragiliza o corpo
E fortifica a alma
Na injeção de empatia
Que nos defende da apatia
Com anticorpos de amor
É termômetro de união
Que o coração ausculta
É o soro da confiança
O coro de esperança
Do riso que, pela dor, chorou
Uma guerra interior
Pela paz que o corpo luta
Luto temporário
De uma vida que se curando
Cura todos que tocou

Submissão



Cuidado quando alguém fizer você acreditar que não precisa de mais nada além dela. É como uma serpente rodeando, afastando tudo para poder sufocar sozinha. Não é amor, ainda que se disfarce dele para hipnotizar, limitar seu mundo. Amor quando é amor, não subtrai, porque entende que o mundo que você traz é parte de quem você é. Quem ama não quer parte, quer tudo! E isso inclui amigos, família, filhos, trabalho, defeitos ou o que mais estiver incluído no pacote. Redoma de vidro doma! Ignora sua natureza para ajustar a um perfil controlável. Já o amor confia, dialoga, faz concessões e renuncia, porque acha que vale a pena! Pena? Só em asas, porque lhe faz voar! Mas voa livre, sem correntes e lado a lado.
Ele faz possível, porque ignora impossibilidades! Aliás amor não se apieda, ele impulsiona! Ele está no pulso acelerado cada vez que vê aquele olhar. Amor não usa, ele é o melhor uso que dá aos seus sentimentos! Aliás ele se dá, antes mesmo de receber qualquer coisa! Ele não espera, ele já existe até antes de acontecer. Ele não limita, porque é ilimitado! Limitado é quem lhe julga ou condiciona. Quem rebaixa, busca domínio! Aponta defeitos acreditando esconder os seus. E talvez esse seja um bom indício: quem não assume seus próprios defeitos, nunca irá lhe assumir inteiramente. Não existe amor que rebaixa! Amor em si já é elevação, mas não lhe usa de escada para isso! Sobem de mãos dadas, cada degrau! Só para chegar ao topo e perceber que o caminho juntos, foi mais importante do que o lugar que chegaram.

Falta de educação


Desculpem crianças pelos seus pais. Eu entendo realmente que vocês tenha m passado o filme inteiro chutando a minha cadeira. Se meus pais não prestassem atenção em mim, provavelmente eu chutaria a de alguém também! Entendo vocês levantarem o tempo todo! Como poderiam ficar sentados se em casa eles saem da mesa quando vocês ainda nem acabaram de comer! Ah falarem o tempo todo e alto, é mais que compreensível! Eles não lhes escutam e vocês só precisam de atenção, mesmo que ali não seja o lugar! Mas qual seria? Eles vivem ausentes, absorvidos nos seus celulares, sem mal falarem um com outro! Me desculpem crianças pela falta de educação dos seus pais!
Eles não dão exemplos e ainda são ríspidos, mesmo que vocês não entendam o porquê. Como entenderiam se eles nunca explicaram? Por isso, entendo que não tenham parado mesmo assim!
Eles mal param em casa e quando param estão ocupados e “cansados” demais para vocês.
Me desculpem crianças, vocês não pediram para nascer, mas precisarão entender desde cedo que alguns adultos estão ocupados demais consigo mesmos para crescer.

Dia nublado


As vezes, o coração aperta e você não sabe o porquê. Tenta ser forte, achar uma explicação, mas talvez só precisasse de uma mão para evitar a queda lenta que se anuncia. A ansiedade ocupa os espaços vazios e quando percebe, já não cabe no corpo e você transborda pelos olhos. Chora igual a uma criança, mas diferente de uma, as coisas não passam mais tão rápido. Não é um joelho ralado, agora é o coração. E já não há mais quem assopre. Arde e é preciso lidar com a dor. Você se encolhe para tentar conter o que cresce dentro. Ninguém parece ver e você já não enxerga direito, o temporal dos olhos fez neblina na vista. E nessa luta para se abrigar, você está todo molhado e sente frio, só esperando que o dia passe e o sol se apresente para lhe aquecer. Desfazendo as sombras, desenhando um arco-íris, levando cor onde tudo se acinzentou. Dos rios que pelo rosto escorreu sobrarem apenas pequenas poças de quem sobreviveu ao trovejar do caos interior. E enfim, abrir os braços, respirar fundo e mais uma vez, recomeçar.

Con-sensual


Tesão? Eu tenho por pessoas que se importam, que riem junto, mas não tem vergonha de chorar! Não há nada mais excitante que companheirismo, transparência e dedicação. Intimidade é a confiança. Gostoso é saber que pode contar com alguém. Prazer é um bom diálogo cujo interesse de estar ali é interminável! Nunca foi questão de pele, mas de músculo (coração). Muito menos de transpiração, mas o quanto alguém lhe faz sentir transcendental. Não é corpo, mas presença! E marca boa é saudade! Desejo? De esquecer o tempo! Pegada? Só os passos juntos. Gozar a vida é o entrelace com o que importa. Sendo sensual, o essencial.

Aparte


Já tive amigos imaginários
Amores platônicos
E almofadas de estimação
Já andei sem destino
Em busca de um caminho fora
Só para voltar para dentro de mim
andei sem destino
Tantas vezes dialoguei com o silêncio
Na espera de respostas
Que eu não sabia também
Já me abracei no vazio
Me dei a mão na agonia
E disse baixinho: “isso também vai passar”
Perdi a conta de quantos partiram
Sem despedida
E precisei esquecer para evitar a dor de lembrar
Me importei com desconhecidos
Que não sabiam que eu existia
Só para ter alguém para pensar
Quantas vezes cheguei atrasado
Em vidas que chegavam
Já prontas e sem um lugar
Não fui parte
Nem posse
Só passaporte
De todas as companhias
Reais ou inventadas
Assumi que de todas elas
Só eu não podia sumir

Tenho medo...


...de escuro
em meus pensamentos
O breu de ser Eu
...da altura
dos meus sonhos
O voo que não vou
...da morte
da minha esperança
O luto de não lutar
...de falar em público
o que não publico
Ser esquivo sem crivo
...de lugares fechados
em meus sentimentos
A fobia de me afobar
...das tempestades
Que eu crio
Trovões sem trovas
...da solidão
Que só, não sei lidar
Desvio sem via
Temo ser trema
Tremo sem tema
Medo
Me dói
- Fernando Paz -

segunda-feira, 8 de abril de 2019

Queremos alguém


Que nos desentorte
Ou se enrole conosco
Seja norte
Quando estivermos perdidos
Mas abraço que sempre sabemos onde achar
Que dure
Mesmo nos dias duros
Nos guarde
Como aguardamos
Ainda que não seja sonho
Pois sobrevive ao acordar
Que nos dê corda
Ou faça cor em um dia
Seja impulso
Mas acelere nosso pulso
Que mude a vida
Mas não mude o encanto
Que seja o nosso melhor canto
Sem vergonha de assumir
E que não cogite sumir
Sem pudor a sós
Sem dor, nem deixe só
Só uma euforia gritada
De quem em silêncio
Guardou uma emoção sufocada
Para estar junto
E dizer que dali em diante
Não precisa de mais nada
Só amar demais

Crítica


Há tanta hostilidade
Frustrações despejadas
Generalizadas conclusões 
Ataques gratuitos
De almas feridas
Que por defesa, ferem
Antes mesmo de conhecer
A sua história basta
Um basta que justifica a ofensa
Hipocrisia de quem vive em crise
Aponta o dedo
Por não saber dar a mão
Destila fora
O que dentro está cheio
(Ódio)
Ainda que ódio seja o amor machucado
E por não saber amar, machuca

Amor na terceira idade


Amor não se vale em curvas
Pois quando se gosta, se ama até as dobras
Somos literalmente dobrados
Curvados em reverência
Amor não caduca
Pois também não esquece
A memória falha, mas o sentimento não
O amor pode enrugar, pode se enroscar
E não há nada de errado nisso
Não é uma questão de flacidez na pele
Mas de firmeza no coração
O amor pode ter cabelos brancos sim
As nuvens também são brancas
Quer representação melhor de paraíso?
Não importa se as mãos tremulam
Quando se ama realmente, as pernas também tremem
O amor não precisa de pressa
Pode ser lento e demorado
Afinal, quem não esperou uma vida inteira para chegar assim:
Tão longe e amado?
Amor não é mérito da juventude
Diria que amor é conquista da maturidade! Mérito de quem apesar das rugas e cicatrizes, nunca desistiu.

Seguir


Não é acompanhar a vida de alguém em redes sociais
Isso puxa para trás!
Mas direcionar a sua para frente
(Mesmo sem alguém)
É abrir mão de um passado que não pode mudar
Sem esquecer dos passos que deu até aqui
É assumir que o presente é o melhor lugar que pode estar
Sendo presente em suas decisões
Seja cisão! Rompa com o que não acresce
Cresça para tocar novos horizontes
Tenha confiança que intocável só existe no que desconhece
Fiança para a própria liberdade
De ser o que desejar
Abrir mão de fantasias
Dar as mãos para pequenas alegrias
Lembrando que mais um dia vai chegar
Não é o que pensa
Isso é teoria!
É o que sente
Pela dor saberá onde não deve estar!
É bater o pó da roupa
Renascer do próprio pó
Renegociar seus desejos
Para saldar a dívida da falta
Dar crédito para si mesmo
(As vezes, desconto também)
Nem toda conta é fácil de pagar
Desapegue! Isso conta muito!
Ame aquilo que acreditar
Descrença é falir sem tentar
Ria quando não puder mudar
Chore todos os rios, se assim desafogar
Doe o que não usa
Ou que dentro tem demais
É importante sempre esvaziar
O que está cheio, não recebe
(Mesmo que queira)
O que está vazio, aceita tudo
(Mesmo que não queira)
Não precisa chegar em um destino
Você é o seu destino
Não chegue la, se achegue aqui
Segue sempre
Se ergue sem pressa
Porque no fim atrai o afim
Pois quem afirma ser
Firma onde vai dar

domingo, 7 de abril de 2019

Você não conhece ninguém


Você pode deslumbrar pela fresta que as pessoas permitem que olhe, mas conhecer é muito difícil. Difícil porque a própria linguagem é complicada demais. Entre o cérebro e a boca, sempre há perda. Por mais integral que tente ser, dificilmente será capaz de materializar o mundo que traz dentro de si. Cheio de cores, de dores e histórias que só você conhece e dá sentido à tudo que você pensa sobre si mesmo(a). O que muitas vezes é injusto e parcial, porque também não nos conhecemos plenamente. Tanto que muitas vezes nos deixamos definir pelas experiências que passamos. E julgamos equivocadamente que aquilo é tudo que somos. Somos muito mais, nossa natureza é mutante e o eu que você revela hoje, não será mais amanhã. A essência permanece, as vezes, maquiada. Mas a personalidade que ali está, muda por novos valores ou descrenças no que não funcionou. Você não conhecer alguém não quer dizer que deva desconfiar de alguém, afinal o outro não a/o conhece também. Mas que sobretudo deve buscar se conhecer! Pois isso ampliará sua percepção e sensibilidade sobre o mundo que cerca. Antes de se surpreender com o desconhecido, seja sua própria surpresa! Se reapresentando ao espelho a cada manhã e se permitindo sair das suas fórmulas e conceitos pré estabelecidos. Ninguém conhece ninguém, mas que conheça bem a si mesmo(a). Será sua maior revelação.

Denúncia


Denúncia é hipocrisia
Falso moralismo
De quem esconde a nudez
Mas fode com o outro
Ou despeito de quem por falta de coragem
Tenta tirar a coragem de alguém
Uma natureza vil e sorrateira
De quem se ocupa com a vida alheia
Ao invés de cuidar da sua
Cara de Pau
De quem nunca dá sua cara a tapa
Denúncia não assina
Assassina a liberdade de muitos
Pelo prazer egoísta de um
Que com melindre do “gozo”,
Goza do outro em seu (mal) feito
Infelizmente, ainda não é possível denunciar falsidade
Mas quem age assim
A própria vida bloqueia

Dependência


Sou dependente emocional
Sinto sem moderação
Sendo tudo ou nada
Não sei ir ao paraíso sem passar pelo inferno
Nem rir muito, sem antes ter chorado
Sensibilidade aflorada
Que sempre enxerga no outro a flor
Mesmo quando em mim, crava o espinho
Não uso máscaras, porque me entrego inteiro
E acho deplorável quem use uma para fazer de sentimentos, uma piada
Não é engraçado sofrer
Ainda que o tempo nos ensine a rir de nós mesmos e isso é libertador
Perdemos tanto com a vida
Que aprendemos o valor da vitória sem um pódio
Ou descobrimos que toda queda também é um voo
Não escolhemos ser quem somos
Mas a cada renascimento, somos o melhor que podemos ser
Diferença solitária
Que nos ensina igualdade
De um peito pela dor transformado
Abstinência da indiferença
De quem descobre na doença (pathos), sua cura
E empatia cura

O que não vê


Não se prenda no que vê
Aprenda com o que não vê
Nos detalhes não revelados
De lados não confessados
Cicatrizes maquiadas
De histórias não contadas:
As lágrimas ocultadas
Com a cabeça, em um travesseiro, enterrada
Um murmurio de uma oração
Um sussurro no ouvido
Um quarto escuro
Um tremor escuso
Os olhos trancados
Os braços escancarados
O mordiscar atento dos lábios
O coração acelerado
Um riso inesperado e sozinho
As mãos de duas pessoas entrelaçadas
O silêncio constrangedor
O ranger de dentes
As pernas que ansiosas balançam
O estalar dos dedos que relaxa
O suspiro que agradece
O suor de uma apreensão
A contração da pele em um deleite
O grito contido
O frio na barriga
O brilho de uma descoberta
A vida acontece
Nos instantes não registrados
Como agora enquanto lê
Você, seus pensamentos e mais nada