domingo, 27 de julho de 2014

Amizades


                                      

Em algum lugar, sozinhos ou acompanhados, uma voz, ainda estranha, despretensiosamente inicia uma conversa. Assuntos desconhecidos, porém instigantes, despertam uma estranha familiaridade. O tempo parece mais curto, horas se passaram e continuam ali, juntos.

Gradualmente, um momento se torna uma constante, que entra na sua vida, sem se dar conta. Tudo parece leve, porque tudo passa a ser dividido: sorrisos, lágrimas, criticas, elogios,...

A amizade, mais do que uma confidente, é uma mágica afinidade que revelando o outro, nos leva a uma auto-descoberta. Uma impressão digital registrada na alma.

Mesmo quando as armadilhas da estrada, fazem os caminhos divergir e os diálogos se silenciam, persiste aquela presença, que nos acompanha. Uma lembrança companheira que nos reaviva apontamentos, consolações e direções.Um eco que reverbera em cada passo.

Repentinamente, distraídos, o destino promove o nosso reencontro. Por mais diferentes, que nos encontremos, tudo parece igual. Rimos novamente das crianças que fomos e nos emocionamos com
os adultos que nos tornamos. Abrimos os braços para a esperança em um abraço e num tratado silencioso, assumimos a nossa responsabilidade de sermos amigos.

Quer minha amizade? Puxe uma cadeira e sente para conversarmos.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Páginas em Branco




Comumente, escuto dizerem: - " A vida não tem nenhum sentido". Após alguma reflexão, constatei que o sentido da vida, talvez esteja justamente na falta de sentido. Complicado? 

Ponderemos um livro cujas páginas estão em branco. Sem sermos capazes de lê-lo, escrevemos o que desejamos, passando de leitor a autor. A vida ao se apresentar com lacunas, nos permite liberdade de criação e interpretação, sentindo e pensando de acordo com o universo íntimo que trazemos. Nos tirando do papel de telespectador passivo para ator atuante do roteiro que escolhemos.

Tal sentença também é proferida como uma frustração frente o inevitável, uma negação diante das dores e da morte. Neste caso, o imprevisível, nos leva a contornar a nossa previsibilidade nas ações. Através do que não podemos evitar, conduzimos nossas escolhas, nos adaptando e modificando. Exercitando a flexibilidade, a capacidade do desapego e da necessidade de controlar.

Assim como a pedra bruta diante do buril, que remove os excessos e revela a escultura. Encontramos na imprevisibilidade, não uma fatalidade, mas um fator que nos leva a ressignificar a vida.

Há quem a partir de uma mancha em um papel, pare de escrever. Há quem tome partido desta mancha no contexto que escreve. Há ainda quem simplesmente cubra a mancha e  ignorando, prossiga o que havia começado anteriormente.

Um papel em branco não é uma folha vazia, mas um caminho de infinitas possibilidades e descobertas. Conforme escrevemos, nos encontramos. O único vazio que podemos ter é a forma como olhamos para algum lugar.

sábado, 19 de julho de 2014

Ainda que...


                                              "Ainda que se perca, não abandone a busca
                                              Ainda que não viva para amar, ame para viver"

terça-feira, 8 de julho de 2014

Vícios Emocionais



É comum ouvirmos falar dos vícios físicos...E naturalmente os compreendemos, por saber que a dependência química gerada pelos mesmos, passa a ser requerida pelo cérebro como uma necessidade do corpo. No entanto, dificilmente escutamos falar, que as emoções também podem se tornar vícios. A repetição gera uma condição. E assim como podemos ingerir substancias nocivas, nosso cérebro é capaz de produzi-las sob o efeito de determinada intenção. Passamos então a querer repetir determinados atos ou emoções para produzir substâncias que após algum tempo, se tornarão uma necessidade.
Temos a tendência de separar nossas emoções de nosso condicionamento físico, como se estas fossem um fenômeno a parte. Freud ja havia percebido que estresse ou um quadro depressivo prolongado era capaz de adoecer o corpo. Os vícios costumam suprir ou disfarçar a nossa própria fragilidade...e por isso é difícil reconhecê-los ou nos libertarmos dos mesmos. A nossa dificuldade de escutar o problema dos outros está exatamente na dificuldade de vermos espelhado a nossa própria fraqueza.
Reeducar o cérebro é um processo difícil. A abstinência de uma necessidade gera a ansiedade, uma pressa por tampar um vazio que antes era ocupado ou saciado por uma opção. Esta ansiedade comumente produz irritabilidade e agitação, é uma forma que encontramos de indenização corporal.
Auto-Confiança, aceitação, força de vontade, compreensão e conhecimento, costumam ser instrumentos eficientes na libertação destas correntes. Jesus, um grande psicólogo, já havia dito: "Conheça a verdade e ela vos libertará". Conhecer a si mesmo, ter a percepção correta sobre os próprios atos, ser capaz de reconhecer as dificuldades, fragilidades e estar disposto a uma nova experiência e atitude, pode ser um retorno as rédeas da própria vida. Ao invés de sermos controlados pelas nossas necessidades físicas, perdendo a espontaneidade das ações que viraram uma rotina, passamos a agir com segurança e equilíbrio sobre nossos passos....
O cérebro é o cocheiro da carruagem corpo, seguros e aliados a ele, a estrada parecerá ter menos obstáculos e sinuosidade.

O abraço



"Abraços são laços rentes
Que quentes, aquecem o destino
Aquietam o tino na comunhão

Abraços são filhos da saudade
Os trilhos da felicidade
O retumbar de duas notas
Que valsejam a mesma emoção

Abraços são esperanças
Crianças em ciranda
Cujos risos se fazem guizos
Ecoando em um momento
O pensamento da intensidade

Abraços são as palavras do amor,
Ardor que desterra o calor
Que a alma encerra na calma

Abraços não tem idade, raça ou sexo
È o simples nexo da graça em habilidade
Eterna, terna e etérea de um suspiro

Abraços são os brindes dos corpos
Que emanam o vinho do espirito
Tilintam o sabor da vida
Em goles de dividida da diversidade

Abraços são os traços do universo
Delineados por um verso de silêncio
Imerso nas reticencias do encontro
Que abrem os braços do amanhã"

As flores da alma



Sede vós como as flores a exalar o perfume de vossa existência
Desabrochar a consciencia, voltando o coração para a luz de cada oportunidade
E quando as pétalas, por ventura cairem, que sejam elas, o caminho que vossos pés pisem
Não vos amargureis de ver a rosácea despida, pois na natureza ciclos findam para que outros recomecem
Uma flor nunca será a mesma, mas ainda assim, sempre será bela, quando em posse de si mesma

A origem dos sonhos



Muitas vezes ouvimos a exclamação: "Tive um sonho tão louco esta noite!". Estranhamente, eles sempre pareceram ter um sentido diferente para mim. Sempre guardaram alguma nitidez e mesmo quando abstratos pareciam revelar algum sentido. Costumava brincar, que sonhava com legenda.

O pensamento é uma energia sem forma e para ser compreendido utiliza roupagens que temporariamente o corporificam: assim nascem as palavras, a arte, os sonhos...expressões que antes de significarem, são formadas por associações de experiências que cada um traz dentro de si.

Assim como o mar, trazemos no pensamento uma superfície aparente, que se revela em imagens consistentes e nítidas traduzidas em sentidos diretos (consciência) e uma intimidade profunda, que se conserva obscura (inconsciente), que guarda a parte incompreendida de nossa natureza.

Mas o nosso inconsciente também utiliza uma linguagem, que embora seja codificada, é revelada, muitas vezes, pelos sentimentos, que se manifestam em sensações, estranhamentos, atrações e repulsas, nos dando referências para aquilo que não compreendemos de imediato.

E é neste instante que emergem os sonhos. Seja como uma expansão direta da consciência, na qual nos deparamos com pessoas, lugares e situações reais,ou como, uma desfragmentação do inconsciente que transforma nossas experiências em símbolos, uma forma da nossa mente organizar o momento pelo qual passamos.

"Sonhei com uma cobra em minha cama, sendo que tudo estava cercado por uma água turva." Pode parecer uma imagem sem sentido, se for lida de forma literal. No entanto, experimentemos abster dos julgamentos e substituir palavras por outros sentidos similares:

Cobra - Ameaça, Perigo, Veneno, ...
Cama - Intimidade, interior, privacidade,...
Água - Vida, Emoção (lágrima), ...
Turvo - Opaco, oculto,...

Junte novamente as palavras: "Sonhei que algo ameaça (cobra) a minha intimidade (cama), mas não consigo definir (turvo) emocionalmente (água). Agora, há um sentido que caberá ser analisado com o momento pelo qual se vive.

Não atribuam a este exercício, qualquer definição profética ou mística, mas como um instrumento de auto-conhecimento. Não descartemos as peças do nosso quebra-cabeça interior. Uma peça sozinha pode não ter um sentido aparente, mas as encaixe com outras e uma imagem importante pode ser revelada.

A loucura é apenas a incompreensão de uma realidade que não alcançamos, aprisionados ao momento e as convenções. Se a origem dos sonhos está diretamente ligada ao pensamento e nosso pensamento define o mundo o qual vivemos, também somos e vivemos o que sonhamos!

Se minha rua falasse...



Narraria todos os meus passos observados por suas largas copas:

- " O menino que corria, o homem que se tornou...
As aventuras nos antigos mausoléus "assombrados" que o tempo destruiria
Escombros de lembranças sob os quais se ergueria imenso prédio
Piqueniques nos canteiros dos edifícios imaginando grandes jardins
Crianças que se reuniam planejando sonhos diariamente
E Decoravam suas calçadas para grandes ocasiões
Até se tornarem adultos que dispersariam além da esquina do mundo
A descoberta do primeiro beijo, envergonhado, entre promessas pueris
Uma liberdade de ir e vir sem medo, perdida com os anos, pelas grades de um lar "seguro".
Alguns partiram, outros chegaram, alguns dividiram, outros multiplicaram
Os silêncios deslumbrados pela janela
Algumas lágrimas escorridas, alguns sorrisos despreocupados
As noites em claro, os dias corridos e decorridos"

Minha rua assim pensaria...entre folhas caídas, carros que passaram, pedestres que transitaram
E ela ali parada, porém em movimento como um casulo em transformação

Por muitas ruas passamos, em algumas nos fixamos, mas não moramos numa rua, a rua é que mora em nós.

Máscaras



Máscaras ocultam a personalidade, revelando uma fantasia ou um alter-ego. Protegendo o lado humano e ofertando o impossível alem do bem ou do mal, do natural ou sobrenatural.

Bandidos velam a face para cometerem crimes, exteriorizarem seus piores instintos e assim, isentarem-se de qualquer responsabilidade.

Heróis, em contrapartida, se fantasiam encontrando a coragem que uma pessoa comum não teria diante das dificuldades. Além de resguardarem aqueles que amam da consequência do que representam.

Atores usam diversos figurinos, assumindo múltiplas personalidades, preservando por trás dos mesmos, sua própria individualidade.

Sacerdotes usam adornos, silenciando a matéria para a manifestação da divindade. Revestem-se com a invisibilidade sagrada, anulando a profanidade das questões terrenas aparentes.

E as máscaras sociais?

Muitos se disfarçam através de refutações, teorias e posturas.
Negam e rejeitam o que gostariam para defender o ideal frustrado ou aceitam e recebem incondicionalmente o que não gostariam para não se sentirem excluídos e isolados.

Alguns abraçam responsabilidades maiores do que podem para não reconhecer uma possível fraqueza. Outros não podem parar um instante para não entrar em contato com o vazio interior velado.

Muitos assumem papéis em cada situação e se esquecem de seus sonhos e objetivos, renegando aquilo que sentem e pensam.

Há quem diante de tanto tempo utilizando uma mascara, não se reconheça sem ela. Acreditando serem o personagem que criaram algum dia.

Mas sempre chega o momento que as luzes do palco apagam, as cortinas fecham e precisamos nos despir e encarar a nossa nudez.

Deixemos as máscaras repousadas e assumamos a vida de riscos da exposição de nossas verdades, promovendo mudanças sem disfarçá-las e aceitando enfim as infinitas possibilidades de sermos simplesmente aquilo que decidimos ser.

Nova Era



Uma nova ordem mundial se anuncia. Paralelamente às transformações naturais que o mundo sofre, as estruturas e ideologias planetárias se modificam. A renovação do indivíduo começa a ocorrer possibilitando as novas configurações necessárias ao período que se aproxima.

Novas Consciências se comprometem a despertar a humanidade. A natureza de sua missão poderá ser apreendida através do desenvolvimento tecnológico que modifica aspectos básicos da rotina e ações exemplares de solidariedade e incentivo social.

Algumas mentes obliteradas em reter os avanços, desperdiçam esta oportunidade nos testemunhos surpreendentes de psicopatia ou da corrupção que desestrutura a confiança nos setores nobres do serviço.

Como todo fim de um ciclo, a humanidade reassume algumas características da sua origem. Um simples modelo instrutivo é a infância (início) e a velhice(fim), fases distintas de um desenvolvimento, que se assemelham.

É assim, que o mundo lentamente desfaz o patriarcado secular e elege o matriarcado como instrumento de poder, rememorando a sua origem civilizatória. Da mesma forma, a moral inflexível, após transfigurar-se em libertinagem irrestrita, assume uma nova postura: uma liberdade moralizada. Eis o direcionamento de uma lei natural do universo: o Equilíbrio.

Em tempos onde "catástrofes" eclodem em diversos recônditos, a fé será valioso instrumento, pois será o único caminho permanente diante da transitoriedade da matéria. O homem se defronta com o seu estado essencial: a única coisa que lhe pertence é o próprio espírito ou o direito inalienável de "SER".

O anseio diante das bruscas transformações, inverterá os paradigmas mundanos, incentivando a interiorização dos homens, o inquérito íntimo e conseqüentemente , sua espiritualização. A intuição/inspiração, a partir deste ponto, torna-se um processo espontâneo e habitual.

Toda reforma de um espaço parte de um principio definido: a destruição.

Os grandes impérios, responsáveis pelo estandarte do planeta, entram em declínio, convidando os sistemas econômicos e filosóficos, a revisarem seus valores. O capitalismo, que por tanto tempo justificou os interesses imediatistas, dará lugar a um sistema novo onde o homem será valorizado pelo seu esforço individual, sem regalias de hierarquia ou posição assumida.

Interesses estrangeiros movimentam oposições internas em países arraigados em estruturas rígidas e inflexíveis. Embora as motivações, não objetivem o progresso, os conflitos agitam reflexões populares que juntamente com inserções ideológicas exteriores, promovem o crescimento cultural.

O convívio entre as diferenças/opostos revelará a necessidade complementar de suas características. Assim, a Medicina ao atribuir a "mente" como arma catalisadora dos processos degenerativos do organismo humano, insere o fator "invisível" no campo científico. Em contrapartida, as análises detalhadas computadorizadas derrubam, traduzem e comprovam os mitos sustentados pelas religiões, até então como dogmas inquestionáveis.

A elevada concentração demográfica aproxima as diversidades e a integração faculta a superação dos pré-julgamentos, trazendo a tona a realidade máxima: Acima de qualquer gênero, classe ou raça, vive a Individualidade com todo seu potencial.

Esta concepção ecoará através de diversos meios e instrumentos, sem privilégios ou sectarismos, apontando os caminhos da Nova Era, cuja observação já é possível na Atualidade.

"Olhos de ver e Ouvidos de ouvir". Unam as mãos, descerrem os corações e despertem para o processo que está ocorrendo. A nova palavra de ordem é: AMOR.

O mirante



"Sentado em um mirante rochoso,
Ondas quebravam na encosta, como os pensamentos que iam e vinham
O olhar fixado na linha do horizonte, tentando transpor o limite entre o céu e o mar
Em uma vã tentativa de enxergar o outro lado, buscando respostas para íntimas questões
O vento uivava, interrompendo o momentâneo silêncio
E um tímido raio de sol superava a resistência das nuvens, apontando o caminho
Apesar dos movimentos exteriores, o tempo parecia imóvel
Dúvidas e incertezas eram diluidas e renovadas como a areia em contato com a água
E em um mesmo instante, embora tudo permanecesse no mesmo lugar, nada era como antes, nem ele próprio
A paz que ali foi buscar, agora estava viva e emoldurada dentro de si
Assim, se levantou e partiu, a noite que se esboçava, se despedia de um novo homem"

Pequenas Corrupções



Comumente ouvimos um clamor, justo e popular sobre a "corrupção do país", no entanto, observo que poucos são capazes de atentar para 
as pequenas corrupções que comete.

Muitos falam em direitos, poucos se comprometem com os deveres.
Muitos cobram posturas, mas são incapazes de se responsabilizar pelos próprios atos.
Muitos pedem mudança do mundo, argumentando com orgulho que precisam ser aceitos do jeito que são.
Muitos reclamam dos impostos e assaltos sofridos diariamente, sem ponderar que são ávidos por vantagens fáceis.
Muitos clamam por igualdade e respeito, pregando diferenças e cotas em uma luta separatista.
Muitos exigem estruturas eficientes, sendo um funcionário com má vontade e pouca dedicação ao trabalho.
Muitos se julgam explorados, mas na primeira oportunidade assumem o papel de exploradores.
Muitas queixas são levantadas sobre as inundações durante as chuvas, mas a luz do sol, o lixo é jogado na calçada.
Muitos rogam justiça e compreensão, apontando e condenando tudo e todos.
Muitos lastimam a violência, mas se eximem da educação e gentileza.
Muitos bradam a desassistência, mas são incapazes de um gesto de altruísmo.

Efetivamente, a assepsia moral começa com a mudança de valores pessoais. O sábio dito popular assevera: "Cada país tem o governo que merece". Que nos esforcemos por um governo melhor.

Um dia de solidão



Um dia de solidão seria capaz de transformar o olhar de quem atento estivesse. Inicialmente acometidos pela cegueira e surdez da alma, seria doloroso perceber a escuridão e o silencio do mundo. Até que a luz e o som da percepção nascessem e os sentimentos se elevassem à pele para registrar os estímulos do entorno. 

Neste dia, surpreendentemente, reconheceriam cada detalhe do universo, que somos convidados a estar. O abraço quente dos primeiros raios da manhã, a caricia dos ventos, as lágrimas compassivas e misericordiosas do banhar da chuva sobre o coração, a alegria expressa no sorriso das crianças, os desenhos grafados em conjuntos de constelações, a ternura melodiosa nos cantos dos pássaros e o brilho do olhar no luar que rompe as sombras da noite.

Porque solidão é vinculada a tanto sofrimento? Uma emoção que julga distante, o que mais próximo de cada um está? Uma busca fora de si de tudo aquilo que está guardado dentro, ignorando a palavra intima que fala?

As relações refletem a essência e apenas por ela se dão. A dor apenas funciona como o parto do despertamento, apontando o amor que adormece no útero do pensamento.

Uma abertura para este momento, revelaria um novo mundo: todos passariam a ser importantes, não mais apenas os restritos redutos da convivência. Cada personagem que passasse no palco da vida, deixaria com sua presença uma impressão não mais esquecida no tempo e reinaria a felicidade desta comunhão “desconhecida”.

Ninguém estaria mais só, mas cercado pela família universal. Não ouviria mais o eco do vazio, pois escutaria a palavra divina tocar o instrumento do corpo, como o som da maestria de um musicista sobre seu violino. Subitamente a claridade voltaria e uma infinidade de cores seriam percebidas, não mais limitadas nas extremidades, mas em todas as matizes que fazem esta suave transição, tal como o arco-íres.

Aqueles que caminham sozinhos, aproveitem esta oportunidade para transformar, tendo confiança que nenhum caminho tem outra finalidade senão a educação, pois apenas pela compreensão, reconhecemos a liberdade e o amor. Nada que seja sagrado pode ser definido pela negação. Os únicos obstáculos e restrições da estrada são: a própria consciência nos círculos repetitivos que criamos em nossas existências.

Depreender, depurar e aprender, enquanto imerso neste instrumento chamado corpo. Um mergulho nos mistérios da vida, durante este sonho da alma, que chamamos existência. Quando o espírito partir, apenas portamos os frutos colhidos durante este período vivido.

Escute a intuição e o que cada um que cruzar o caminho tem a dizer, preferindo o silencio da boca e a utilização do ouvido.

Que a paciência possa ser o caminho da paz. A felicidade atingida pela habilidade da fé e que a caridade exercite o carisma!

Ainda assim, quando nenhuma palavra os confortarem, procurem lembrar da sombra que os acompanha o tempo todo e que na correria dos seus passos, sem olhar para o chão, dela se esquecem.

Homenagem às mães



Mãe,
Nasci por você e até o ultimo dia da minha vida, morreria por você. O seu beijo é o primeiro raio de sol a me despertar e o último feixe de um luar a me adormecer. Sua presença em minha vida define as estações de quem eu fui, de quem eu sou e de quem ainda serei.
Meu primeiro choro foi a partida de seu ventre. Meu primeiro sorriso foi ser recebido em seus braços. A primeira palavra que aprendi foi amor e com este amor me apresentou o mundo. Aprendi a falar para pronunciar: mãe! Meus primeiros passos foram em sua direção e por mais que a vida dê voltas, sempre torno ao seu encontro.
Com você aprendi que amor também é sinônimo de renúncia. Renunciou seu tempo para me dar atenção e carinho, abdicou com trabalho para nada me faltar. Sorriu quando queria chorar, me demonstrando força diante das dificuldades. Disse ter, quando carecia, apenas para que jamais abandonasse meus sonhos, muitas vezes utópicos. Tantas vezes esqueceu de você mesma para lembrar de mim.
A criança se transformou em homem, mas diante da dor e da dúvida, como um menino, torno ao seu colo em busca de conselhos. Sempre pareceu saber tudo, mas provavelmente porque você é a referência de tudo para mim.
Se algum dia, cometi a injúria de reclamar sobre sua árdua tarefa materna, acredite foi por medo de sua ausência ou pela minha incapacidade de fazer o impossível pela sua eternidade ao meu lado e sua felicidade constante.
Gostaria de lhe presentear, mas que presente é maior do que uma vida? O que escolher, quando eu fui escolhido por você? Tudo faço, porque você fez tudo por mim! Tudo tenho, porque você deu tudo para mim. Minha vida é reflexo da sua.
Enfim, sou a semente de um amor jurado no altar. Sou o eco de sua voz que hoje repete para você, mãe: “Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte nos separe (temporariamente).”

Arte da superação



As dificuldades são as verdadeiras oportunidades de exercitar tudo aquilo que temos aprendido. Podemos ser vítimas, nos anular em lamúrias, sem aprender o valor de cada momento ou assumir a luta e como autor, ser responsável pela própria história. Muitas vezes, queremos o fogo, mas nos lastimamos por só ter galhos e pedras. Tudo é possível com uma faísca de vontade.

Reminescências



Manifestamos nossas lembranças em cada gesto
Trazendo a tona personalidades perdidas no tempo
O que sou hoje é um retalho dos muitos que ontem vivi
E precisei esquecer para recomeçar
Um novo corpo com antigos pensamentos
Um novo ideal em um velho espirito

O personagem vive até que as cortinas cerrem tal espetáculo, as luzes se apaguem, os aplausos se silenciem e o figurino fique caído no chão,
Libertando o ator para novas e infinitas oportunidades de atuação no palco da eternidade

Sincronicidade



Em um mesmo bairro, porém em lugares diferentes...

10:00 - Carlos disca o número errado. Marina atende. Sendo engano, ambos desligam o telefone. Eles não se conhecem.

11:00 - Marina decide passar numa feira, atividade que nunca realiza. Carlos é chamado as pressas para uma reunião no trabalho.

12:00 - Marina, enquanto caminha, recebe uma ligação no celular de uma grande amiga, que não via há tempos. Carlos dirige rumo a empresa, quando o telefone toca, trazendo um problema em seu banco, que o desconserta. Ambos estão distraídos.

12:30 - Sem observar o semáforo fechado, Carlos avança. Marina é atropelada por ele.

13:00 - Carlos conduz Marina ao hospital. Ele abalado emocionalmente pelo acidente provocado. Ela atordoada fisicamente pelo trauma sofrido.

14:00 - Marina faz uma série de exames, que atestam não ter sofrido nada grave. Carlos aguarda ansioso por uma posição dos médicos.

14:30 - Marina e Carlos, mais calmos, se reencontram. Ela agradece e ele se desculpa. Se abraçam constrangidos, enquanto se despedem.

Um ano depois, se casariam...

Caminhada Noturna



Transitava pela noite. As ruas estavam silenciosas, umedecidas da garoa que houvera caído poucos momentos antes.
Poucos pedestres eram avistados, mas quando algum solitário passava, motivava reflexões do porquê de ali estarem.
Olhos evitavam encontros, esgueirando-se pelas sombras, quase assustados, em um ritmo acelerado.
Na escuridão nos encontramos com nós mesmos, defrontamos com nossos medos, acendendo a luz da inspiração interior.
Nos tornamos observadores do entorno em um instinto de proteção, como um casulo, que nos resguarda até que as asas de um novo dia possam ser abertas. Sonhamos no entardecer, realizamos a cada nova manhã.
E nessas reflexões tardias, o destino se aproxima. A lua, agora, fica do lado externo, como o olhar de uma guardiã na fechadura do céu.
Tranco a porta, fecho os olhos até um espreguiçar solar....

Reticências



Quando o silêncio fala
A voz se cala
Em um sentimento que enternece
Através das teias que tece
Com as Linhas invisíveis do destino 
Trilhas do Tino em reticência...

Vento dos Versos



"Os ventos são as palavras da natureza e os versos, a natureza das palavras" 

Diretrizes



Dirigir é discernir no agir
Condução sem iniciativa é ação perdida
Assim, corrige sem rigidez
Transforma com afeto, mas forma sem afetação
Coordenar é ordenar em cooperação
Colabora, mas elabora e ora
Embarca com a tripulação, sem embargos das tribulações
Arca com as responsabilidades, ciente das limitações das próprias habilidades
Quem delega, deixa um legado

Filosofia das Partes



Refletindo sobre os mistérios do dia e da noite: Sorrimos com a chegada de pessoas que como o sol se erguem por trás das montanhas e choramos com a ausência que como a lua, muitas vezes é misteriosa. O dia revela, mas a noite mantém encoberta. O amanhecer afasta as sombras, mas no anoitecer, a escuridão traz dúvidas e incertezas. O dia apresenta o espirito, a noite oculta os corpos.

Talvez por isso, o dia pareça sempre um começo, repleto de esperança. Mas a noite é sempre o fim, uma apreensão e ansiedade para o próximo dia que não saberemos o que esperar. Vivemos e morremos diariamente. Ganhando um novo dia e perdendo o que passou. Ganhando um futuro, perdendo um passado. E o presente ali no meio, inteiro, o todo, o interlúdio do eu, que é o exato instante entre o dia e a noite. Momento que a lua e o sol aparecem juntos no céu.

Viver é a arte de se equilibrar entre as dualidades, construindo pontes entre as extremidades, para dar continuidade ao caminho interrompido temporariamente por um rio chamado Decisão. Prosseguir é pró(além ou mais) + seguir, ou seja, seguir adiante, além dos horizontes...Até que a metade do que somos encontre o preenchimento das lacunas perdidas no tempo e passe a ser inteira em si mesma...Neste instante, o amor que se dividia em dois corpos, passa a ser inteiro em apenas um...E enfim a doação se torna universal... ou uno verso de amar...Sem mais separações, divisões ou perdas...

Consciência



"Que minha vontade determine meu presente
Mas não crie expectativas sobre meu futuro

Que eu lembre sempre a benção de estar em um corpo
Mas não permita que eu o confunda com quem sou

Que minha alegria não ofusque meus dias de dores
Mas que diante da tristeza, tenha certeza que esta também passará

Que agradeça diariamente as oportunidades recebidas
Mas ciente que dificuldades fazem parte das mesmas

Que eu lute contra as minhas imperfeições
Mas sem esquecer as qualidades já conquistadas

Que eu tenha a paciência de esperar sempre
Mas que não seja pela motivação do ócio e apatia

Que o amor vigore em minhas ações,
Mas sem cobranças infundadas

Que a humildade norteie meus passos
Mas sem servir de máscara para meu orgulho

Que eu enfrente os desafios com aceitação
Mas sem a vitimação infértil que me isenta da responsabilidade

Que eu conheça o meu real tamanho no universo
Mas sem ignorar ser uma criação única de Deus"

Diálogo com as sombras



"Se em algum recanto canta alguém...
...Encanta quem nenhum canto tem
Em que cantiga, senão antiga vive sem?
Diga que de fadiga, mora o desdém
Cantarola a linha que desenrola a vinha
Hora que outrora tinha, vigora a demora minha"

Tudo ou Nada



"Um pouco de nada é nada
Partes do todo, ainda constituem o todo
O todo não cabe no nada
Porque um todo que virasse nada, nunca foi todo"

Sobre a vida e a morte



Vivemos e morremos diariamente. Alimentamos a vida, construindo o que somos e fugimos da morte, atribuindo a ela, um sentimento de vazio ou destruição, quando poderíamos ver na mesma, uma possibilidade de transformação. Pois a
presença vive na lembrança, só existe ausência no esquecimento. 
Ver a vida como uma viagem...com algumas paradas...turbilhão de pessoas "desconhecidas" que se encontravam temporariamente e se tornam "conhecidos". Embarques conjuntos nos quais partilhamos experiências adquiridas, mas sabendo que em determinado ponto, alguns desembarcarão, outros novos chegarão e ainda haverá quem vá conosco até o nosso ponto destino. A vida é este movimento onde tudo é partilhado.... E nessa correnteza que é o fluxo da vida... encontramos na morte não o fim, mas a transformação.
A cor preta é tão vinculada ao que é fúnebre e escuridão, ao luto do Ocidente. Mas certa vez uma amiga taoísta, me revelou que no Oriente, o preto representa a mudança de um ciclo. Sempre quando me via de preto perguntava: O que está mudando? E eu brincando respondia: Sou uma metamorfose ambulante (andava muito de preto na época). 
Mas hoje pensando um pouco mais a esse respeito..lembrei do universo cujo fundo é negro e vi então que se pensarmos neste, tudo está sendo criado e renovado, transformando-se.. Nada é perdido.... Acho mesmo que a morte muitas vezes se revela mais na vida do que na partida propriamente. Morremos todas as vezes que
desacreditamos em nós, que abandonamos nossos sonhos, que silenciamos
o sentir em detrimento do que julgamos "pensar", todas as vezes que na
tentativa de controlar a vida , a seguramos com toda força e temos a
triste constatação de que como água.. ela escapa de nossas mãos.
Sócrates alegaria que " se é preciso estar vivo para morrer, é preciso estar morto para viver" e o Pequeno Príncipe complementaria: " Não venha ver minha partida, o meu corpo cairá com uma casca de arvore seca, mas a casca de árvore seca não é
triste. Lhe deixo uma peça, como não saberá em qual estrela estarei,
todas as estrelas lhe sorrirão"
è assim que percebemos que as separações são uma ilusão. Aquilo que
mais buscamos separar são complementares. Estamos na terra, para
criarmos pontes entre os extremos e não para separá-los. Uma vez que
mesmo sem vermos a ponte, as margens se ligam pelo mesmo rio. Como
posso acreditar que eu terei fim? Se nem as poesias terminam com
aspas! Muitos alegarão: claro que terminam! Mas perceberão que a mesma
poesia lida e relida nunca será a mesma. E muitas vezes sem vê-la,
refletirá sobre ela e ela existirá para você de uma forma diferente da 
que estava acostumado quando com o livro na mão.
O corpo definitivamente é a carruagem conduzida pelo cocheiro da
razão, cujas rédeas pensamentos em suas escolhas direcionam
os caminhos. O fato de descer da carruagem, ainda nos mantem livres em
nós mesmos. Não encerremos nossas possibilidades nos limites da
matéria. Enquanto pudermos amar, viveremos em processo de criação e expansão! E
quem cria, vive duas vezes! O ar está repleto de vida: oxigênio,
moléculas, bactérias e o fato de não vê-lo, não anula sua existência.
E se falamos de vida e morte, inevitavelmente nos perguntamos: O que é Deus? Despindo a forma da palavra que tanto poderia ser visto como caminho universal no
Oriente ou este Pai-Mãe Ocidental. 
Numa metáfora imperfeita, poderíamos tentar pensar em Deus como um corpo universal do qual nós, células vivas e invidualizadas,
nos aproximando uns dos outros, geramos os órgãos que com
características particulares funcionam em conjunto com toda a
diversidade de outros órgãos para a sustentação da vida. Só posso
falar de Deus pelo lado de dentro.. porque como célula não tenho visão
suficiente... para romper os limites da parede do corpo e ver a
amplitude do que está além dele. Retomando a imagem do universo..Poderíamos pensar no UNO VERSO... No qual toda poesia se encontra.
Mas se isso parecer complexo, olharei para a vida e me atentarei a tudo que for criado, aceitando a criação como manifestação de um grande amor e por si só, assim, Deus, também seria traduzido simplesmente por AMOR. Mas se ainda assim, preferir olhar a morte, que não veja nela o fim de uma sentença, mas a transformação que renova, como uma grande construção, na qual destruímos as paredes, para criar uma nova forma de viver.

Sem amor



A educação sem amor prepara mentes, mas com amor instrui o coração
A família sem amor é laço de sangue, mas com amor o lar da alma
Um relacionamento sem amor é instinto, mas com amor é cumplicidade
A verdade sem amor é lógica, mas com amor é espontânea
A natureza sem amor é sustento, mas com amor é contemplação
A intenção sem amor é interesse, mas com amor é inspiração
A arte sem amor é exposição, mas com amor é sonho
Sorriso sem amor são contrações, mas com amor é recepção
Os olhos sem amor são perdas, mas com amor são encontros
Paixão sem amor é ardor, mas com amor é desejo
Doação sem amor é satisfação, mas com amor é desapego
A morte sem amor é fim, mas com amor é inicio
Andar sem amor é vagar, mas com amor, uma jornada
Lembrança sem amor é revisão, mas com amor é esperança
Fé sem amor é recompensa, mas com amor é sublimação

A vida sem amor é apenas parte do que poderia ser com ele...

Só-neto



"A solidão é o canto ardiloso do oco das almas
Que clamam a chama dos olhares cruzados
Do ardor no amor entre corpos laçados
Na alegria faceira das mãos encontradas
Na sangria passageira dos sonhos largados
Alagados nas ilhas do sentimento

A solidão é o eco das vozes aprisionadas
A espera indeterminada, minada por um coração parado
Atado na própria ação
Entrega os rios da vida no silêncio do doar
Na falta de ar dos brios
Embriagado pelas sombras criadas

A solidão é o desencanto do pensamento
A incerteza de um momento 
de SÓ LIDar com o nÃO
Mas finda quando há solidariedade
Habilidade de só dar e ser capaz
De encontrar em si, a paz"