terça-feira, 7 de outubro de 2014

Modernidade à Deriva



Envoltos em um maremoto de informações. As percepções afogadas em ondas, que levam sentimentos e pensamentos para praias distantes. O espírito sufocado em um corpo anestesiado.

Músicas altas abafam os ouvidos e silenciam a voz do mundo. Olhares vidrados em telas imóveis, cegam a sensibilidade no entorno. Uma conectividade que oblitera a capacidade de empatia com as outras pessoas.

Nesse isolamento do mundo intimo, nos angustiamos pelo passado, de hipóteses que transcorreram sem vermos. Desenvolvemos ansiedades de um futuro, repleto de expectativas e urgências. E nos ausentamos do presente, no qual deveríamos estar.

A sensação de tempo se modifica em rápidos fragmentos. Adormecidos em nossas rotinas, somos despertados por bruscas mudanças e constatamos que não observamos o processo que levou a elas. Nenhuma ação parece suficiente, nestas milhares de janelas e mensagens que se abrem, sem mostrar um caminho. E por trás de milhares de seguidores, ainda vive o velho vazio, ignorado e em busca incessante.

Nesta jornada (COM)viver da lugar a (SOBRE)viver. Mesmo as companhias partilham a solidão, Embora  juntos fisicamente, permanecem distanciados pela razão. Embriagados de paisagens, cenários e fantasias, que tentam recriar, o paraíso interior perdido.


O medo de se aventurar em alto mar, vencendo os ventos acelerados de cada dia, mantém a humanidade enraizada em suas ilhas privadas "online". Como náufragos modernos, que lançam seus apelos "engarrafados", esperando serem encontrados.