sábado, 22 de agosto de 2015

O Retrato de um beijo


Então seus olhos estranhos se reconheceram
Toda a certeza se confundiu e ruborizaram
A pele se arrepiou com um estranho frio no peito

E suas mãos se tocaram em pequenos choques elétricos
Magneticamente seus rostos se atraíram
Uma face deslizou lateralmente pela outra
Os olhos se fecharam, anulando todo excesso
Só havia os dois em um mundo sensorial a ser descoberto
Ainda que o contato fosse físico, a ânsia de se pertencerem era espiritual
Como se pudessem devorar um ao outro, trazendo o outro para dentro de si mesmo
E suas bocas se buscavam
A respiração ofegante de quem anseia
As línguas que valsejam e se enlaçam
Como se desejassem amarrar suas almas
O coração disparado e em alerta
Preparado para ser surpreendido e surpreender
Como um jogo de ação e reação
Os poros dilatados e a sensibilidade desperta
O tempo ao redor, agora, imóvel
O espaço, uma tela em branco
Sendo desenhada a cada novo gesto 
E naquele beijo, um velado acordo de esperança
Na qual assinaram com o próprio corpo