domingo, 30 de julho de 2017

Escrever


Escrever é uma auto-terapia. Você expõe o seu caos interior e o organiza do lado de fora, como um espelho da mente. As palavras podem ser retratos, conselhos, desabafos e declarações. Elas são divã e terapeuta, aquilo que escreve, também lê. Você fala, mas também escuta. É seu, mas também é do mundo.
E eis a maior dificuldade: ela despirá as suas fantasias. Ali você estará inteiro e nu. Ainda que tente esconder e fantasiar, a escrita é reveladora. Porque precisa ser assim! Cada linha amarra as pontas soltas, emenda, costura e refaz a nova roupa que irá vestir.
Ela não aceitará entregas pela metade, porque ela não é metade, ela é a síntese do inteiro que habita em você. É o resultado de suas experiências, observações e toda imaginação que fervilha nos escaninhos da sua alma. A escrita é como o perfume, o aroma que guarda em si memórias e significados que vão além dos sentidos.
Sim, é preciso sentir. Senão será qualquer texto acadêmico ou formal. Antes de tocar, é preciso se deixar tocar. Antes de liberar é preciso se permitir. Mais do que isso, é preciso vencer regras e estereótipos. Escrever não aceita fórmulas, porque ela é a rebeldia da razão, ainda que se confunda com a razão. Ela é um transbordar da intensidade, que não cabe neste pequeno vaso que chamamos de corpo.
A escrita torcerá suas intenções até a última gota e não pode direcioná-la, antes, ela direcionará você. Você começará escrevendo palavras e quando perceber, as palavras estarão escrevendo você!

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