domingo, 20 de novembro de 2016
Desalinho
Não serei futuro, nem fui passado
Sou presente como uma chama
Que queima e se apaga em um mesmo momento
Tornando às cinzas que qualquer vento leva
Não sou lembrança, nem sonho
Sou a realidade de um instante
Que dura um piscar de olhos
Existo entre intervalos
Não sou sombra, nem realidade
Sou abstração que não segue regras
Modifico o sentido
Mesmo sem fazer sentido
Não sou corpo, nem alma
Sou uma mente
Que mente acreditando ser corpo
E um corpo que desmente ao mostrar que existo como alma
Não sou riso, nem lágrimas
Ainda que por dentro chore quando sorrio
E muitas vezes, ria de coisas pelas quais chorei
Não sou definido, ainda que tenha limitações
Meus limites se redefinem
Sem encontrar um limite
Não sou constante, nem impermanente
Mas permaneço constante
Em minha impermanência
Não sou fim, nem início
Pois sempre recomeço, quando tudo termina
E termino o que comecei