quinta-feira, 24 de novembro de 2016
Um diálogo de estilo
Florbela Espanca desabafa:
Sou errante no mundo
Esperando ancorar
Em um amor profundo...
Caros poetas, o que podem me falar?
Augusto dos Anjos retruca:
Ah! Vocifera a verborragia que chama de amor
Enquanto sonha, a vida não se apieda
E escarra sua dor
Desperta mulher, melhor tempo dedicaria como asceta
Fernando Pessoa tenta contemporizar:
Calma! Que segredos trazem convosco?
Mas convosco não permitais segredar?
Nele sangram lágrimas que esgrimam
Nela choram rimas que não pode suportar
Carlos Drummond timidamente brinca:
Enquanto Espanca busca seus Anjos
Augusto se defende com uma Flor
Em cada Fernando, há muitas pessoas
E em cada Pessoa, pelo menos um Carlos há
Florbela Espanca murmura encantada:
Felizmente, havia um Drummond no meio do caminho...
E ele, assim, "coralinamente", corou...
Os outros, neste momento, não mais prestavam atenção