sexta-feira, 17 de novembro de 2017

A depressão


Dentro de depressão, há a palavra "Pressão". Vou além, a "depressão de um terreno" pode ser literalmente um abismo. Muitas vezes, a resposta que buscamos, está naquilo que
não perguntamos. Obcecados em uma solução enquadrada naquilo que já esperamos, ainda que as melhores soluções sejam inesperadas. Mas buscar o sentido das palavras, nos ajuda a entender o significado do que sentimos.
Pressão também faz parte da Opressão e neste estado, nos rebelamos contra o que estamos sendo até então. É como uma doença autoimune, que o corpo estranha o próprio corpo. Comumente, tentamos justificar no que vemos fora de nós, mas aquilo que vemos é reflexo da autoimagem que estamos tendo. E se dentro não está bom, fora também não está.
Depressão não é apenas estado de espirito, também é físico como o terreno. Nosso cérebro é associativo e uma ideia repetida inúmeras vezes, cria uma teia de raízes internas, que passa a agir quimicamente como uma dependência emocional. E nisso, sofremos. O sofrimento é um alerta que nos diz que saímos da estrada. Um termômetro interior que mede a saúde do espírito.
O espírito também adoece e não raro, a doença no corpo é uma autorreflexão interior.
A depressão é um casulo escuro e apertado, mas há luz exterior. Aliás há mais do que luz, há a possibilidade de novos vôos, desde que descubra que essa prisão também está modelando suas asas e com um pouco de esforço poderá descobrir um novo sentido de liberdade.
Uma liberdade que não se importa tanto com a condição do momento, mas especialmente, respeita à própria natureza. Respeita o talento possível, as limitações, as conquistas e mesmo as derrotas.
Porque tudo é crescimento e crescemos até parado, porque mais uma vez, a vida continua acontecendo, mesmo estando no mesmo lugar.
Dói e dará a impressão de estarmos sozinhos, porque ninguém poderá passar este processo por nós. Este convite é pessoal e intransferível. Aceitá-lo é o começo da cura.
Aceitar que o problema é sempre uma oportunidade que nos desafia a desfiar os nossos nós para novas costuras. É uma reciclagem dos velhos hábitos e das nossas expectativas sobre viver.
Podemos olhar para o abismo e não ver o fundo ou escolhermos escalar e percebermos que o céu está logo acima.
Sei que muitos dirão que falta a vontade e que toda motivação é cansaço. Natural que o corpo reaja assim à uma luta constante e para isso há paliativos: medicamentos, terapias, etc... Tudo isso removerá os sintomas, devolvendo a força perdida, mas a causa passa pelo autoconhecimento. E se conhecer é o único tratamento definitivo.
Em um mundo acelerado e de aparências, andar devagar e enxergar o que não pode ser visto pode parecer um movimento na contramão. Não viver esperando o final feliz, mas entender que a felicidade não está no fim, mas no caminho. E esse é o único caminho para a realidade.

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