domingo, 14 de março de 2021

A droga da paixão



A paixão é uma droga. Calma, não digo que seja ruim, mas é química como uma. Não confundir com ter “química” com alguém. Essa química é hormonal e atua nas mesmas áreas do cérebro das drogas ilícitas.
Coração acelerado, euforia, delírios, respiração curta e tremor só de ver aquele sorriso e olhar?
Enquanto responsabiliza o coração, o cérebro produz uma alta dosagem de hormônios (desde a dopamina que produz alegria à endorfina que funciona como um anestésico). Quanto mais o tempo passa e mais você diz que está perdidamente apaixonado(a), mas o corpo se torna dependente dessa química e exige a manutenção dela. O vício está instaurado.
Isso explica a grande dificuldade dos términos (quando ainda há a paixão envolvida). Porque como droga, cortar repentinamente do organismo aquilo que ele vinha recebendo, pode gerar uma abstinência súbita, o que explica o sofrimento e a dificuldade de esquecer a relação.
Racionalmente, você sabe que acabou, mas o corpo continua dependente da química que recebeu, o que faz apropriada a expressão “dependente” emocional. O cérebro não satisfeito em ser traficante de nossas emoções, também é associativo. Então você tenta esquecer, mas cada vez que se depara com algo que foi rotina dos dois, automaticamente fará a correlação com a pessoa.
Assim como alguém que tinha o hábito de fumar após o café, terá muita dificuldade de parar de fumar, se não cortar o café também. Porque por associação, a conexão entre as duas coisas foi estabelecida.
Logo, como toda droga, se “curar” do vício exige persistência diária. Distanciamento de lugares ou eventos que correlacionem, também ajuda na recuperação. Buscar novos caminhos, novas experiências, gerando novas conexões, sentidos e significados. Aprender coisas novas se dedicando ao autoconhecimento até o “descondicionamento químico” que é facilmente percebido quando o outro já não tem mais influência sobre você.
Vale um alerta que tentar substituir uma paixão por outra pode equivaler a misturar duas drogas e o resultado: overdose.
Para quem está sofrendo da abstinência da paixão, os grupos de auto ajuda já ensinaram: “mais 24 horas”, um dia de cada vez. Mas para aqueles que estão mergulhando agora é bom conhecer esse grande mar chamado emoção. Aprender a nadar evita afogamentos.

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